APOCALIPSE E ARMAGEDOM

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Autoria do Prof. Pierre Santos

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E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra, e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue (São João, Apocalipse 6:12)

O exagero visionário do apóstolo João propiciou o entendimento equivocado de dois termos por ele empregados, transformando-os e lhes incrementando o sentido: apocalipse e armagedom. Já me referi à formação do primeiro e ao seu real sentido, que é revelação. Assim, se os Livros dos Evangelhos tivessem que ser titulados, o título que me parece mais correto para o livro de São João é Revelações de Jesus Cristo e se refere a tudo quanto o mestre pregou nos sermões que fez na Galiléia. Se alguém quisesse dar a esse livro o título de Apocalipse de Jesus Cristo, não estaria errado, mas tal título seria, no mínimo, estapafúrdio em nossa atualidade, dadas as conotações que o termo passou a ter.

Algo parecido aconteceu com a palavra armagedom, que ficou, erradamente, como nome da Batalha Final, de que se encontram referências nos textos antigos. Embora o apóstolo João tivesse sido o único a dedicar um livro inteiro ao tema do apocalipse, o último do Canon, os demais autores dos evangelhos – e São João também – registraram em seus escritos as previsões de Cristo declaradas no profético sermão feito no Monte das Oliveiras, quando somente João e Mateus estavam presentes. Assim escreveu Mateus sobre o sermão:

 “29. Logo depois da aflição (outro nome que o evangelista deu a tribulação) que naqueles dias haverá, o Sol ficará escuro, a Lua negra, as estrelas cairão do céu e as forças que suportam o universo serão sacudidas. 30. Por fim, aparecerá nos céus o sinal da minha vinda e haverá grande choro em toda a Terra. E as nações do mundo ver-me-ão chegar no meio de nuvens no céu, com poder e grande glória. 31. E enviarei os meus anjos com forte toque de clarim, que juntarão os meus escolhidos dos pontos mais distantes da Terra e do céu.” ((Evangelho segundo Mateus (24:29 a 31):

 Isto mostra que as revelações de Cristo incluíam previsões de acontecimentos futuros. Não obstante, nem Jesus, nem ninguém mencionou a palavra Armagedom, a não ser São João, segundo já foi citado no presente texto, dando ao termo o peso de um significado simbólico. As escrituras são claras e registram escritas antigas exaradas pelos profetas e retomadas posteriormente, segundo as quais, antes da Batalha Final, os exércitos convocados pelo falso profeta, o anticristo, a besta, cada um comandado por seu rei, deveriam reunir-se na Planície de Megiddo, abaixo de Har Megiddo, ou seja, abaixo da colina de Megiddo, porque Har significa colina (monte pequeno) e Megiddo significa local para reunião de multidões. Por conseguinte, Har Megiddo é um platô a noroeste da planície onde está localizado, em cima do qual foi construída uma cidade, destruída depois e novamente construída, isto vinte e cinco vezes ao longo da história, pois há ali, segundo mostraram as escavações realizadas no local, vestígios de vinte e cinco cidades. A colina de Megiddo é uma vasta extensão territorial existente ao norte de Jerusalém, dali distando cerca de 130 km, situando-se logo abaixo de Nazaré, lugar onde Jesus Nasceu, e muitos quilômetros acima de Tel Aviv, medindo 30 km de comprimento por 22 km de largura. Essa região, conhecida também pelos nomes de Vale de Jezreel em hebraico e Vale de Esdraelom em grego, foi palco em tempos antigos de muitos conflitos e dezenas de guerras. Importantes reis e generais, que deixaram seus nomes na história, ali guerrearam, sendo os mais importantes entre eles: Tutmosis em 1.500 aC, Ramsés e1,350 aC, Sargão em 722 aC. Senaqueribe em 710 aC, Nabucodonosor em 606 aC, Ptolomeu em 197 aC, Antíoco Epífanes em 168 aC, Pompeu em 63 aC, Tito em 70 dC, Cosroi da Pérsia em 614 dC e Omar em 637 dC.

Contudo, quem fez a tradução do texto antigo, incluído no Velho Testamento, não foi feliz quando traduziu Har Megiddo por Armagedom, criando a confusão, porque o texto ficou assim: “Os exércitos se reunirão na planície antes do Armagedom, a Batalha Final” e não assim: “os exércitos se reunirão antes na Planície de Armagedom, para a Batalha Final”. Em decorrência deste equívoco, a palavra Armagedom ficou sendo o nome da destruição da humanidade e do mundo, como resultado daquela extrema luta determinada pela vingança de Deus, por terem os reis se aliado com o falso profeta.

Assim, por causa das exageradas interpretações em cima do texto hiperbólico do apóstolo João, os vocábulos apocalipse e armagedom acabaram sendo sinônimos, passando ambos a sugerir a idéia de hecatombe geral e definitiva; mas o primeiro, conforme já se informou, significa, originalmente, apenas revelação, e o segundo é, simplesmente, o nome de uma vasta planície ao norte de Israel e de um platô onde se construíram cidades, o que já se explicou. Nas ruínas da última cidade, que ali houve, foram encontrados vestígios daquela que pode ter sido a primeira igreja construída no mundo. Só o resultado das escavações, que estão em processo, poderá dizer ao certo do que se trata.

Nota: Peter Brüeghel, O Triunfo da Morte, 1562, ost, 117 X 162 cm, Museu do Prado, Madri

2 comentaram em “APOCALIPSE E ARMAGEDOM

    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Não se esqueça de que ninguém pensa igual.
      E essa pluralidade é muito boa, pois significa que há liberdade democrática.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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