Eu simplesmente escrevo,
soltando as palavras ao léu,
como o garotinho na praça
solta as bolhinhas pro céu.
Ajuntam-se umas às outras,
conforme o vento ou emoção,
e, somente depois de unidas,
dou nome à minha criação.
Umas são bem campesinas,
buscam o cheiro acre da terra,
trepam nas árvores mais altas,
ou vão em busca das serras.
Outras, extremamente urbanas,
voam em direção aos outdoors,
caem nas costas dos passantes,
ou visitam edifícios ao redor.
As poéticas sempre me enleiam.
Saem em busca dos enamorados,
caem em meio a beijos ardentes,
ou entre abraços apertados.
As plebeias não fazem distinção.
Têm a beleza simples do corcel.
Caem no teto de um palácio ou
no boné do catador de papel.
Há as mal-humoradas e ácidas.
Eu as acolho como os filhos são.
Alçam voo e explodem de pirraça,
díspares como os dedos das mãos.
Algumas são lépidas e serelepes,
recheadas de sensualidade e calor,
já saem do canudinho acasaladas,
numa gostosa efusão de amor.
As eruditas são sempre um horror.
Julgam-se as boas damas da praça.
Coisa alguma tem pra elas valor, a
não ser o forte ego que as enlaça.
As iconoclastas esvoaçam em bando
na mais polvorosa e louca anarquia.
Deduzem que nada na vida tem dono.
Abaixo os ícones de cada dia!
Junto às palavras minha vida é igual
à do persistente garotinho da praça,
que sopra, assopra e torna a soprar,
querendo ver suas bolhinhas voar.
Nota: Imagem retirada de http://www.fotoshot.com.br
Lu, as tuas bolinhas trazem paz, harmonia e liberdade. Parabéns pelos teus poemas; tu brincas com as palavras. Adorei este poema, onde falas como uma menina que sopra num tubinho para que as bolinhas voem em liberdade.
Um grande abraço
Rui Sofia
Pedro
Ainda adoro soltar bolhinhas de sabão.
Moro perto de uma praça, e sempre que vou lá, solto as minhas bolinhas coloridas.
Fico feliz que tenha gostado.
Abraços,
Lu
Lu,
Sua poesia trouxe calma, conforme as pessoas já falaram, mas com ludicidade. Gostei da forma boa de dar paradeiro às bolinhas e contextualizar. Lembrei-me, então de uma música antiga, de 1963, de Orlan Divo, chamada BOLINHA DE SABÃO, cantada pelo Trio Ternura, cujos alguns versos são: “Sentado na calçada
De canudo e canequinha
Dumplec duplim
Eu vi um garotinho
Dumplec duplim
Fazendo uma bolinha
Dumplec duplim
Bolinha de sabão…”.
Pois é, parabéns a você pela bela concepção.
Abraço,
Alfredo Domingos.
Alf
Sou como você, gosto de brincar com as palavras.
Essa música é lindinha, mesmo.
Ainda brinco com bolinhas de sabão… risos.
Abraços,
Lu
Lu,
suas palavras são bolinhas de sabão que fazem seus leitores flutuarem no decorrer da leitura.
Às vezes belas, inesperadas, escorregadias, safadas e perfeitas.
Linda poesia.
Bjos
Pat
Já imaginou se a gente pudesse contabilizar todas as palavras que soltamos pela vida?
Dariam para encher o mundo de bolhinhas de sabão.
Obrigada pelas palavras generosas.
Beijos,
Lu
Que texto lindo!
Você é sensacional, senti uma paz ao finalizar este texto.
André
As palavras possuem essa magia.
Que bom que tenha gostado.
Beijos,
Lu
Que delicada essa poesia Lu, tive uma sensação de paz indescritível.
Um belo domingo pra ti!!
Ana Beatriz
Ana Beatriz
Que bom saber que você gostou, pois no Brasil são poucas as pessoas ligadas à poesia.
Volte sempre!
Um domingo delicioso para você também.
Beijos,
Lu
Gostei. As poéticas sempre me enleiam…
TT
TT
As palavras, na verdade, são as nossas tutoras.
Beijos,
Lu