BOMBA VIRÓTICA – ISOLAMENTO SOCIAL: RELAXAR OU NÃO

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Autoria de Tereza Cruvinel

A politização deste assunto joga a favor do vírus. Se não aprendermos com o que aconteceu em outros países, vamos repetir a tragédia da Itália. (Dimas Covas – Instituto Butantã)

Se aqui não comprometemos ainda 50% da capacidade hospitalar foi exatamente porque tomamos medidas preventivas. Não vou jogar fora todo o esforço que já fizemos. Quem quiser que produza o aumento de mortes. Aqui no Distrito Federal eu quero os meus vivos. (Ibaneis Rocha Barros Júnior)

Nós temos um problema na infraestrutura do sistema de saúde. Na maioria dos municípios, temos uma sobrecarga nas enfermarias e UTIs. A média histórica de ocupação dos leitos de UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 95%, e isso era antes do coronavírus. Agora, se nós temos esse cenário, como vamos afrouxar o isolamento social? Vamos evoluir rapidamente no contágio da Covid-19.  Os países que mantinham regras mais frouxas, como Japão e Suécia, estão radicalizando para conter a doença. Nós estamos indo na contramão. (epidemiologista Walter Ramalho)

É lamentável, é condenável, é perigosa a concessão de Mandetta a Bolsonaro no momento em que, segundo ele mesmo, podemos entrar na fase do momento da circulação descontrolada do vírus. (Tereza Cruvinel)

Com relação aos mais velhos, que cada família cuide dos seus idosos, não pode transferir isso para o Estado. (Jair Bolsonaro)

Na segunda-feira, dia em que o ministro Henrique Mandetta balançou, mas não caiu, o Ministério da Saúde divulgou boletim epidemiológico com parâmetros para o relaxamento do isolamento social: governadores de estados que não estivessem com 50% da capacidade hospitalar comprometida poderiam flexibilizar as medidas restritivas a partir do dia 13. Ontem o ministro e seus auxiliares voltaram a explicar a orientação, dizendo tratar-se apenas de “parâmetros”. Bolsonaro e Mandetta, por sinal, tiveram hoje uma conversa definida como “tranquila”. O incentivo ao relaxamento certamente agradou a Bolsonaro, mas autoridades sanitárias e governadores acharam a recomendação arriscadíssima, capaz de levar à explosão da bomba virótica.

O governador do Distrito Federal, por exemplo, disse que não vai adotar flexibilização nenhuma: “Se aqui não comprometemos ainda 50% da capacidade hospitalar foi exatamente porque tomamos medidas preventivas. Não vou jogar fora todo o esforço que já fizemos. Quem quiser que produza o aumento de mortes. Aqui no Distrito Federal eu quero os meus é vivos”.

Ibaneis diz que se os governadores forem esperar o estouro da capacidade hospitalar para impor restrições, haverá situações incontroláveis como a da Itália. No Brasil, Manaus é a capital que mais rapidamente está se aproximando do colapso do sistema. Logo lá, onde tudo tem que chegar por avião ou barca.

O Ministério criou agora duas categorias de quarentena: o Distancialmento Social Ampliado (DSA) e o Distancialmento Social Seletivo (DSS). No primeiro caso estariam as medidas que incluem fechamento de comércio e suspensão de todas as atividades não essenciais, com recomendação de que as pessoas fiquem em casa. O segundo, na prática, seria o tal “isolamento vertical” defendido por Bolsonaro, com outro nome: deveriam ficar isolados apenas os idosos com mais de 60 anos e as pessoas com doenças pré-existentes.

Por isso a inflexão do Ministério da Saúde não deixa de ser um aceno de Mandetta a Bolsonaro, mesmo mantendo o mantra “ciência, disciplina, planejamento e foco”. Mas exatamente da ciência estão vindo manifestações que reprovam qualquer forma de afrouxamento das restrições, num país onde, segundo a pesquisa do Datafolha, apenas 18% das pessoas dizem estar absolutamente isoladas, contra 54% que admitem estar circulando quando é necessário, e 24% que estão tocando a vida normalmente, tomando os devidos cuidados. Para 4%, nada mudou.  Ou seja, existem brechas largas para a circulação do vírus no Brasil.

O professor de epidemiologia da UnB, Walter Ramalho, diz que se houver afrouxamento vamos caminhar para a explosão da Covid19. Ele diz que em muitos Estados o sistema não ultrapassou 50% da capacidade hospitalar porque a doença não chegou completamente, não se aproximou do pico, mas que isso vai acontecer. “Nós temos um problema na infraestrutura do sistema de saúde. Na maioria dos municípios, temos uma sobrecarga nas enfermarias e UTIs. A média histórica de ocupação dos leitos de UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 95%, e isso era antes do coronavírus. Agora, se nós temos esse cenário, como vamos afrouxar o isolamento social? Vamos evoluir rapidamente no contágio da Covid-19.  Os países que mantinham regras mais frouxas, como Japão e Suécia, estão radicalizando para conter a doença. Nós estamos indo na contramão”, alerta ele.

Dimas Covas, o diretor do Instituto Butantã que coordena o esforço pela maior oferta de testes em São Paulo, diz que a orientação do ministério não tem fundamento científico e é altamente arriscada. “A politização deste assunto joga a favor do vírus. Se não aprendermos com o que aconteceu em outros países, vamos repetir a tragédia da Itália.” Já a testagem em massa, como recomenda a OMS, não está sendo feito pela absoluta falta de testes até para pessoas com sintomas. Testes, e não afrouxamento, são necessários neste momento.

Ninguém pode deixar de enxergar um viés político nesta nova orientação do ministério da Saúde que busca dissimuladamente conciliar com a ojeriza de Bolsonaro ao isolamento. Em conversa na semana passada, o ministro ouviu do presidente: “Você quer matar as pessoas de fome”. Contra a fome, o governo também tem que agir, e não apenas com os R$ 600 em 3 parcelas.

Hoje, certamente, o ministro lhe falou das categorias novas de isolamento que sua pasta inventou, o DSA e o DSS, e isso deve ter contribuído para melhorar o clima da conversa. É lamentável, é condenável, é perigosa a concessão de Mandetta a Bolsonaro no momento em que, segundo ele mesmo, podemos entrar na fase do momento da circulação descontrolada do vírus. A bomba pode explodir, aumentando o número de brasileiros que vão morrer. Nesta quarta-feira já se foram 699 e estamos com 14 mil casos.

Outro sinal estranho do ministério foi dado na coletiva de ontem. Os auxiliares do ministro voltaram a dizer que a pasta não endossa o uso indiscriminado da cloroquina, como quer Bolsonaro, mas disseram que em março foi expedido um boletim dizendo que os médicos podem assumir a responsabilidade de aplicar o medicamento em casos muito graves. Isso não havia sido dito antes.

6 comentaram em “BOMBA VIRÓTICA – ISOLAMENTO SOCIAL: RELAXAR OU NÃO

  1. Oswaldo

    Amigos

    UMA FORMA DE AUXILIAR O TRATAMENTO DO COVID 19

    Antes tenho um pré-relato: a minha esposa tinha pedra na vesícula, o que aparece depois de três meses de gestação. Ela tinha cólicas horríveis. Com o tempo, houve o aconselhamento médico, no sentido de fazer o aborto, pois a situação era muito perigosa para ela. Porém, ela disse não. Acontecesse o que acontecesse, ela não faria um aborto. Passou a tomar medicamentos para as dores –, acho que era morfina. Passava a dor no momento, mas depois, no outro dia, voltava e pelos menos, de dois em dois dias. Sabemos lá se isto levou ao quadro clínico que mais adiante será relatado. A gestação durou quase 10 meses e a criança não nascia. Assim, houve um parto por cesárea. Nasceu e com pouca mobilidade, além de não chorar ao ser tocada pelo médico. Demorou, alguns minutos, para chorar. Hoje ela tem 43 anos.

    Depois do nascimento, até um ano, não houve problemas visíveis para o bebê. O relato mais importante, no entanto, é que, após um ano de vida, começou a ter febre altíssima todo o dia. Levada ao médico, não havia diagnóstico. Parecia que não tinha imunidade. Foram feito muitos exames, para verificar a imunidade, hemograma, mielograma – naquele tempo muito dolorida -, imunoeletroforese de proteína (a minha esposa tem ótima memória). A imunidade era muito baixa. A febre continuava alta e não havia diagnóstico.

    E exames demonstraram, inclusive, que havia problemas no sangue (parece que havia pouca proteína) o que obrigou a proceder a feitura de transfusão de sangue e a tomar medicamentos para aumentar os anticorpos. Com a injeção de gamoglobulina e leucogem houve uma pequena recuperação, passando um pouco a febre que sempre retornava muito forte. Com tudo isso, ela emagreceu demais e sempre apresentava muito cansaço, não conseguia sequer andar. Conseguiu chegar aos três anos de idade.

    O COLOSTRO

    Uma equipe de médicos de Ribeirão Preto disse que ela não iria aguentar. Dificilmente poderia escapar com os medicamentos da época. Porém, acenaram com uma esperança: o colostro, o leite “soro” dos primeiros dias de amamentação. Assim, ao leocogen que foi mantido foi introduzido o colostro. Detalhe, por problemas acima relatados, a minha esposa não pode aleitar a nossa filha. Inclusive teve que se preparar, depois da cesariana, para a operação da visícula, o que lhe causou a enterite regional até hoje não curada, amenizada por medicamentos.

    Os médicos de nossa cidade, a nosso pedido, começaram a indicar mulheres grávidas. Íamos até elas e pedíamos. Inclusive, muitas delas não sabiam da necessidade e vantagens do aleitamento materno para suas crianças. Fomos, por Deus, os mensageiros do leite materno, pois explicávamos que legava imunidade ao recém nascido. Dificilmente iriam ficar doentes. Daí todas deram leite a seus filhos. A solidariedade e a compaixão falaram mais alto. Todas compartilharam o colostro que íamos buscar tão logo ocorria o nascimento das crianças. Todas elas foram para nós inesquecíveis.

    Depois de uns três meses com o colostro, os resultados começaram a aparecer, com boa melhora no quadro clínico da nossa filha. A febre foi espaçando bastante, ela voltou a se alimentar melhor, engordou normalmente e o cansaço se foi. O tratamento foi até por volta de cinco anos. Funcionou. A imunidade normal surgiu ou retornou e os exames confirmaram. Aí ela obteve alta. E tem imunidade normal até hoje com 43 anos.

    Fiquei sabendo que a imunidade normal é importante, mesmo diante do coronavírus, que é um vírus novo, que não temos imunidade para ajudar a combatê-lo. Segundo dizem, a nova doença atinge muito pouco as crianças, jovens e adultos normais. Atinge mais aqueles que têm a imunidade decaída, máxime no caso de doentes e pessoas idosas.

    Então, pensei: dada a salvação que representou o colostro, se talvez esse possa ajudar as pessoas infectadas pelo coronavírus, ou ainda em mau estado, é claro, aquelas que correm mais risco, pois, como colhi a informação na internet, mais, de 75% dos infectados passam pela doença sem sequelas. Para minha surpresa, eis que, de repente, O leite materno está sendo estudado nos EUA como um possível aliado no tratamento do coronavírus. A Dra Rebecca Powell da Divisão de Doenças Infecciosas da Icahn School of Medicine no Mount Sinai em Nova Iorque, consoante o artigo publicado, pela página bebê mamãe, da R7. Tenho fé que este estudo possa auxiliar, porque eu e minha esposa sabemos o que passamos e o Colostro venceu. Vejam o artigo:

    https://bebemamae.com/bebe/saude-bebe/leite-materno-e-estudado-como-potencial-tratamento-contra-covid-19?fbclid=IwAR2ersmewNx5J4Hy-kMioR9Wv3NQiDhdppAJJyRpLrEBaD5V27RxSoeVIPk

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Oswaldo

      Parabéns pelo importante comentário em que relata experiência pessoal com o colostro. É possível mesmo que possa ser de extrema utilidade no tratamento do coronavírus-19, permitindo a todos nós maior liberdade. Seu comentário é também importante para que as mães compreendam a importância da amamentação no início da vida do bebê.

      Abraços,

      Lu

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      1. Oswaldo

        Amigos

        Vejam bem, não basicamente em relação ao leite materno que lega comprovadamente maior imunidade ao bebê, mas ao colostro que possui, além do maravilhoso conteúdo alimentício, quantidade exacerbada de imunidade da mãe à criança. O colostro não é bem um leite, é um verdadeiro soro amarelado dos primeiros dias do leito materno. Consoante, Bruna Grazzi que descreve as propriedades maravilhosas de chamado ouro líquido :

        “O colostro, primeiro leite que você produz quando começa a amamentar, é o alimento ideal para o recém-nascido. É altamente concentrado, repleto de proteínas e rico em nutrientes ….”

        E, a respeito da imunidade, esclarece:

        “E, talvez ainda mais importante, tem papel fundamental no desenvolvimento do sistema imunológico do bebê. Até dois terços das células do colostro são glóbulos brancos, que protegem contra infecções além de ajudar o bebê a iniciar sua própria defesa. Os glóbulos brancos são importantes para as respostas imunológicas. Eles fornecem proteção e desafiam os agentes infecciosos. Deixando a proteção do corpo da mãe, o bebê precisa estar preparado para novos desafios no mundo que o cerca. Os glóbulos brancos do colostro produzem anticorpos que neutralizam as bactérias e vírus. ”

        Vou repetir: “Os glóbulos brancos do colostro produzem anticorpos que neutralizam as bactérias e vírus”

        E aí veio a pergunta que não quer nos calar: e quanto ao coronavirus, como atuaria?

        Tentei falar a respeito disto para alguns médicos dos quais fui paciente, mas não consegui acesso em meio a tantos problemas com a pandemia. Estava pensando no que eu e a minha esposa passamos, porque vimos nossa querida filha em estado crítico, sem quaisquer condições de continuar a viver. E agora a pesquisa nos EEUU, mencionada no meu comentário acima.

        Obrigado pelo espaço.

        Aí o artigo de Bruna Grazi que esclarece melhor o que tentei falar sobre o Colostro:

        https://www.brunagrazi.com/por-que-o-colostro-e-tao-importante/

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        1. LuDiasBH Autor do post

          Edward

          Tudo isto tem razão de ser. Indico-lhe o Projeto Mandacaru, direcionado pelo cientista Miguel Nicolelis, onde poderá deixar a sua observação. Veja no Google.

          Abraços,

          Lu

  2. Adevaldo Rodrigues

    Lu

    Parabéns pelos vários artigos informando os leitores sobre o perigo do coronavírus-19.

    Vejo que as autoridades de alguns países não mostram compromissos com a vida, pensando em suas vaidades políticas. O Brasil é o pior exemplo, entretanto, isso está acontecendo em outras partes do mundo também. Fico preocupado com uma situação pouco apocalíptica que possa acontecer diante de tanta irresponsabilidade com a vida humana.

    Na atualidade, na minha opinião, em várias partes do mundo prevalece uma política de extrema-direita com economia neoliberal que prega lucros a qualquer custo. Então seria ideal para eles que a população não produtiva – pessoas idosas – fosse a menor possível. Não se importa com a morte dessas pessoas pela pandemia, o que proporcionaria maiores lucros e a diminuição do déficit da previdência. Estamos lascados, se a maçonaria estiver atrás disso.

    Abraço,

    Devas

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas

      Nada mais neste mundo corroído pela ganância me espanta. Absolutamente nada! Só que, junto às pessoas idosas muitas vidas de jovens tombarão. É um preço a pagar. A fala de Bolsonaro de que os idosos são problema da família e não do governo já é um sintoma do que você diz.

      Agora tramam a saída do Ministro Mandetta.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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