Bosch – A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÃO (IV)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O tríptico da Tentação de Santo Antão traz como tela central A Tentação de Santo Antão que mostra  o santo passando pelos piores horrores, ao ser tentado por todo tipo de demônios, que a ele se dirigem por terra, água e ar.

Na composição, Santo Antão encontra-se ajoelhado, com a mão levantada, em posição de bênçãos ou aceno, com o olhar dirigido ao observador. Ao fundo, no altar, Cristo crucificado aparece todo iluminado e traz também a mão levantada em forma de bênção. Em torno do santo, cenas estranhas acontecem atormentando sua alma. Vejamos algumas:

  • Um padre de feições animalescas, ajudado por um coroinha de rosto bizarro, oficia uma missa negra. O ajudante tem na cabeça um funil invertido, que simboliza a charlatanice. O que nos mostra que Bosch também tinha uma visão crítica sobre a Igreja.
  • Ao lado esquerdo do santo, uma sacerdotisa, usando uma mitra feita de serpentes, oferta um copo com vinho ao músico com cabeça de porco e vestes escuras, que traz sobre a cabeça uma coruja, símbolo da bruxaria. Ainda no mesmo grupo, uma criada negra levanta uma bandeja, tendo no centro uma rã, que por sua vez levanta um ovo. Perto do santo, uma mulher com touca, oferece uma taça a uma freira.
  • No grupo, que se encontra embaixo, na parte inferior da direita, um emaciado personagem-árvore, de rosto cinza azulado, está montado sobre uma ratazana, e carrega nos braços um feto atado em faixas, parecendo uma pequena múmia. Ainda no mesmo grupo, um ser bizarro de asas, carregando uma ave na mão esquerda e um escudo na direita, cavalga um monstro, que é metade tonel e metade animal. Um demônio toca um alaúde. Ao fundo, uma aldeia encontra-se queimando.

Tudo no quadro remete à maldade, a fim de amedrontar o homem possuído pelo pecado e levá-lo a pensar na salvação de sua alma. Ou seria o próprio artista tentando exorcizar os seus demônios? Esta obra de Bosch lembra-nos certas religiões (ou denominações) que, nos dias de hoje, têm como tema preferido a dimensão demoníaca e não a divina, pois o demônio é rico em bens materiais. Falar em seu nome traz mais dividendos do que falar em nome de Deus.

Na composição, nenhum demônio ataca o santo fisicamente. Portanto, os suplícios sofridos são referentes à alma, sendo os diabos a personificação dos desejos da carne, na visão de Bosch. E, mais uma vez, a Luxúria é o pecado predominante, pois segundo os religiosos medievais, ela era a mãe de todos os outros pecados.

Obs.:
São conhecidas cerca de dezesseis versões da obra descrita, consideradas réplicas ou cópias. Dentre elas, uma encontra-se no MASP (desde 1952), São Paulo, tendo sido aceita como obra de Bosch por Friedländer no seu repertório da antiga pintura dos Países Baixos, de 1937. Os estudiosos acreditam que o quadro possa ser uma primeira versão da parte central do tríptico de Lisboa.

Ficha técnica:
Data: c.1500
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 128 x 101 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa:
Bosch/ Abril Cultural
Bosch/ Coleção Folha
Bosch/ Taschen
A Historia da Arte/ E.H. Gombrich
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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