Caravaggio – A CEIA EM EMAÚS (II)

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

Aproximando-se da aldeia para onde iam, deu ele a entender que ia para mais longe. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica em nossa companhia, porque é tarde e o dia já declinou. Ele entrou para ficar com eles. (Lucas, 24:28-29)

Esta composição é uma das duas pinturas em que Caravaggio retrata o mesmo tema religioso: a Ceia em Emaús. Trata-se de uma pintura mais dramática, mais simples e mais escura do que a anterior. Nesta, os movimentos dos personagens são mais comedidos e o colorido da tela é menos intenso, quase monocromático, o que dá mais ênfase à dramaticidade da cena, e destaca o azul da túnica do Mestre. A natureza morta sobre a mesa é também mais modesta. Aparentemente Cristo já abençoou o pão, que descansa partido no prato. Uma forte luz ilumina toda a cena, que acontece diante de um fundo escuro. Existe um espaço de cerca de cinco anos entre as duas pinturas.

Uma mesa de madeira, em formato retangular e com desenhos entalhados, ocupa o primeiro plano. Sobre sua toalha esbranquiçada estão um jarro de água, com a alça voltada para o observador, e dois pratos de barro, dos quais emanam filetes de luz.  Dentro de um dos pratos encontra-se um pão já partido, enquanto outro repousa em frente a um dos personagens. Os objetos, todos muito simples, criam fortes sombras. Ocupando a parte central da mesa está Cristo, enquanto um dos apóstolos ocupa a lateral direita e outro a esquerda. De pé, entre Jesus e um dos apóstolos, está o hospedeiro e sua serva, atentos ao trio.

Na composição, que se estrutura em torno do gesto eucarístico do Mestre, Caravaggio retrata cinco personagens: Cristo, os dois apóstolos, o estalajadeiro e a serva. A cena parece mostrar o momento logo após a bênção do alimento. Os personagens, com seus gestos, apontam ao observador a figura de Jesus, excetuando a mulher, que traz os olhos baixos, direcionados ao apóstolo à direita. Os detalhes pouco elaborados da tela permitem que a atenção do observador esteja voltada para o conteúdo emocional da cena.

A passagem bíblica narra que Cléofas e Pedro (possivelmente), entristecidos com a morte do Mestre, resolvem caminhar até a aldeia de Emaús. Durante o trajeto, um desconhecido agrega-se à companhia dos dois. Ao chegar a Emaús, o pequeno grupo detém-se em uma estalagem para comer. Antes da ceia, os dois discípulos surpreendem-se ao ver o desconhecido abençoar o pão. A seguir, descobrem que se trata do Cristo ressuscitado, que repete o mesmo gesto feito na Última Ceia.

Ficha técnica
Ano: 1606
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 175 x 141 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

2 comentaram em “Caravaggio – A CEIA EM EMAÚS (II)

  1. Adevaldo Souza

    Lu,

    Será por que as obras mais famosas ou interessantes estão ligadas ao tema religioso?

    Abraço,

    Adevaldo

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas

      Isso se deve ao poder da Igreja Cristã à época. Ela era o grande mecenas dos artistas, oferecendo-lhes grandes encomendas. Se não fosse pelo poder dela, a maioria desses artistas não teria sobrevivido. As obras eram encomendadas para ornamentar igrejas e capelas, na sua imensa maioria. Havia também os chamados doadores, pertencentes às elites, que faziam encomendas de obras sacras em agradecimento por “graças” recebidas, ou mesmo para mostrarem poder. Eles faziam parte da própria obra. A Igreja Cristã foi de fundamental importância para a arte.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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