Arquivo da categoria: Cinema

Artigos variados sobre cinema e a análise de filmes que se tornaram clássicos.

Gêneros do Cinema – ÉPICO

Autoria de Lu Dias Carvalhocap

O épico sempre esteve presente na história do cinema, desenvolvendo-se nas mais diferentes vertentes; ora personagens políticos e patrióticos (Julio César, Alexander Nevski, Napoleão, Cleópatra), ora personagens mitológicos ou literários (Hércules, Ulysses, Os três Mosqueteiros, Robin Hood, Ben-Hur, Jivago), ou ainda personagens carismáticos que promoveram mudanças profundas em seus tempos (Gandhi, Excalibur, Amadeus, Lawrence da Arábia, El Cid). Somente de Joana D´Arc há pelo menos 10 versões até a década de 70 (Méliès em 1900, DeMille em 1917, Gastine e Dreyer ambos em 1928, Ucicky em 1935, Fleming em 1948, Rossellini em 1954, Preminger em 1957, e Bresson em 1962, sem contar as versões modernas). (Filipe Sales)

Os filmes épicos destacam-se por seus cenários suntuosos, orçamentos astronômicos, muitos efeitos especiais, um grande número de atores e grande quantidade de figurantes. O tempo de duração é sempre maior do que o das películas de outros gêneros. Normalmente tratam de relatos históricos ou bíblicos.

A origem do gênero épico está na Itália, inspirado no passado clássico do país. Só para se ter uma ideia, o diretor Cecil B. de Mille sofreu grande influência dos épicos italianos, que o inspiraram na sua primeira versão de Os Dez Mandamentos (1923), um dos primeiros filmes coloridos do cinema. Quatro anos depois, o mesmo cineasta dirigiu o épico bíblico Rei dos Reis (1927).

Cabiria (1914), filme italiano, é tido como o primeiro filme épico do cinema. Narra as aventuras de Cabiria, uma jovem romana que se torna prisioneira dos fenícios e posteriormente dos cartagineses, grandes inimigos do povo romano, durante a II Guerra Púnica, lá pelos idos de 200 a.C.

Com o sucesso de épicos como Os Dez Mandamentos, Rei dos Reis, Ben-Hur, dentre outros, muitas pessoas ficaram com a ideia de que os épicos só estavam relacionados com os temas religiosos, o que não é verdade. Este gênero também aborda temas históricos e atuais, como foi o caso de Alexander Nevksky (1938), do diretor Sergei Einsenstein, feito quando a antiga URSS encontrava-se sob ameaça nazista. Por sua vez, Henrique V (1944), obra de Laurence Olivier, foi feito quando o Reino Unido preparava-se para tirar a França das mãos da Alemanha de Hitler. Anterior a esses, O Nascimento de uma Nação (1915), obra do cineasta D. W. Griffith, também se trata de um filme épico histórico, que apresenta uma saga sobre a Guerra Civil Americana.

O Manto Sagrado (1953), obra do diretor Henry Koster, foi o primeiro longa metragem em Cinemascope. O épico Cleópatra (1963), de Joseph L. Mankiewicz, gastou tanto dinheiro que quase faliu a 20th Century Fox. O Portal do Paraíso (1980), de Michael Cimino, foi também outro retumbante fracasso, apesar de ter consumido 44 milhões.

O computador entrou em cena, trazendo para o gênero épico grandes efeitos especiais, como foi o caso de Coração Valente (0995), dirigido por Mel Gibson, Gladiador (2000), de Ridley Scott e Troia (2004), de Wolfgang Petersen.

O gênero épico teve o seu apogeu nas décadas de 50 e 60.

Épicos Imperdíveis

  1. O Nascer de uma Nação (1915)
  2. Alexander Nevsky (1938)
  3. O Manto Sagrado (1953)
  4. Lawrence da Arábia (1962)
  5. Os Dez Mandamentos (1956)
  6. Guerra e Paz (1956)
  7. Ben-Hur (1959
  8. Spartacus (1960)
  9. Exodus (1960)
  10. El Cid (1961)
  11. Doutor Jivago (1965)
  12. Genghis Khan (1965)
  13. 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968)
  14. Kagemuscha – A Sombra de um Samurai (1980)
  15. Coração Valente (1995)
  16. Gladiador (2000)

Fontes de pesquisa
Tudo sobre Cinema/ Editora Sextante
Cinama Zahar
http://www.mnemocine.com.br

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OSCAR – OS MELHORES FILMES

Autoria de Moacyr Praxedes

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Dentre os prêmios distribuídos no Oscar, o de Melhor Filme é sem dúvida o mais esperado e o mais importante de todos. Abaixo está a lista de todos os filmes que ganharam tal premiação e o ano em que ela se deu.

Ano / Filme

1929 – Asas
1930 – Melodia na Broadway
1931 – Sem Novidades no Front
1932 – Cimarron
1933 – Grande Hotel
1934 – Cavalgada
1935 – Aconteceu Naquela Noite
1936 – O Grande Motim
1937 – O Grande Ziegfeld
1938 – Émile Zola
1939 – Do Mundo Nada se Leva
1940 – … E o Vento Levou
1941 – Rebecca – A Mulher Inesquecível
1942 – Como Era Verde o Meu Vale
1943 – A Rosa da Esperança
1944 – Casablanca
1945 – O Bom Pastor
1946 – Farrapo Humano
1947 – Os Melhores Anos de Nossas Vidas
1948 – A Luz É Para Todos
1949 – Hamlet
1950 – A Grande Ilusão
1951 – A Malvada
1952 – Sinfonia de Paris
1953 – O Maior Espetáculo da Terra
1954 – A Um Passo da Eternidade
1955 –  Sindicato de Ladrões
1956 – Marty
1957 – A Volta ao Mundo em 80 Dias
1958 – A Ponte do Rio Kwai
1959 – Gigi
1960 – Ben Hur
1961-  Se Meu Apartamento Falasse
1962 – Amor Sublime Amor
1963 – Lawrence da Arábia
1964 -Tom Jones
1965 – My Fair Lady
1966 – A Noviça Rebelde
1967 – O Homem Que Não Vendeu Sua Alma
1968 – No Calor da Noite
1969 – Oliver!
1970 – Perdidos na Noite
1971 – Patton — Rebelde ou Herói?
1972 – Operação França
1973 – O Poderoso Chefão
1974 – Golpe de Mestre
1975 – O Poderoso Chefão II
1976 – Um Estranho no Ninho
1977 – Rocky
1978 – Noivo Neurótico
1979 – O Franco-Atirador
1980 – Kramer Vs. Kramer
1981 – Gente Como a Gente
1982 – Carruagens de Fogo
1983 – Gandhi
1984 – Laços de Ternura
1985 – Amadeus
1986 – Entre Dois Amores
1987 – Platoon
1988 – O Último Imperador
1989 – Rain Man
1990 – Conduzindo Miss Daisy
1991 – Dança com Lobos
1992 – O Silêncio do Inocentes
1993 – Os Imperdoáveis
1994 – A Lista de Schindler
1995 – Forrest Gump
1996 – Coração Valente
1997 – O Paciente Inglês
1998 – Titanic
1999 – Shakespeare Apaixonado
2000 – Beleza Americana
2001 – Gladiador
2002 – Uma Mente Brilhante
2003 – Chicago
2004 – O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
2005 – Menina de Ouro
2006 – Crash – no Limite
2007 – Os Infiltrados
2008 – Onde os Fracos Não Tem Vez
2009 – Quem Quer Ser Um Milionário?
2010 – Guerra ao Terror
2011 – O Discurso do Rei
2012 – O Artista
2013 – Argo

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GRANDES FILMES SEGUNDO A ZAHAR

Autoria de Moacyr Praxedes

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O guia ilustrado Zarhar / Cinema (Editora Sextante), lista, levando em conta vários critérios, os 100 melhores filmes.

  1.  O nascimento de uma nação / D.W. Griffting
  2. O gabinete de Dr. Caligari / Robert Wiene
  3. Nosferatu, o Vampiro / F. W. Murnau
  4. Nanook, o esquimó. / Robert Flaherty
  5. O encouração Potemkin / Sergei Eisensteing
  6. Metrópolis / Frist Lang
  7. Napoleão / Abel Gance
  8. Um cão andaluz / Luis Buñel
  9. Martírio de Joana D`Arc / Carl Dreyer
  10. Sem novidade no front / Lewis Milestone
  11. O anjo azul / Josef Bon Sternberg
  12. Luzes da cidade / Charles Chaplin
  13. Rua 42 / Lloyd Bacon
  14. O diabo a quatro / Leo McCarey
  15. King Kong / Merian Cooper e Ernest Schoedsack
  16. O atalante / Jean Vigo
  17. Branca de Neve e os sete anões / Walt Disney
  18. Olímpia / Leny Riefenstahl
  19. A regra do jogo / Jean Renoir
  20. … E o vento levou / Victor Fleming
  21. Núpcias de escândalo / George Cukor
  22. Jejum de amor / Howard Hawks
  23. As vinhas da ira / John Ford
  24. Cidadão Kane / Orson Welles
  25. Relíquia macabra / John Huston
  26. Pérfida / William Wyler
  27. Ser ou não ser / Ernst Lubitsch
  28. Nosso barco, nossa alma / Noël Coward
  29. Casablanca / Michael Curtiz
  30. Obsessão / Luchino Visconti
  31. O boulevard do crime / Marcel Carné
  32. Neste mundo e no outro / Michale Powell e Emeric Pressburger
  33. A felicidade não se compra / Frank Capra
  34. Ladrões de bicicleta / Vittorio De Sica
  35. Carta de uma desconhecida / Max Ophüls
  36. Um país de anedota / Henry Cornelius
  37. O terceiro homem / Carol Reed
  38. Orfeu / Jean Cocteau
  39. Rashomon / Aquira Kurosawa
  40. Cantando na Chuva / Gene Kelly e Stanley Donen
  41. Viagem a Tóquio / Yasugiro Ozu
  42. Sindicato de ladrões / Elia Kazan
  43. Tudo que o céu permite / Douglas Sirk
  44. Juventude trasviada / Nicholas Ray
  45. A canção da estrada / Satyagit Ray
  46. O mensageiro do diabo / Charles Laughton
  47. O sétimo selo / Ingmar Bergman
  48. Um corpo que cai / Alfred Hitchock
  49. Cinzas e diamantes / Andrzej Wajda
  50. Os incompreendidos / François Truffaut
  51. Quanto mais quente melhor / Billy Wilder
  52. Acossado / Jean-Luc Godard
  53. A doce vida / Federico Fellini
  54. Tudo começou no sábado / Karel Reisz
  55. A aventura / Michelangelo Antonioni
  56. O ano passado em Marienbad / Alan Resnais
  57. Lawrence da Arábia / David Lean
  58. Dr. Fantástico / Stanley Kubrick
  59. A batalha de Argel / Gillo Pontecorvo
  60. A noviça rebelde / Robert Wise
  61. Andrei Rubled / Andrei Tarkovsky
  62. The Chelsea girls / Andy Warhol e Paul Morrissey
  63. Bonnie e Clyde – uma rajada de balas / Arthur Penn
  64. Meu ódio será sua herança / Sam Peckinpah
  65. Sem destino / Dennis Hopper
  66. O conformista / Bernardo Bertolucci
  67. O poderoso chefão / Francis Ford Coppola
  68. Aguirre, a cólera dos deuses / Werner Herzog
  69. Nashville / Robert Altman
  70. O império dos sentidos / Nagisa Oshima
  71. Tráxi Driver / Martin Scorsese
  72. Noivo neurótico, noiva nervosa / Woody Allen
  73. Guerra nas estrelas / George Lucas
  74. O casamento de Maria Brown / Rainer Werner Fassbinder
  75. O franco atirador / Michael Cimino
  76. Et, o extraterrestre / Steven Spielberg
  77. Blad Runner – o caçador de androides / Ridley Scott
  78. Paris Texas / Wim Wenders
  79. Heimat / Edgar Reitz
  80. Vá e veja / Elem Klimov
  81. Veludo Azul / David Lynch
  82. Shoah / Claud Lanzmann
  83. Uma janela para o amor / James Ivory
  84. Mulheres à beira de um ataque de nervos / Pedro Almodóvar
  85. Cinema Paradiso / Giuseppe Tornatore
  86. Faça a coisa certa / Spike Lee
  87. Lanternas Vermelhas / Zhang Yimou
  88. Os imperdoáveis / Klint Eastwood
  89. Cães de aluguel / Quentin Tarantino
  90. Trilogia das cores / Krzysztof Kieslowski
  91. Através das oliveiras / Abbas Kiarostami
  92. Quatro casamentos se um funeral / Mike Newell
  93. Toy Story / John Lasseter
  94. Fargo – uma comédia de erros / Joel Choen
  95. O tigre e o dragão / Ang Lee
  96. Amor à flor da pele / Wong Kar Wai
  97. Traffic / Steven Soderberg
  98. O senhor dos anéis / Peter Jackson
  99. Cidade de Deus / Fernando Meirelles
  100. Brilho eterno de uma mente sem lembranças / Michel Godry

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Mestres do Cinema – MILOS FORMAN

Autoria de Lu Dias Carvalho

milos                                                              Diretor de Amadeus e Um Estranho no Ninho

Simplesmente não consigo pensar em duas coisas ao mesmo tempo. Termino um filme, descanso um tempo e, só depois, começo a pensar no próximo. Dou-me o privilégio de viver em meu próprio ritmo criativo. (Milos Forman)

O cineasta, ator, roteirista e professor checo Milos Forman, nascido em 1932, apesar de seus 81 anos de vida, possui uma filmografia pequena, mas é detentor de inúmeros prêmios, incluindo dois Oscar de melhor diretor.

 Jon Tomás Forman, nascido na antiga Tchecoslováquia, hoje conhecida como República Tcheca, teve os seus pais, Anna e Rudolf Forman, mortos pelo nazismo. Anna morreu no campo de concentração nazista de Auschwitz e Rudolf foi preso por distribuir livros antinazistas, morrendo em Buchenwald. Em consequência de tamanha tragédia, foi criado pelos parentes. Mais tarde, ele descobriu que na verdade seu pai biológico era um arquiteto judeu de nome Otto Konh. Seu irmão, Pavel Forman, pintor, imigrou para a Austrália.

 Ainda muito jovem Forman escolheu o caminho do Cinema, indo estudar em Praga. Depois de dirigir alguns filmes de curta e de média metragens, lançou em 1964 o seu primeiro longa, Pedro, o Negro, que lhe deu algum reconhecimento internacional. No ano seguinte, lançou Os Amores de uma Loira, que foi muito bem recebido pela crítica. Mas o seu longa O Baile dos Bombeiros foi censurado pelas autoridades de seu país, porque criticava sua burocracia excessiva.

 Quando se encontrava em Paris, negociando seu próximo filme, Praga foi invadida pelos soviéticos e, como Forman trabalhava num estúdio estatal, foi demitido sob a desculpa de que deixara seu país ilegalmente. De Paris ele rumou para os Estados Unidos, onde, em 1971, colocou no mercado o filme Procura Insaciável que, embora fosse o seu primeiro filme em língua inglesa e tivesse uma boa aceitação por parte da crítica, não logrou sucesso de bilheteria. Mesmo assim, o diretor ganhou, pelo filme, o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes.

 Um Estranho no Ninho (1975) foi responsável por consagrar definitivamente o cineasta checo. O filme abocanhou os cinco principais prêmios do Oscar, feito que coube a apenas dois outros filmes anteriormente. Nesse mesmo ano, Forman ganhou cidadania americana. Vieram depois os filmes Hair e Na Época do Ragtime, sendo o último indicado a oito Oscar.

 Amadeus foi o filme seguinte do diretor, responsável por lhe trazer outro Oscar de melhor diretor e por colocá-lo no rol dos grandes diretores do universo cinematográfico. O filme, em vez de ser rodado em Viena (Áustria), onde se passa a história de Wolfgang Amadeus Mozart, o diretor preferiu rodá-lo em Praga, com seu passado mais bem conservado: igrejas, ruas, palácios, etc.

 Valmont – Uma História de Seduções (1989) foi o filme seguinte, que não foi muito bem aceito. A seguir veio O Povo Contra Lady Flynt (1996) que lhe trouxe o Urso de Ouro no Festival de Berlim como melhor diretor. O Mundo de Andy, filme seguinte, deu-lhe o Urso de Prata no mesmo festival. Sombras de Goya (2006), uma biografia livre do pintor espanhol, foi o seu último filme.

 Milos Forman foi casado com a atriz checa Jana Brjchová, com quem viveu 4 anos. Depois se uniu à artista checa Vera Kresadlová e teve com ela os gêmeos Petr e Matej. E, por último, casou-se com Martina Zborilova com quem também teve gêmeos: Andrew e James.

 Fontes de pesquisa
Cinemateca Veja/ Abril Coleções
http://www.pbs.org/wnet/americanmasters/episodes/milos-forman/about-milos-forman/597/

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Mestres do Cinema – ALFRED HITCHCOCK

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Diretor de Psicose, Janela Indiscreta e Um Corpo Que Cai

O único modo de me livrar de meus medos é fazer filmes sobre eles. (Hitchcock)

Qualquer apreciação séria da arte e da vida de Alfred Hitchcock deve levar em conta seu enorme sofrimento psicológico, físico e social, assim como o sofrimento que ele (talvez sem intenção) causou os outros. De sua dor vieram os temas obsessivamente recorrentes e o sentido constante de terror com o qual ele continua a maravilhar, divertir e elevar. (Donald Spoto)

O cineasta inglês Alfred Hitchcock (1899-1980), mestre do suspense, é um dos diretores mais conhecidos do universo da Sétima Arte, bastando poucos minutos para que o espectador reconheça uma obra sua de tão conhecido que é o seu estilo. Contudo, jamais ganhou um Oscar como diretor, fato que muito o magoou. Tanto é que em 1968, ao ser homenageado pelo conjunto de sua obra, ovacionado por uma plateia de pé, disse apenas “Obrigado!”.

Hitchcock iniciou seu trabalho no cinema, desenhando cartelas de legendas de filmes mudos. Não demorou muito a se casar com Alma Reville, montadora e continuísta, com quem viveu até sua morte. O casal teve uma única filha, Patrícia Hitchcock.

De desenhista de cartelas, Hitchcock tornou-se assistente de diretor. A seguir tornou-se roteirista. E, como não poderia deixar de ser, acabou recebendo do produtor Michael Balcon o convite para dirigir.

Hitch, como era carinhosamente chamado, era um diretor exigente, pois os atores tinham que fazer exatamente aquilo que ele determinava, sem espaço para os improvisos. Muitos não gostavam de trabalhar com ele, que sabia disso, mas não dava a mínima. Chegou a declarar certa vez que “Atores são gado”. E, quando indagado sobre a sua expressão, respondeu: “Eu não disse que atores são gado, eu disse que eles devem ser tratados como gado.”.

Uma das curiosidades do cineasta Alfred Hitchcock é a sua presença relâmpago em seus filmes, deixando o espectador sempre curioso para encontrá-lo em cena.

Na Inglaterra, Hitchcock fez obras-primas como Os 39 Degraus (1935) e a Dama Oculta (1938). Depois foi convidado para trabalhar nos Estados Unidos. Seu primeiro filme naquele país, Rebeca, A Mulher Inesquecível ganhou o Oscar de melhor filme do ano, prêmio esse recebido pelos produtores. A seguir vieram os clássicos como Suspeita (1941), A Sombra de uma Dúvida (1943), Um Barco e Nove Destinos (1944), Quando Fala o Coração (1945), Interlúdio (1946), Pacto Sinistro (1951), Janela Indiscreta (1954), Intriga Internacional (1959), Um Corpo Que Cai (1958), entre outros.

Psicose (1960) foi o maior sucesso de bilheteria de Hitchcock. Foi filmado em preto e branco para diminuir o impacto das cenas em que aparece sangue, coisa que hoje não teria o menor sentido. Depois vieram outros filmes de categoria como Os Pássaros (1963).

Hitchcock não tinha um bom relacionamento com as mulheres. Seus comentários sobre as atrizes que atrizes que dirigia eram sempre neutros ou hostis. Também tinha  resistência em elogiar ou agradecer às pessoas com as quais trabalhava. Somente ouvia a sua esposa Alma Reville, que teve grande importância na sua carreira. Quando sua esposa ela adoeceu, o cineasta inglês ficou meio depressivo, não se importando com as homenagens que recebia.

Não se pode negar o talento do mestre do suspense. Seus filmes continuam atuais, divertindo e encantando plateias em todo o mundo, pois a maioria das questões tratadas por Hitchcock são eternas e universais. É fato que ele era um homem amargo, infeliz, solitário e sem amigos, e que não se amava. Todo o seu descontentamento consigo e com o mundo tornou-se uma força imponderável em sua arte.

O escritor Donald Spoto em um dos seus três livros sobre o cineasta, Fascinado pela Beleza, escreveu:

Hitchcock era um homem brilhante, excêntrico, torturado e basicamente infeliz, que nos deixou um legado artístico, talvez apesar de si mesmo.

Curiosidade sobre Hitchcock

  1. Naturalizou-se americana em 1956
  2. Considera o filme A Sombra de uma Dúvida o seu melhor filme. É o seu preferido.
  3. Seu diretor favorito era Luis Buñuel.
  4. Seu filme preferido era A Morte Cansada (1921) do diretor Frits Lang.
  5. Não era bem aceito pela crítica estadunidense, que considerava seus filmes ligeiros e vazios, além de decretar sua decadência todo ano.
  6. Os críticos e futuros cineastas franceses, foram os responsáveis por afirmar sua genialidade, o que serviu para mudar a postura da crítica estadunidense.
  7. Grace Kelly era uma das atrizes preferidas do diretor. Ela deve seu sucesso internacional aos filmes em que trabalhou com ele.
  8. Sua filmografia é composta por 58 filmes.
  9. O medo é a emoção mais presente na sua obra.
  10. O filme O Inquilino (1927) foi seu primeiro grande sucesso.
  11. Os escritores Edgar Alan Poe, com seus contos macabros, e G.K. Chesterton, com suas intrigas detetivescas, fascinaram-no na sua juventude e influenciaram sua obra.
  12. O cineasta realizou nove filmes mudos.

Fontes de pesquisa:
Cine Europeu/ Coleção Folha
Cinemateca Veja/ Abril Coleções
Fascinado pela Beleza/

(*) Hitchcock e sua esposa Alma

 Nota
Foto retirada de http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1195054-importancia-de-mulher-de-hitchcock-ganha-atencao.shtml

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JOSÉ MOJICA MARINS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Mojica                        Diretor de À Meia-noite Levarei Sua Alma e Despertar da Besta

Vi que em todo filme de terror, a mulherada jogava-se nos braços dos homens. E isso me animou a fazer filme de terror. (José Mojica Marins)

Eu aprendi a fazer cinema, fazendo. O que fiz foi explorar nossas superstições. (José Mojica Marins)

Quem nunca ouviu falar de À Meia-Noite Levarei Sua Alma ou Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver ou ainda do Despertar da Besta?

O paulistano José Mojica Marins é um dos gênios da sétima arte nacional, onde exerce várias funções: cineasta, ator, roteirista e diretor, assim como foram seus colegas de profissão, Oscarito e Mazzaropi, em tempos idos. É respeitado tanto no Brasil quanto no exterior, recebendo de diversos países convites como palestrante e homenagens.

O nosso Zé do Caixão já nasceu no meio artístico, como se aquilo fosse o prenúncio de sua carreira. Seus pais eram artistas circenses, sendo o pai toureiro e a mãe dançarina de tango. Quando tinha 3 anos de idade, seu pai tornou-se gerente de cinema e levou a família para morar no fundo de um. O pequeno José Mojica Marins ficava maravilhado, ao assistir aos filmes na sala de projeção. Também brincava de teatro de bonecos e montava peças feitas de papelão e tecido.

Aos 8 anos de idade, o menino Mojica preferiu uma câmara de 16 milímetros a uma bicicleta, o que já delineava a sua opção pela carreira cinematográfica. Sua primeira fita baseou-se nos quadrinhos, tinha fascinação pelo Mandrake, criando A Mágica do Macho.

Embora tenha trabalhado com os mais diferentes gêneros: drama, faroeste, aventura e pornochanchada (que fazia por dinheiro, mas não gostava), José Mojica Marins tornou-se conhecido como diretor de filmes de terror. É tido como um dos inspiradores do movimento marginal do cinema, ao fazer seus filmes à margem dos estúdios de filmagens, despertando para o movimento outros artistas. Como diz ele, “era tudo na base da criatividade”. E, como dizia Glauber Rocha, “era uma ideia na cabeça e uma máquina na mão”. Se lhe davam um roteiro, Mojica lia-o apenas uma vez e ia fazendo o que achava legal, sem nenhum compromisso com o que se encontrava escrito.

Segundo Mojica, o cinema brasileiro regrediu de lá para cá, excetuando alguns poucos trabalhos como Cidade de Deus, Independência ou Morte, Guarani, Iracema, películas que têm a ver com o país. Diz não entender porque não se explorava naquela época o que era nosso, num país cheio de vida.

O cineasta José Mojica Marins foi o primeiro a fazer Cinemascope (certa tecnologia de filmagem e projeção) e a fazer 10 minutos de desenho animado em Meu Destino em Tuas Mãos. Começou a fazer filmes de terror em 1960, fora dos estúdios, dando início ao cinema independente. Seu primeiro filme em Cinemascope foi A Sina do Aventureiro. A princípio, chegou a ser esnobado pelos críticos do cinema nacional, mas, quando seus filmes começaram a ser tidos como cult no circuito internacional, passou a ser visto com outros olhos.

Mojica atribui à ditadura o fato de não ter se tornado riquíssimo com o filme O Despertar da Besta, o seu preferido, que ficou 20 anos detido pela censura dos anos de chumbo. Ele afirma que a arte é o seu mundo, o seu objetivo maior de viver. Trabalha atualmente com cinema, televisão e histórias em quadrinhos. Aos 67 anos de idade, continua vivendo de arte: shows, reprises de seus filmes, festivais de cinema, etc. Será homenageado neste mês, num festival de Cinema no Texas.

O cineasta polivalente diz ter horror ao plágio. Sua criatividade diz respeito às coisas de seu país com muito orgulho: superstições, centro espíritas, macumbas, etc. É isso que tem a ver com ele, como explica. Quando novo, recebeu inúmeros convites para trabalhar nos EUA, França, Inglaterra e outros países. Arrepende-se por não ter aceitado os convites. Hoje, transformou-se num ícone do cinema nacional. É cult.

Há uma grande curiosidade acerca do apelido de Zé do Caixão, personagem popular criado por José Mojica Marins. Ele conta que nasceu de um pesadelo. O personagem Zé do Caixão estreou no filme À Meia-noite Levarei Sua Alma, ganhou popularidade e passou a estar presente em vários filmes do cineasta. Sua explicação:

Certa noite, ao chegar em casa bem cansado, fui jantar. Em seguida, estava meio sonolento, entre dormindo e acordado, e foi aí que tudo aconteceu: vi num sonho um vulto me arrastando para um cemitério. Logo, ele me deixou em frente a uma lápide, lá havia duas datas, a do meu nascimento e a da minha morte. As pessoas em casa ficaram bastante assustadas, chamaram até um pai de santo por achar que eu estava com o diabo no corpo. Acordei aos berros, e naquele momento decidi que faria um filme diferente de tudo que já havia realizado. Estava nascendo naquele momento o personagem que se tornaria uma lenda: Zé do Caixão. O personagem começava a tomar forma na minha mente e na minha vida. O cemitério me deu o nome; completavam a indumentária do Zé a capa preta da macumba e a cartola, que era o símbolo de uma marca de cigarros clássicos. Ele seria um agente funerário.

Completa este ano 50 anos de Zé do Caixão. Outra curiosidade é que ele é dublado em muitos de seus filmes, em razão dos problemas apresentados pelo cinema nacional na época.

Sua obra:
33 longas-metragens
4 médias-metragens
20 (cerca de) curtas-metragens

Maldito – nome do livro escrito pelo jornalista André Barcinski baseado na vida de José Mojica Marins.

Projeto: fazer uma série para a televisão e cinema, baseando-se no livro Maldito.

Televisão: possui um programa de terror no Canal Brasil chamado O Estranho Mundo de Zé do Caixão.

Explicação de Mojica para o sucesso do filme A Sina do Aventureiro:

Para fazer sucesso, eu usei um estratagema, porque já era difícil você entrar uma semana, e ficar três semanas em cartaz num cinema era mais difícil ainda. O que eu fiz? Eu pegava os meus alunos, numa época em que os cinemas tinham fila, e dividia um grupo de alunos numa fila, outro grupo em outra e mais outra. Todos eram atores, né? Então ficavam todos no meio da fila e diziam: “Pô, a gente perdendo tempo nessa fila, e passando uma fita tão boa no Cine Coral!”. Com isso, eles saíam de lá e levavam o pessoal da fila. E ia todo mundo para o Cine Coral. A fita foi muito bem nas capitais. Estourou em Salvador, em Porto Alegre. Porque ela tem uma miscelânea de Nordeste, de roupa nordestina com roupa gaúcha, com roupa americana. Eu misturo tudo, tem uma miscelânea. No final, tem uma curiosidade: a fita realmente agradou, só não agradou aos padres. Aí eu tive uma desavença com os padres que me acompanharia a vida toda.

Fontes de pesquisa:
Vox Objetiva
Canal Brasil
Wikipédia

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