COMO SURGIRAM OS DIAMANTES

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Recontada por Lu Dias Carvalho

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Itagiba e Potira formavam um casal de índios que vivia muito feliz em sua trib, na Amazônia. Nenhum amor poderia ser maior do que aquele que os unia. Mesmo que voltasse da pesca ou da lavoura muito cansado, Itagiba, cujo nome significa “braço forte como pedra”, punha-se a ajudar sua esposa na limpeza dos peixes ou no descascar do milho e das raízes de mandioca, ainda que alguns amigos dissessem que aquilo era coisa de mulher. O que lhe importava era ficar ao lado de Potira, cujo nome significa “flor”. Somente quando tudo estava arrumado na cabana é que os dois iam até o igarapé mais próximo, onde brincavam na água e banhavam-se. Depois, atiravam-se na rede de dormir, bem abraçadinhos.

Certo dia infeliz, a tribo de Itagiba e Potira foi atacada por uma tribo distante, que foi duramente rechaçada. Mas a fama da crueldade daquela gente deixou todos os guerreiros apreensivos, cientes de que eles voltariam ainda mais fortes. Não havia outra saída senão atacá-los antes. E foi por isso que o cacique preparou seus guerreiros para a investida. Dentre eles estava o valente Itagiba. Apesar da tristeza que sentia, ao ter que deixar sua Potira, prometeu-lhe que lutaria bravamente para voltar a vê-la.

Dois dias após os preparativos, os homens mais fortes da aldeia partiram logo ao amanhecer. Ao despedir-se de seu amado, Potira não chorou, pois queria lhe repassar força e coragem. Ali, na beira do grande rio, juntamente com outras mulheres, idosos e crianças, ficou olhando as pirogas desaparecerem na linha do horizonte, com os homens de sua tribo. Permaneceu muito tempo no lugar, como se em volta toda a beleza da selva houvesse desaparecido. Quando o sol estava alto no céu, voltou cabisbaixa e solitária para sua cabana.

No decorrer de muitos dias, Potira, mal chegava o amanhecer, dirigia-se para o rio, onde aportariam os guerreiros. Olhava para o céu, mirava as águas, escutava o canto dos passarinhos e o barulho de outros bichos, mas seu pensamento não desgrudava de sua amado Itagiba. Havia momentos em que o olhar traia-a, e ela imaginava enxergar as pirogas trazendo os guerreiros de volta. Mas um dia, isso realmente aconteceu, porém, Itagiba não se encontrava entre eles. Lutara bravamente, mas perecera na batalha.

Toda a taba reuniu-se para festejar a vitória e cultuar a memória de seus mortos, mas Potira não estava no meio. Ao receber a notícia da morte de seu esposo adorado, ela acocorou-se nas margens do rio, derramando abundantes lágrimas. E ali permaneceu pelo resto de sua vida, chorando, dia e noite, a ausência de seu amado companheiro. Ninguém sabia de onde nasciam tantas lágrimas, a ponto de até mesmo o rio parecer ter suas águas aumentadas.

O deus Tupã, condoído com o sofrimento de Potira, resolveu que lágrimas tão sentidas e amorosas não poderiam ser desperdiçadas. Por isso, transformou-as em diamantes brutos, as mais duras e brilhantes das pedras preciosas, encontrados entre cascalhos e areias dos rios, possuindo um imenso valor. Quando lapidado, o diamante recebe o nome de brilhante.

2 comentaram em “COMO SURGIRAM OS DIAMANTES

    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Pena que ela não usufruiu dos diamantes, que ficaram para as deusas de Hollywood e os príncipes islâmicos.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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