CRACK: FISSURA E TUIM

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

evol

O Aurélio define o crack como uma “Substância sólida, cristalina, obtida pelo tratamento de um sal de cocaína, ou de pasta impura que o contém, com bicarbonato de sódio. Essa droga, tóxica e ilegal, pode ser fumada, o que intensifica a ação do princípio ativo, que é a cocaína, com os seus efeitos danosos à saúde, e a ânsia por drogar-se novamente.”.

O crack é hoje a droga mais danosa, e vem penetrando com avidez em todas as classes sociais, produzindo uma legião de mortos-vivos. A sua investida em todos os patamares da pirâmide social brasileira tem preocupado o governo e autoridades no assunto. Muitos pais ainda não percebem o que acontece com os filhos, embora haja uma epidemia no Brasil (e no mundo), que ultrapassa todas as condições socioeconômicas. Hoje é totalmente falsa a ideia de que os usuários de crack são pessoas pobres. Na verdade, é o crack que os empobrece e marginaliza. Psiquiatras e especialistas em dependência química relatam que recebem em suas clínicas pessoas das mais diversas profissões.

A família, ao perceber os primeiros sinais de que o filho está usando crack, precisa tomar medidas, mesmo que dolorosas. Não tomar uma atitude só agrava a situação que, com o correr dos dias, vai se tornando insustentável para o usuário do crack e para aqueles que o rodeiam. Transformando  o usuário num caso crônico e a vida dos que o rodeiam num inferno.

O mais trágico é que, com a vida corrida que os pais levam, parecendo ter perdido as rédeas da existência, a descoberta de que os filhos usam drogas só é notada depois de muito tempo. O mais desolador é descobrir que meninos e meninas, antes mesmo de entrarem na puberdade, já estão se transformando em usuários em potencial. Ainda acontece que certos pais, inocentes ou irresponsáveis, creditam o fato à difícil fase da adolescência e, que, passada tal fase, tudo voltará ao normal.

A inobservância dos pais em relação às mudanças operadas nos filhos traz consequências desastrosas, pois quanto mais cedo eles descobrirem as causas, mais fácil será a correção, rompendo o vínculo com a droga. É preciso que estejam cientes de que a dependência é uma doença crônica, e busquem por ajuda. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde) a dependência química é uma doença grave, que não tem cura, e não há remédios, portanto, que evitem recaídas. Daí a necessidade de que os doentes tenham acompanhamento constante de profissionais no assunto e, especialmente, contem com a ajuda da família. Segundo especialistas no ramo, a internação numa clínica, recurso extremo, só deve ser levado em conta, quando todas as outras formas de luta falharem.

Outra faceta preocupante no uso de drogas ilícitas, dentre elas o crack, é que os usuários novos “no pedaço” trabalham com a convicção de que podem abrir mão delas, sempre que assim o quiserem. Ledo engano! Não existe um método capaz de apontar os indivíduos que se tornarão dependentes ou não de tais drogas. A coisa funciona como uma roleta russa. Usar drogas como saída para as frustrações é acrescentar mais sofrimento à própria vida, numa escalada ascendente.

O crack é campeão no ranking das drogas não liberadas, batendo a maconha, as drogas sintéticas e a cocaína. Hoje, as internações em decorrência do uso do crack correspondem a quase 100% dos viciados. E, para muitos estudiosos, é a droga que vicia em menos tempo e que mais rapidamente destroça seu usuário. Por causa da alta combinação de efeitos maléficos, tais usuários têm uma expectativa de vida bem reduzida. Portanto, o combate ao crack deve ganhar prioridade, pois age diferentemente de todas as drogas até então conhecidas, comungam as autoridades mundiais.

Mas, que estratégia foi usada para que tal erva daninha se disseminasse tanto? A maldita “venda casada” que pode ser resumida assim: à medida que o crack foi chegando às mãos dos traficantes, esses passaram a só vender a maconha, se os usuários comprassem junto pedras de crack. Por ser bem mais barata e produzir um “barato” rapidamente, os jovens foram deixando a maconha de lado, optando pelas pedras.

A rapidez com que o crack mata seu usuário poderia parecer, à primeira vista, um mau negócio para os traficantes, ao fazerem uso da “venda casada”, uma vez que o mercado definha. Mas não é bem assim. Os do ramo são especialistas no assunto e não jogam para perder. Possuem objetivos a curto, médio e longo prazo, como quaisquer outros empresários. Se eles perdem com o óbito de sua clientela, ganham na margem estratosférica do lucro obtido. Morreu um, uma dezena de outros ocupa o seu lugar, pois a droga é extremamente viciante e barata.

Outra explicação para a disseminação do crack está no sucesso da política mundial de repressão ao tráfico de cocaína – dizem as autoridades. Mas também alegam que o subproduto da cocaína é estarrecedor no seu grau de destruição do usuário. Quem usa crack não mais se satisfaz com outras drogas. E o consumo é cada vez mais precoce por parte dos fregueses.

Os usuários das classes mais abastadas não contatam diretamente os traficantes, para manterem em sigilo a identidade. Fazem seus contatos através de “mulas” ou “aviõezinhos”, garotos carentes que cobram pelo serviço e, com o dinheiro recebido, compram pedras para o uso próprio, aumentando o contingente de utentes.

Segundo especialistas, o crack afeta a região frontal do cérebro, responsável pelo pensamento e controle dos impulsos. O que torna seus usuários violentos e impulsivos. Em pouco tempo, eles se isolam e abandonam tudo, para viverem em função da droga. Quando não mais possuem dinheiro ou bens para serem vendidos, passam a roubar, sem medir consequências, elevando o índice de homicídios.

Os caminhos do crack

1- Mistura feita da pasta base de cocaína com água e bicarbonato de sódio, vendido na forma de pedras e fumado em cachimbo.

2- Ao ser acesa, a pedra elimina uma fumaça, que é a cocaína pura, em alta concentração que, ao ser inalada, segue diretamente para os pulmões.

3- Através dos alvéolos pulmonares a fumaça cai na circulação sanguínea, chegando ao cérebro. A baforada chega ao sistema nervoso em apenas 12 segundos, onde começa a fazer efeito.

4- No sistema nervoso central, a droga age sobre os neurônios e bloqueia a absorção da dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. O que mantém a substância química por mais tempo no espaço entre os neurônios, aumentando o prazer. É o “tuim” (taquicardia, euforia, desinibição, agitação e bem-estar).

5- Mas a alegria dura pouco, pois em 10 a 15 minutos o cérebro “percebe” o excesso de receptores e diminui sua quantidade. Aí vem a fase da depressão e da “fissura” (a vontade incontrolável de fumar novamente a droga).

Alerta: o número de dependentes de crack com renda acima de 20 salários mínimos cresceu 155%.

Nota: A droga diminui o apetite, fazendo com que o usuário emagreça cerca de 10 kg em apenas um mês. Veja um exemplo acima, de como o rosto de uma usuária de crack se definhou em fotos tiradas nas ocasiões em que ela foi presa, dos 29 aos 37 anos. (http://www.brasilescola.com/quimica/quimica-crack.htm)

Caps-AD – centro especializado em tratamento de drogas do Ministério da Saúde.

Fonte de pesquisa:
Revista Época/ nº 630

8 comentaram em “CRACK: FISSURA E TUIM

  1. Patricia

    Triste realidade que se alastra por todo o mundo. Infelizmente nossos jovens e crianças estão se contaminando e definhando. Muita gente ganhando com isto e pouca ação política no combate.

    Um grande abraço

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Nem mesmo os EE.UU conseguiram vencer a guerra das drogas.
      É muito dinheiro na jogada.
      Onde iremos parar?

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Matê

    Triste é verificar que mesmo os grandes países que tentaram acabar com o tráfico, na prática foram impotentes. Tudo que movimenta altíssimas somas em dinheiro é difícil de erradicar. Mesmo na prisão, bandidos comandam toda a operação, com lucros astronômicos. E a vítimas? As famílias destroçadas? Temos de alertar as crianças, o alvo preferido deles para serem futuros usuários.
    Abraço
    Matê

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Essa é uma triste verdade.
      O dinheiro corrompe tudo e oculta os caminhos do crime.
      Dá um dó das famílias!

      Beijos,

      Lu

      Responder
  3. José Sebastião Rosa

    Será que a procura pelas drogas sejam elas quais forem, não é uma fuga deste nosso mundo capitalista selvagem, humilhante e degradante para as pessoas? Os pobres porque não conseguiram se sobressair, e os ricos porque às vezes fazem um esforço sobre-humano para subirem e permanecerem no patamar que alcançaram, passando por cima dos seus conceitos e comportamentos estabelecidos em suas formações pessoais?

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      José Sebastião

      Sua análise é perfeita, pois o capitalismo selvagem só faz aumentar o vazio que há dentro das pessoas, principalmente ao valorizar o “ter” em detrimento do “ser”.
      E a justiça é outra fonte desesperança.

      E, assim, acabam todos marginalizados, tantos os que possuem uma vida miserável, quanto aqueles que possuem em excesso e não sabem o que fazer com tanto poder e riqueza.
      Onde não existe o equilíbrio, o famoso Caminho do Meio pregado pelo budismo, tudo foge ao controle, resvalando para o caos.

      Crianças e jovens, por serem inexperientes, são as maiores vítimas.

      Muito obrigada por sua participação.

      Volte sempre!

      Lu

      Responder
  4. Mário Mendonça

    Lu Dias

    Adivinha de que país veio esta desgraça?
    Fico me indagando: o que este país faz em benefício do mundo?
    Não consigo ver nada; ainda mais agora com Israel cometendo atrocidades com o devido apoio da Otan (USA e UE).

    Abração

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      O crack é mesmo uma grande desgraça para a humanidade, pois transforma seres humanos em zumbis. O problema tem sido apavorante em todo o mundo.

      Quanto aos judeus e palestinos, parece que nasceram para brigar, desde que o mundo é mundo. O que mais me dói é o sofrimento das crianças.

      Se tiver um tempinho, leia o meu post O PROBLEMA COM DEUS.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *