Letícia

Sei que não tem sido fácil para você carregar tão pesada carga, mas tenha a certeza de que sairá disso mais sábia e mais forte. Apesar do sofrimento, as dificuldades da vida burilam o nosso ser, tornando-nos em pessoas melhores, sobretudo mais humanas. Quando tudo isso passar, verá o quão grande foi o seu crescimento como ser humano. Quando achar que o peso nos seus ombros está maior do que aguenta, lembre-se de que em algum lugar existem pessoas sofrendo muito mais, sem nenhum vislumbre de esperança. Gosto muito de um provérbio popular que diz “Estava chorando porque não tinha sapatos e encontrei um homem que não tinha pés”. Portanto, minha linda, você é capaz, apenas siga adiante, vivendo um dia de cada vez.

Amiguinha, jamais se sinta só. Sempre estarei aqui para ampará-la com minhas palavras. Compreenda o alheamento em que vive sua mãe, postura própria da depressão. Lutei a vida toda com a depressão de minha mãe, vivendo tudo isso de que fala – ainda assim gostaria de ainda tê-la perto de mim. O bom é que os antidepressivos de hoje são bem mais eficazes. Concordo plenamente com a sugestão de seu médico. O indício de qualquer melhora exige que se espere um tempo maior. Confie nele. Apenas tenha paciência e viva um dia de cada vez nessa caminhada. A hidroginástica é uma maravilha, assim como as massagens e a meditação. Continue fazendo isso. Se possível, faça também hidroginástica.

Letícia, a sensação de impotência é comum a nós humanos, principalmente quando se é muito jovem. Vivendo num mundo por demais veloz, achamos que tudo deva ser assim. Acontece que o tratamento de nosso corpo não acompanha essa velocidade. Precisamos compreender isso e aceitar com entusiasmos os pequenos progressos de cada dia. A sua “desesperadora sensação de impotência” é ruim, pois nela está imbuída a falta de esperança. Menininha, viva apenas um dia de cada vez, não aumente seu fardo. Segundo a medicina chinesa, o peso nas costas significa os problemas que está carregando. É uma forma de seu corpo dizer que é preciso mudar seu modo de ver a vida, aceitando as limitações e as cargas que ela traz, pacientemente (o que não quer dizer omissão). Penso também que deveria aconselhar seu pai a buscar o AAA. Converse calmamente com ele. É possível que esteja usando o álcool como uma saída ilusória para não conviver com a doença de sua mãe. Ele me parece uma pessoa muito fragilizada, também merecendo cuidados.

Parabéns pela força que carrega consigo. Tudo isso irá passar. Acredite!

Abraços,

Lu

Antes de qualquer coisa quero expressar minha gratidão a você, por sempre me responder e as respostas suas e seus textos aqui publicados são um acalento para mim, venho lendo todos.

Está tão difícil segurar essa barra, conseguir ter paciência, ver que dia após dia eu me sinto tão sozinha (minha mãe sempre foi muito minha companheira e nesses momentos de crise ela sequer pergunta algo para mim, nem um “como você está?”. Venho sentindo um peso bem grande em minhas costas, uma vez que estou lutando com essa terrível depressão da minha mãe (com um respingo grande em mim) e com uma forte tendência ao alcoolismo do meu pai. Sinto como se os papéis tivessem sido invertidos e hoje eu tenho que ser muito mais “mãe e pai” deles do que eles de mim, é isso vem me deixando extremamente esgotada.

Quanto a minha mãe (hoje é o 27º dia dela com a dosagem de 20mg do escitalopram, entrei em contato com o médico dela, e ele acha que como ela teve uma pequena melhora ainda devemos insistir com o medicamento, até completar 40 dias, ele inseriu vitaminas pra ela (B12, Metilfolato ácido fólico e orotato de lítio), comprei as mesmas e estou aguardando chegar pra ela iniciar o uso.

Apesar da melhora (considero pouca, é a gente sempre quer que tudo fique bem logo), ela ainda vem tendo picos de se calar, poços de mãos trêmulas, estômago ruim e náuseas (coisas associadas aos efeitos colaterais do remédio). Gostaria mais uma vez de contar com suas gentis palavras e de sua opinião, acha que devo insistir com o médico para a mudança de medicação?

Ps.: ela faz hidroginástica diariamente, está fazendo meditação (eu mesma coloco do YouTube pra ela), e estou fazendo umas massagens nela. Ah Lu… que sensação desesperadora e de impotência, hoje achei que eu não fosse dar mais conta, hoje me calei e quando falei discuti, foi um dia difícil.

Letícia

Sei como é essa preocupação com sua mãe. Também já passei por isso, pois a minha era também depressiva. Procure ficar tranquila e repassar sua tranquilidade para ela, encorajando-a. A sua confiança no tratamento é um fator muito importante para ela, pois a depressão tira qualquer tipo de ânimo do doente.

Amiguinha, como lhe disse, certas pessoas necessitam de um tempo maior para que o medicamento faça efeito. Pelo que me diz, os bons resultados – ainda que frágeis – já começam a aparecer. Portanto, deve esperar pelo menos 30 dias após o aumento da dosagem. Seria importante que sua mãe fizesse também algum tipo de exercício (caminhada, por exemplo). Isso ajuda na reabilitação do organismo.

Letícia, você poderá me escrever quantas vezes necessitar. Procure também ler os textos sobre o assunto para poder ajudar sua mamãe.

Beijos,

Lu

não consigo mais ficar longe desse cantinho, ele me acalenta, pois também me sinto por vezes desamparada diante da situação da minha mãe.

Hoje ela está completando exatamente 24 dias desde o aumento da dosagem para 20 mg do escitalopram, confesso que sinto, sim, uma melhora dos sintomas, mas pequena ainda, sinto ela por vezes apática, com o astral bem baixo, ainda percebo alguns tremores nas mãos e alguns outros sintomas. Você acha que ainda seriam os efeitos da adaptação da medicação? Porém do que ela estava há uma evolução, pequena, mas há. Acredita que devo esperar chegar pelo menos 30 dias de aumento da dosagem para poder avaliar melhor? Desculpe às vezes ser tão repetitiva e querer sempre uma opinião, mas é como eu disse, vem de alguém que me entende.

Obrigada!

Letícia

O aumento da dosagem de um antidepressivo pode se dar aos poucos ou de uma vez. O psiquiatra olha, normalmente, o estado em que se encontra o paciente. Se a pessoa está muito ruim, uma dosagem mais alta trará uma resposta mais imediata. Quanto o paciente ainda se encontra relativamente bem, esse aumento poderá acontecer aos poucos. Penso que o caso de sua mãe exige o aumento de uma vez. Muitas vezes eu prefiro que assim seja, pois a pessoa sofre apenas uma vez com os efeitos adversos. Ainda que eles possam aparecer mais fortes, assim que passam, o bom resultado é mais efetivo. Portanto, amiguinha, isso não deve ser nenhum motivo de preocupação.

Amiguinha, como já lhe disse, a reação do medicamento no organismo das pessoas não obedece a um mesmo padrão. Algumas precisam de menos tempo e outras de mais. Penso que deve esperar pelo menos 30 dias. A meditação será excelente para ela. Converse com seu médico sobre a possibilidade de ela tomar melatonina (o meu médico receitou-me e estou me dando muito bem). Chás calmantes como melissa e camomila (3x ao dia) também fazem muito bem. Depois irei fazer um texto sobre os bons alimentos. Continue acompanhando nosso blogue.

Beijos,

Lu