DIA DOS SANTOS REIS

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Autoria de Luiz Cruz

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“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Art. 216)

No período de 25 de dezembro a seis de janeiro, grupos de Folias de Reis e Pastorinhas saem para visitar as casas, homenageando o Menino Deus dos presépios. Esta é uma tradição de origem latina, que recebemos de Portugal. Até hoje, em nossa contemporaneidade, ela é expressiva em diversas regiões brasileiras. Em Minas Gerais, tanto as Folias de Reis quanto as Pastorinhas percorrem as ruas centenárias de Ouro Preto, Mariana, São João del Rei, Sabará, Itabira e outras cidades mais recentes, como Entre Rios de Minas e Jeceaba, mantendo esse traço de nossa cultura, ou melhor, de nosso patrimônio imaterial, que resiste às modernidades tecnológicas.

Este é considerado o período em que os Reis Magos Baltazar, Gaspar e Belquior saíram para visitar e levar presentes para o Menino Deus, seguindo a Estrela do Oriente. Em alguns países latinos, o dia seis de janeiro é Dia Santo, considerado mais importante que o dia 25 de dezembro, quando se oferece os presentes, exatamente como os Magos fizeram com o Menino Deus. Além das visitas aos presépios das igrejas e particulares, em algumas cidades realizam-se encontros de folias e pastorinhas, momento significativo para os grupos se confraternizarem e prestar homenagem coletiva ao Menino Deus, mantendo a tradição e a fé.

Cada localidade foi se adequando, conforme as condições, incentivo e reconhecimento da comunidade, sendo que, em alguns grupos, os detalhes recebem muita atenção, desde os instrumentos artesanais, as vestes, as máscaras, os ensaios e os meios de transporte, contrastando com outros em que só o esforço em mobilizar os componentes consome muitas energias, comprometendo tudo. Os grupos mais tradicionais têm as seguintes formações:

  • os três Reis Magos;
  • os palhaços, que dançam e animam o grupo;
  • os músicos que tocam os instrumentos: violão, viola, cavaquinho, tambor, triângulo, pandeiro e acordeom;
  • coro – geralmente masculino;
  • folião – o chefe da folia, que organiza e conduz o grupo,
  • bandeireiro – que conduz a bandeira da folia e recebe as oferendas, geralmente em dinheiro. A bandeira é feita em pano de cetim, com a imagem da adoração dos Santos Reis ao Menino Deus na manjedoura. É enfeitada com fitas e flores.

Cada grupo desenvolve seus cantos que são improvisados de acordo com as circunstâncias. Há um canto quando se chega à casa, com a porta fechada; um quando a dona da casa recebe a bandeira e a conduz por seu interior, abençoando a morada e a família. Em seguida, junto ao presépio. Depois, o dono oferece um café aos foliões e logo é feito o agradecimento. Se houve doação, o grupo agradece novamente. É um ritual cheio de significação e emoção!

Em São João del Rei existe uma Folia de Reis feminina, que é raro, a foliã é Dona Lilia, que conduz o grupo há alguns anos, revigorando a tradição. Como os cantos são improvisados, é da maior relevância o registro das cantigas, o que tem sido feito pelo folclorista Ulisses Passareli, em São João del Rei. Trabalho que poderia ser realizado em outras localidades para o registro desta manifestação cultural tão rica e cheia de espontaneidade.

As Pastorinhas têm formações diferentes, há grupos com meninos e meninas e há grupos somente de meninas. Em alguns, temos a participação dos três Reis Magos, pastores e as ciganas, que levam os cantos ao Menino Deus. Alguns grupos cantam e dançam, com coreografia desenvolvida à frente dos presépios. As vestes são bem cuidadas e os personagens levam oferendas para o Menino Deus. Grupos de Pastorinhas estão presentes em várias cidades mineiras e também pelo Brasil afora. A cada localidade, os cantos vão se adaptando, mas mantendo o costume.

Hoje, seis de janeiro, Dia dos Santos Reis, as Folias e as Pastorinhas estarão percorrendo as ruas e visitando os presépios, exatamente como fizeram Baltazar, Melquior e Gaspar. Em Tiradentes, as Pastorinhas não têm saído por falta de iniciativa e apoio. O folião Gilson Costa consegue sair com a Folia de Reis com grande esforço, por falta de reconhecimento e incentivo. No Dia de Reis sua folia visitará o presépio do Largo das Forras, a partir das 20h00. Não deixem de participar e incentivar esse grupo tão importante para nossa cultura.

Aqui, aproveito para homenagear o folião Orlando Curió, falecido recentemente, que participou de tantas folias, levando canto e alegria a muitas famílias e presépios. Acima, ilustrando o texto, o encontro em Mariana foi emocionante, com a participação de grupos de todos os distritos e ainda mais convidados da região, unindo várias gerações. (Fotos 1,2 e 3)

14 comentaram em “DIA DOS SANTOS REIS

    1. Luiz Cruz

      Olá Luciano,
      Minas tem muito encantos e seu Patrimônio Imaterial é muito valioso.
      Muito obrigado por sua presença aqui.
      Um grande abraço,

      Luiz Cruz

      Responder
    1. Luiz Cruz

      Sílvia,
      Muito obrigado.
      No final do ano teremos mais textos sobre o tema e espero poder contar com sua presença aqui.
      Abraço amigo,
      Luiz Cruz

      Responder
  1. Edward Chaddad

    Luiz
    Excelente seu texto, como sempre.
    Penso que em Minas Gerais, está um celeiro de conservação de nossa cultura, de nossos costumes, de nossas raízes maravilhosas. E as Folias de Reis e as Pastorinhas são importantes luzes da mantença de nossas raízes culturais, como você muito bem coloca.

    Lembrei-me do meu tempo de criança, aqui no interior de São Paulo, tradição hoje não mantida, de presépios armados em quase todas as casas, antes do Natal e somente guardados para o outro Natal a partir de 06 de janeiro, o dia dos Santos Reis. O Natal assim era comemorado de 24 (véspera) até o dia 06 de janeiro do ano seguinte.

    Parabéns a você Luiz pelo seu trabalho, mostrando nossas tradições. Parabéns ao povo mineiro pela preservação deste encantamento todo.

    Um forte abraço

    Responder
    1. Luiz Cruz

      Edward,
      Como de sempre, seu retorno só me trás alegria, pois reconhece e valoriza os aspectos que apresento através de textos e imagens. Realmente, Minas é um celeiro riquíssimo em manifestações culturais, que deveriam receber muito apoio e incentivo.

      O tempo de Natal é ideal para a mobilização em torno dos presépios, tanto para a montagem quanto para a desmontagem, pois une familiares e amigos, tornando oportunidade para reflexão sobre o tempo natalino.
      Gratíssimo!

      Abraço amigo,
      Luiz Cruz

      Responder
    1. Luiz Cruz

      Terezinha,
      Com certeza, este espaço é rico de informações, cultura e arte.
      Muito bom, não é?

      Abraço amigo,
      Luiz Cruz

      Responder
  2. Patricia

    Luiz

    Adoro nossa cultura. É uma pena que as igrejas de Belo Horizonte não promovam eventos para este dia. Com esta falta de incentivo todo o povo e, principalmente a juventude, vai perdendo a história da cultura brasileira.

    Responder
    1. Luiz Cruz

      Olá Patrícia,
      É um prazer ter você aqui lendo meu texto.
      É curioso não ter celebração no dia 6, mas em Belo Horizonte vários presépios podem ser apreciados, tanto nas igrejas quanto nos locais públicos, como na Praça da Liberdade, no Parque Municipal e até na Rodoviária.
      Lendo seu comentário me lembrei que visitei a Igreja dos Santos Reis, no interior do Espírito Santo – um belíssimo local, que celebra os o Dia de Reis.Tomara que esse dia seja lembrado em Belo Horizonte e que as manifestações conquistem seus lugares, seja nos templos ou áreas públicas.
      Obrigado pelo retorno.
      Abraço,
      Luiz Cruz

      Responder
  3. LuDiasBH Autor do post

    Luiz

    Mais uma vez você nos traz textos falando sobre esta cultura maravilhosa que é a comemoração dos Santos Reis. E é uma pena que Tiradentes, a princesinha das cidades históricas mineiras, venha sofrendo com a falta de esforço e incentivo por parte dos órgãos públicos, o que é realmente lastimável. Eles deveriam ser os maiores interessados em cultivar tradições populares tão ricas e tão belas.

    Meu amigo Luiz, você vem fazendo um trabalho inestimável, tocando a sensibilidade das pessoas, com seus belos textos e participações em encontros, de modo a não deixar morrer estas riquíssimas tradições que pertencem a todos nós brasileiros.

    Terá sempre neste blog um espaço especial.

    Abraços,

    Lu

    Responder
    1. Luiz Cruz

      Lu,
      Muito obrigado por sua atenção de sempre.
      As manifestações culturais devem ser reconhecidas e incentivadas. Aqui em Tiradentes fazemos um esforço danado para apoiar os foliões, mas sem reconhecimento oficial tudo se torna mais difícil. Estamos num processo e acredito que ainda vamos superar,pois o global não pode sufocar o local, que precisa de espaço, luz, brilho, vida.
      Um abraço amigo para você,
      Luiz Cruz

      Responder
    2. Solange Jobim

      Oi Luiz
      Obrigada pelo texto. Precisamos fortalecer as iniciativas populares que contam nossas histórias de paz, amor e confraternização. Vamos promover a Folia de Reis de Tiradentes com o nosso apoio aos grupos resistentes.
      Grande abraço.
      Solange

      Responder
      1. Luiz Cruz

        Solange,
        Foi com alegria que recebi a notícia de que você receberia a Folia de Reis em sua casa, não compareci por motivo de viagem.
        Receber, apoiar e incentivar as manifestações populares é da maior relevância, sem a integração com a comunidade, elas perdem sentido. Por isso, nosso muito obrigado pela sua iniciativa e da Andreia.
        Vamos tentando fazer nossa parte.
        Grato pela sua presença aqui e retorno.

        Abraço,
        Luiz Cruz

        Responder

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