Autoria de LuDiasBH
Devido ao meu gênio renitente,
eu comecei a engolir palavras,
coitada, ainda em tenra idade.
E foram muitas as danadas!
Algumas foram sorvidas a seco,
outras, com muitas gotas junto.
Se eu estava perdida por pouco,
melhor seria “perdida por muito”.
Para cada palavra rechaçada, aiai,
lá vinha aquela ordem implicante:
– Mocinha, engula o que você falou,
ou vai levar uma palmada.
Teimosa de queimar a cachola,
desculpava-me da boca pra fora,
enquanto da boca pra dentro, eu
repetia mil vezes a desforra.
Sem mencionar as muitas vezes,
em que de pirraça, me emudecia,
e os bons tabefes dados na boca,
logo meus lábios intumesciam.
Eis o efeito de minha obstinação:
os meus beiços inchados, inflaram,
e as tantas e tantas palavras sorvidas,
jorram, hoje, em versos e em prosa,
bem manumissas e aos borbotões.
Lu Dias
Poesia e desabafo andam juntas.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Meus pais nunca aceitaram palavrões ou respostas malcriadas.
Mas há um imenso exagero na poesia… risos… coisa de poeta… risos.
Abraços,
Lu