FICAR UMA ARARA

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Autoria de Lu Dias Carvalho arara

Ao tomar conhecimento de que o azeite vem sendo adulterado e que o tão propalado “azeite extra virgem” só tem de virgem mesmo a desventurada ingenuidade do cliente, eu fiquei uma arara. Este nosso país é mesmo o paraíso do mau-caratismo. Aqui se adultera tudo, do leite ao remédio, sem o menor pudor, sem dó ou piedade. Fiscalização que é o dever dos poderes constituídos para tal, inexiste. Ou melhor, ela também foi adulterada pelo descaso, pela irresponsabilidade e corrupção dos grandões, aliados nas mamatas, irmanados no molha mão. Querem mesmo é que o povo fique a ver navios, num mato sem cachorro. É preciso botar a boca no trombone, ficar fulo de raiva e cuspir fogo.

O que uma bela e inocente avezinha tem a ver com a sem-vergonhice desse cartel de falsificadores e enganadores? É claro, que coisíssima nenhuma, pois ela só faz embelezar o nosso mundo. Então, por que a arara encontra-se nesta história? Bem, o seu comportamento foi tomado como símbolo das pessoas que se chateiam, que se se encolerizam ou se revoltam com certas coisas com as quais não estão de acordo, como faz a arara que, ao ser contrariada, mostra-se indignada, eriçando as penas, abrindo as asas e  grasnando com sua voz rouca. Ou seja, ela bota a boca no mundo, reclamando de peito aberto e em altos brados para quem quiser ouvir.

Neste nosso país não se pode fazer ouvidos moucos, é preciso ficar com a orelha em pé para tudo. Muito cuidado também com as cirurgias desnecessárias, pois há muita gente de avental branco, com estetoscópio no pescoço, querendo ganhar mais às custas dos ingênuos. Nunca aceite uma só opinião. Busque duas, três. Quase fiquei com os cabelos em pé, fula da vida,  mordida de raiva, ao saber que uma cirurgia a mim indicada era desnecessária. E olhe que o sujeito no comando é um bambambã no pedaço. Fiquei de beiço caído. É preciso estar de olho, minha gente, ficar de venta acesa, senão a vaca vai pro brejo, pois jacaré que dorme de barriga para cima vira bolsa de grã-fina. Quem ficar frosô leva tinta ou sai chamuscado. E se ficar uma arara não resolver a situação, vire uma onça, uma cobra ou o que for necessário. Em suma, bote a casa para baixo. Mostre que bulir em casa de marimbondo é o mesmo que mexer com fogo. Vamos botar vergonha neste país custe o que custar.

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