Filme – ADEUS, MENINOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Gastei muito tempo para realizar “Adeus, Meninos”. Eu vivia angustiado, com um medo terrível de não fazer algo bem feito. Hoje, vejo o filme como o apogeu de minha carreira. (Louis Malle)

Um artista verdadeiro pode se servir do horror para revelar o belo – e vice-versa. É exatamente o que fez Louis Malle em Adeus, Meninos, drama pungente de inocência ameaçada pela barbárie nazista, mas também crônica de afetos cultivados em silêncio, como frágeis flores de estufa. (José Geraldo Couto)

Filme sobre os reencontros – com memória pessoal, com a história coletiva, com o próprio país – “Adeus, Meninos” conjuga a emoção com o distanciamento. Através do tempo filtrado pela memória, o prematuro testamento cinematográfico de Louis Malle é o documentário mais preciso que o realizador podia rodar sobre si mesmo. ( Esteve Rimbau)

O filme Adeus, Meninos (1987), escrito, dirigido e produzido pelo cineasta francês Louis Malle, traz como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas ocuparam a França. Ele se inicia numa estação de trem, com o garoto Julien Quentin (Gaspar Manesse) e seu irmão François (Stanislas Carré de Malberg), despedindo-se da mãe para retornarem ao internato católico, onde estudavam. O garoto não se mostra satisfeito com a volta ao colégio, depois das férias do Natal, mas a mãe diz-lhe que é necessário frente aos problemas vividos. Ao garoto não resta alternativa a não ser tomar o trem em direção à cidade interiorana, onde se encontra sua escola.

Julien surpreende-se com a chegada de três novos alunos no internato, sobretudo com a presença de Jean Bonnet (Rapahael Fejto), seu colega de sala, com quem, a princípio, quer competir. O comportamento do garoto inteligente e tímido, que reza em língua hebraica e com velas acesas, usando um solidéu, quando todos se deitam, e se diz protestante, aguça mais ainda a sua curiosidade. Assim, põe-se em campo em busca de respostas. Sorrateiro, quando todos estão presentes em outras atividades, vai até o dormitório e abre o armário de Bonnet, descobrindo a sua origem judaica. Para testar o garoto, Julien oferece-lhe pão com patê de carne, que é prontamente recusado, fato que reforça a sua descoberta. Depois revela ao novato que sabe quem ele é.

Mesmo após a descoberta, Julien não conta nada a ninguém. Ao contrário, aproxima-se mais de Bonnet, vivenciando com ele seus medos, pois o garoto judeu, sempre amedrontado, entra em pânico ao ver um policial. Numa visita de sua mãe ao internato, Julien pede-lhe para convidar Bonnet para almoçar com eles, ao notar que ninguém vem visitá-lo. Os dois passam a andar juntos e compartilhar segredos.

Joseph (François Négret) é um rapazinho problemático que trabalha na cozinha do educandário. Sofre com a sua condição inferior à dos garotos ricos. Ele rouba alimentos e vende cigarros e selos para os alunos. Quando descobertos, compradores e vendedor são chamados à presença do superior, padre Jean (Philippe Morier-Genude), que lhes passa um bom sermão. Mas apenas Joseph é convidado a acertar suas contas e ir embora, fato que o deixa revoltado. Como vingança, o ajudante de cozinha entrega o superior do educandário à polícia nazista, pois mesmo correndo risco, os padres ajudavam a esconder crianças de origem judaicas e haviam abraçado o lado da resistência ao nazismo.

A Gestapo, polícia alemã, invade a escola, interrompendo uma aula, na tentativa de descobrir filhos de judeus, que ali se encontram. O oficial nazista entra na sala de aula e pergunta quem são as crianças que procura. Os alunos mostram-se visivelmente surpresos. Contudo, Julien, num gesto incontido, vira-se para o amigo Bonnet, o que permite que o garoto de origem judaica seja identificado. Ele parece não se perdoar por aquele deslize, mas o amigo assegura-lhe que seria preso de qualquer jeito. O carrasco alemão avisa que o superior já fora preso.

Até o aparecimento do chefe da Gestapo, a vida dos estudantes não havia sido afetada pela guerra. Muitas vezes, os avisos de ataques aéreos são vistos até com prazer, quando interrompem uma aula chata. Os alunos descem para o abrigo antibombas, onde continuam o estudo, entre uma brincadeira e outra.

Adeus, Meninos relata um trecho da infância do diretor Louis Malle que, aos 12 anos, estudou em um colégio interno católico. Também deixa evidente a crítica aos franceses que colaboraram com os nazistas, tornando-se dedos-duros, pois apenas poucos deles participaram da resistência ao regime de Hitler.

O padre e o garoto morreram nos campos de concentração nazista, conforme informa a parte final do filme.

Curiosidades:
• Os atores mirins, que estreiam no filme, dão um show de interpretação.
• O filme não apela para o sentimentalismo, apenas sugere a ocupação nazista e sua crueldade.
• Seu título refere-se à despedida do superior da escola, quando é conduzido pela escolta nazista.
• O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original. Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza. Foi também indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

Fontes de pesquisa
Coleção Folha/ Cine Europeu
1001 filmes para ver…/ Editora Sextante

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