GOLPE – O PAQUERADOR DE SHOPPING

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Autoria de Alfredo Domingos

shop

Há relatos em demasia sobre a aproximação de indianos com mulheres do mundo inteiro, em especial envolvendo as brasileiras, com o fito de os primeiros obterem vantagens. Isso está muito bem enfocado e alertado em dois importantes textos da Lu Dias, aqui no blog Vírus da Arte & Cia. – “Índia – golpe da união com estrangeiras” e “Índia – mulher estrangeira x indiano”.

Existem artimanhas das mais variadas para a aproximação, praticadas pelos homens estrangeiros, conforme as próprias mulheres têm apresentado. Deduz-se que a intenção principal não é o amor ingênuo, e sim algum tipo de ganho financeiro ou de oportunidades. Essa apelação, aproveitando, talvez, a solidão momentânea da mulher é extremamente desagradável, desrespeitosa, e também com contornos de delito provenientes dos golpes que provavelmente serão aplicados. Considerando essa situação, exponho outro tipo de golpe conduzido fora das conexões internacionais, bem perto, ali na esquina.

O agente principal da farsa já é conhecido como o “paquerador de shopping”. E, infelizmente a “trama” é verdadeira, sendo a vítima uma pessoa da nossa amizade. Diga-se, a princípio, que a área de atuação abrange alguns shoppings, com mudanças frequentes, para não dar na pinta, imagina-se. De passagem, vale comentar que o shopping é excelente cenário para a atividade da conquista. Ali encontramos ambiente mágico, luzes feéricas, alegria em excesso e facilidade para obter alguma coisa ou, até mesmo, uma pessoa. Normalmente, não se sai do shopping de mãos vazias, podemos carregar também as mãos alheias, agarradinhas.

Há toda uma preparação por parte do “artista” (verdadeiro ator na arte de engabelar as mulheres). Roupas apertadas, de garotão. Cabelo arrepiado com auxílio de gel. Tênis coloridos. E para fechar o visual, carrega a inseparável mochila. Isso sob as mais de quatro décadas que o cidadão já percorreu, ostentando uma feiura quase inigualável, o que surge como incrível. Os seus procedimentos eficazes são o posicionamento estratégico no alto da escada rolante e a forma de abordar as incautas. É reconhecido como um especialista no ofício.
O aproveitador utiliza um ingrediente que tem tudo para garantir o sucesso da empreitada – a boa observação, conduzida de cima, sobre as mulheres que sobem, desprevenidas, na escada em movimento. A presa, para o bote, deve aparentar estar solitária ou em dificuldades, com a tristeza aparente, e, em consequência, no estado de carência. Exatamente dessa forma, aconteceu com a tal nossa amiga. Havia sido arrancada recentemente de um casamento de meia dúzia de anos. O ex-marido, ao despertar-se no que se transformou num mau dia, disse-lhe apenas:

– O nosso casamento já deu, e após o café da manhã tirarei o time de campo.

Ironicamente, a raiva aumenta quando ela se lamenta por ainda ter fornecido o “breakfast”. Fazer o quê?! Revestida de profunda mágoa e sem um companheiro, a amiga converteu-se em fácil conquista para o “paquerador”.

Numa segunda-feira insossa, à tarde, calçando surradas sandálias de borracha, sem preparo algum para colóquio amoroso, foi pega de surpresa pelo galanteador, que do seu posto de vigilância disparou sentença irresistível:

– Chegou a “deusa da tarde”! Desculpe-me, mas tinha que lhe dizer o quanto fiquei fascinado! Não consegui ficar calado.

A fala constituiu-se em jogada de mestre! A abordada não ofereceu resistência. Daí, sem demora, houve um convite para o cafezinho, que foi aceito de bom grado. Em decorrência do papo de cerca-lourenço, marcaram novo encontro. Rápido, assim! À primeira vista, ele é gentil, cheio de rapapés. Sem dúvida, sabe cortejar as mulheres. Trata-se de profissional! Falando em profissional, cabe inserir a sua profissão, segundo o próprio: atividade liberal “free lancer”. Que maravilha, hein? É um tudo, tendendo a nada! Ocorreram encontros, todos sem muito gasto, o mínimo de despesa, porém, recheados de carícias, palavras melosas e outras coisas íntimas! Todavia, uma decisiva pedra estava para ser mexida no tabuleiro da oportunidade. Aquela do xeque-mate!

O amigo revelou-se incomodado por não poder se dedicar inteiramente a ela, confessou a paixão. Mas para colocar tudo em pratos limpos precisava, “por decência”, abrir o jogo e contar detalhes sensíveis da sua vida. Mentira ao afirmar que morava sozinho. Alegou que aturava, com pena, uma pobre ex-esposa, doente mental, que necessitava de cuidados. Mas a situação era muito ruim para ele, pois não se concentrava no trabalho, em função dos desvarios da criatura, além das demandas da doença. Precisava tomar uma decisão firme e sair de casa para canalizar o seu amor somente nela, a namorada, e ter sossego para produzir o sustento, que estava sendo deixado de lado. Acrescentou que atravessava difícil situação financeira, por tudo que foi contado, não dispondo de condições para arcar com as despesas de aluguel, etc.

Para resumir, a nossa amiga compadeceu-se e ofereceu, inicialmente por um curto período, acolhimento no seu apartamento. Para ele, muito melhor a emenda do que o soneto, claro! Em um mês, mais ou menos, o sabido estava aboletado não somente na residência, mais em tudo o mais, inclusive no carro! Sujeito bem-sucedido este! Outras necessidades foram sanadas. Tratamento dentário. Uma antiga dívida. E a tão sonhada cirurgia oftalmológica, nunca resolvida. Coitado, concentrava problemas demais! Contudo, o fim acaba chegando para tudo. Depois de seis meses, instalado com todas as mordomias, sem comparecer com um real que fosse, a minha amiga, finalmente, percebeu o conto do vigário. Revoltada com a vida mansa do sujeito e o pouco afeto por ele dedicado ultimamente, indicou-lhe a porta da rua para a saída definitiva, em busca de outro pouso ou de alguém mais bobo que permitisse a continuação da “farra”.

Parece, contudo, que o esperto não se emendou. Dia desses, foi visto em ação, cortejando outra desavisada, com a mesma cara de pau, desfazendo-se em mesuras. Fica o providencial alerta: mulheres, atenção, o “paquerador de shopping” está solto!

Nota: Imagem de www.torange-pt.com

3 comentaram em “GOLPE – O PAQUERADOR DE SHOPPING

  1. Alfredo Domingos

    Lu,
    O texto foi classificado como crônica, mas como você bem denominou poderia ser chamado de “utilidade pública” ou simplesmente “alerta”.

    A escrita buscou um aspecto leve, porém, a situação real foi muito séria.
    Um relacionamento não deve representar o sustento de um pelo outro, exceto em momento emergencial, claro! Fora disso, é pura esperteza!
    Meu abraço,

    Alfredo Domingos.

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  2. LuDiasBH Autor do post

    Alf

    Excelente o seu texto.
    Diria até que se trata de um artigo de utilidade pública.
    Quanto mais tipos de golpes levarmos ao domínio público, mais alerta estaremos dando para as pessoas. Pois muitas neles caem por inocência ou falta de informação.

    Abraços,

    Lu

    Responder

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