Mestres da Pintura – GIOTTO DI BONDONE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Giotto tinha uma mente tão excelente que, entre todas as coisas que a mãe natureza criou sob o reino dos céus, não havia uma que ele não tivesse reproduzido com a sua pena e estilete, e cujo trabalho não se parecesse com a aparência da coisa, mas com a própria coisa. Assim, acontecia com frequência que o sentido da visão das pessoas falhava quando era confrontado com o seu trabalho, tomando por verdadeiro o que era apenas pintado. (Giovanni Baccaccio)

A humanidade da mensagem de Giotto, a grandeza de sua visão, a convicção de suas crenças e a confiança em seu talento exibidas na Capela Arena apontaram o caminho para o futuro da pintura ocidental. (David Gariff)

O pintor e arquiteto florentino Giotto di Bondone (1267 – 1337) é tido como um dos mais importantes precursores da pintura ocidental, sendo o primeiro pintor importante a desligar-se das convenções da arte bizantina, trazendo para a arte um novo sentido de realidade tridimensional. Conta a lenda que, ainda rapaz, foi descoberto por Cimabue, enquanto desenhava as ovelhas de seu pai. Não se sabe se tal fato é verdadeiro, mas se tem como certo a informação de que ele foi discípulo do mestre Cimabue, tendo trabalhado em sua oficina, ainda que de forma independente.

Em Roma Giotto recebeu um grande incentivo da escultura gótica francesa. É quando sua obra apontou para uma ruptura com a arte bidimensional da tradição bizantina. Ele se tornou responsável pela criação de uma nova linguagem formal da arte representativa dos acontecimentos sagrados, ao mostrar suas figuras vestidas em ação, dentro de paisagens ou salas. O pintor recriou em suas obras a ilusão de profundidade em superfícies planas, como se a história sagrada estivesse acontecendo diante dos olhos do observador. A pintura sagrada deixou de ser meramente ilustrativa para trazer a sensação de realidade. As cenas passaram a enfocar o aspecto humano.

À época, os frades em seus sermões persuadiam os cristãos a visualizar a história sagrada, sempre que lessem a Bíblia. E assim também fez Giotto em sua arte, ao tentar retratar a reação dos personagens pintados de acordo com a cena religiosa em que se encontravam inseridos, como se tratasse de um quadro vivo, ou seja, ele procurava contar histórias através de suas obras e, para isso, introduzia emoção nas cenas, dando vida própria aos personagens.

Na Idade Média, a arte italiana ainda se encontrava sob o domínio da influência bizantina, com suas figuras planas (bidimensionais) e inalteráveis que seguiam rígidos padrões. É Giotto quem começa a libertá-la de tais correntes, com suas figuras naturais, expressivas e humanas que iriam pavimentar os caminhos do Renascimento. O artista imprime na arte a preocupação com o humano.

Giotto é reconhecido como um grande mestre, responsável por liderar um verdadeiro ressurgimento das artes, sendo que a pintura ocidental moderna começou com ele. Ao se afastar da rigidez do estilo bizantino, ele trouxe grandes inovações que representaram profundas mudanças. Abandonou as fórmulas, os símbolos, as convenções e os padrões repetitivos da arte bizantina e voltou-se para a natureza.  Por ser muito famoso era convidado a trabalhar em várias cidades italianas. As suas obras propiciavam beleza e glória às cidades onde trabalhava. Foi o primeiro pintor a usar o azul ultramar na pintura europeia, cor obtida através da pedra chamada lápis-lazúli, nos seus altares,  também usada nas iluminuras de manuscritos italianos do século XIV. Essa pedra era usada, sete mil anos atrás, para ornamentar os túmulos dos soberanos sumérios de Ur e também no antigo Egito, com a finalidade de decorar os sarcófagos dos faraós.

É interessante saber que naquela época, de uma maneira geral, não havia a intenção de preservar o nome dos mestres para as gerações futuras, apesar de muitos deles serem bem conhecidos. As pessoas agiam assim como nós em relação a um bom pedreiro ou eletricista. E mesmos os artistas pouco ligavam para a notoriedade futura. Muitos deles sequer assinavam seus trabalhos, haja vista o número de obras de autores desconhecidos. Giotto era muito amado pelo povo de sua cidade, de modo que havia muito interesse sobre sua vida, tornando-o cada vez mais famoso. Neste aspecto, ele também inovou, pois a partir de então os grandes artistas passaram a ser vistos e admirados de uma nova maneira.

Uma das belas obras de Giotto é o afresco Traição de Cristo, pintado no interior da Capela Arena, em Pádua/ Itália, que mostra o encontro de Cristo com Judas, numa cena dramática e carregada de grande intensidade psicológica. Giotto serviu de inspiração para Masaccio, Piero dela Francesca, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Paul Cézanne, Diego Rivera e Fernando Botero. Em seu filme O Decameron (1971), Pier Paolo Pasolini, diretor italiano, assumiu o papel de Giotto ao recriar como um quadro vivo O Juízo Final do pintor que se encontra na Capela Arena.

Obs.: A ilustração é um possível retrato do artista.

Fontes de Pesquisa
Os pintores mais influentes…/ Editora Girassol
História da Arte/ E.H. Gombrich
Tudo sobre a Arte/ Editora Sextante
1000 obras primas…/ Könemann
Gótico/ Taschen
História da arte ocidental/ Editora Rideel
Eu fui Vermeer/ Frank Wynne

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