GUEIXA (III) – IRMÃS MAIS NOVA E MAIS VELHA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

gueixa III

 Quando a candidata a gueixa está pronta para debutar como aprendiz, faz-se necessário que ela estabeleça uma relação com uma gueixa experiente e que essa seja mais velha do que ela, nem que seja um só dia a diferença de idade. A escolha por essa madrinha é de grande importância para a menina. Será ela quem a iniciará nos meandros da vida social de uma gueixa de prestígio.

A escolha pela “madrinha ideal” é uma tarefa a que a dona do okiya dedica-se com afinco, pois está em cheque o status social da futura gueixa, ou seja, o quanto de dinheiro ela poderá arrecadar no futuro, caso venha a ter um bom nome na praça. Ao longo do preparo da menina, a “mamãe” disponibiliza todo o capital necessário para sua educação “gueixística”. Ela investiu muito do seu dinheiro e sonha vê-lo voltar às suas mãos o mais rápido possível com os lucros devidos.

Uma cerimônia é realizada para selar a união entre a Irmã Mais Velha (a madrinha) e a Irmã Mais Nova (a debutante). Tal solenidade é executada como se fosse um casamento, onde são selados os laços de amizade, respeito e fidelidade. É como se ambas fossem membros de uma mesma família. Elas passam a se chamar, daí para frente, de Irmã Mais Velha e Irmã Mais Nova, protegendo-se mutuamente.

Mais do que qualquer outra pessoa no mundo, a Irmã Mais Velha torna-se a pessoa mais importante para a Irmã Mais Nova. É com ela que a novatinha vai aprender tudo que se passa no universo das gueixas. Irá aprender desde o modo certo de fingir vergonha, o riso adequado para se usar, quando um homem conta uma piada grosseira, até a quantidade correta de cera para fazer a maquiagem. É madrinha para ninguém botar defeito.

A Irmã Mais Velha tem o maior cuidado em ensinar à sua irmãzinha como atrair a atenção das pessoas que ela precisa conhecer em seu ofício: as donas das casas de chá, o homem que faz perucas para os espetáculos, os chefes de restaurantes e, sobretudo, os homens mais poderosos, ou seja, com mais “money” no currículo. Deve levá-la à noite para as diversões, apresentá-la a clientes benfeitores que conhece. Benfeitores são aqueles que abrem mão da “bufunfa” com generosidade.

Não pensem os leitores que a relação entre as duas irmãs dá-se pela mais absoluta dedicação e solidariedade. Naninanão! O fato é que no frigir dos ovos, com o sucesso adquirido pela Irmã Mais Nova, todos os envolvidos saem ganhando: a Irmã Mais Velha recebe parte dos honorários (ganhos da mais nova); as donas das casas de chá também possuem uma percentagem, além de ter a visita dos fregueses que ali vão consumir bebidas e comidas; a dona do okiya vê crescer o seu lucro e os homens… bem, aqui fica por conta da imaginação dos leitores.

Não pensem que a vida de uma gueixa é um mar de calmaria, pelo menos naquela época (anos de 30 e 40). Onde entra o vil metal a concorrência é acirrada. E não é diferente entre elas. Há uma disputa, não apenas para mostrar quem é a mais importante, como pelo espaço de trabalho. Muitas vezes, grupos são formados, onde elas se protegem mutuamente.

Nota: Imagem copiada de
http://otakuhalls.wordpress.com/2010/08/07/gueixas/

Fonte de Pesquisa:
Memórias de uma Gueixa/ Arthur Golden

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