Hans Baldung – AS TRÊS FASES DA VIDA E A MORTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

astrefaviDiversos pintores trouxeram para a arte as três etapas que retratam a vida do homem na Terra: infância, maturidade e velhice, sendo que muitos deles concluíram o trabalho com a presença da morte, mas Hans Baldung fê-lo sem nenhuma alusão à redenção cristã.

Esta composição já passou por diversos nomes e interpretações. Em 1896, dizia-se que a velha representava o vício, a jovem a vaidade e a criança o Cupido. Em 1938, passou a ser chamado de Alegoria do Enfermo. E, em 1958, recebeu o nome de As Três Idades da Mulher e a Morte – Alegoria da vaidade de todas as coisas terrenas. Contudo, o catálogo de uma exposição do artista, em 1959, traz apenas o título conhecido como A Beleza e a Morte.

Nesta composição do pintor Hans Baldung, ele apresenta, num lugar estranho, uma criança, uma jovem, uma mulher idosa e a morte, estando todas as figuras nuas. Para muitos estudiosos, o quadro é impreciso, pois não define com exatidão os personagens presentes. Seria a mulher apenas uma jovem ou a representação da vaidade ou uma prostituta? Não dá para saber.

A jovem nua é a primeira a chamar para si a atenção do observador, com sua pele clara, diferente das demais. Traz longos cabelos a cair-lhe pelo corpo, e contempla-se num espelho oval, com moldura vermelha. Seu corpo é bem delineado. Os seios rígidos são pequenos. Somente a púbis encontra-se oculta por um fino véu, tendo uma parte dele enrolada em seu braço direito e a outra segura pela morte, enquanto se adentra na lateral do quadro. É visível o interesse do pintor em fazer a moça sobressair dentre os demais personagens.

Além de figurar em primeiro plano, a moça é bonita, sua cor destaca das demais e seu corpo é visto por inteiro. Também pode ser que tivesse sido retratada como Vênus e a criança como Cupido, seu filho. Mas ainda que aqui fossem representados seres mitológicos, a composição estaria dissonante, pois Vênus era tida como imortal, não podendo a ampulheta marcar seu tempo de vida, enquanto Cupido não traz seus atributos: arco e flecha.

A morte, que mais parece com um cadáver seco, encontra-se à esquerda da linda jovem. Ela possui poucos fios de cabelos espetados na cabeça, dilacerações por todo o corpo decrépito, pedaços de pele dependuradas e unhas grandes e afiadas. Com a mão esquerda, ela segura o véu da moça e com a direita traz suspensa sobre sua cabeça uma ampulheta, como se aguardasse a passagem do tempo. Uma anciã muito alta, que mais se parece com uma figura masculina, e cujo corpo não se encontra todo à vista, está à direita da moça, e detém o braço da morte, energicamente. Seu rosto mostra-se enérgico.

Uma criança, à direita da jovem, ajoelhada sobre uma das perninhas, fixa a moça com um semblante de choro, enquanto cobre-se com parte de seu manto transparente. Possivelmente trata-se de um menino, embora a sombra do véu não permita ter certeza absoluta, mas o cavalinho de madeira no chão reforça tal suposição. Contudo, o fato de a pintura representar as três fases da vida de uma mulher, não deveria ser um menino, mas uma menina. A única justificativa seria a de que o sexo infantil não tivesse importância naquela época, quando meninos e meninas usavam roupas idênticas. A posição da criança é também atípica para sua idade. O que parece ser uma maçã, perto da criança, pode ser uma alusão à perda da inocência, a partir do pecado de Adão e Eva.

A jovem nua, presente na composição, também poderia estar representando a alegoria da vaidade. Ela está embevecida pela sua beleza que reflete no espelho de vidro convexo, enquanto joga seu cabelo para trás. Caso ela represente a vaidade, a mulher idosa estaria ali representando a tentação, segurando a parte de trás do espelho, de modo a ajudar a vaidade a enxergar-se. Por sua vez, a morte estaria ali representando a efemeridade da beleza (naquela época, a média de vida era de 30 anos, principalmente das mulheres, em razão dos partos sem acompanhamento). O tênue véu funciona como um elo entre as personagens, além de esconder o sexo da jovem.

Além da temática confusa da obra, ela também foi atribuída a outros pintores: Lucas Chanach e Albrecht Altdorfer. Mas estudos comprovaram ser mesma de Hans Baldung.

Ficha técnica
Ano: 1510
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 48,2 x 32,5 cm
Localização: Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

Fonte de pequisa
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen

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