Bosch – OS SETE PECADOS CAPITAIS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os Sete Pecados Capitais, composição também conhecida como Os Sete Pecados Mortais e os Quatro Novíssimos do Homem, é uma das obras-primas de Hironymus Bosch, que enfatiza o destino da humanidade. O painel foi concebido originalmente para ser o tampo de uma mesa, e pode ter sido encomendado por alguma ordem religiosa. Sabe-se apenas que, posteriormente, passou a fazer parte da coleção do rei espanhol Felipe II, juntamente com outras obras de Bosch.

 Os sete pecados capitais estão representados num círculo central, dividido em sete cenas, ornadas com títulos em latim, e, em torno desse, estão quatro discos menores, ou medalhões.

 O disco central corresponde ao olho de Cristo ressuscitado. Ele se encontra na pupila, em pé, sobre o túmulo, mostrando suas chagas. Em torno da íris de Cristo estão várias linhas radiais douradas e a frase: “Cave cave deus videt” (Cuidado, cuidado, Deus vê). A imagem remete ao significado do olho de Deus, que tudo vê. E o que ele vê? Os sete pecados capitais cometidos pelo homem.

 A córnea está dividida em sete seções, em forma de trapézio, que representam os sete pecados mortais que são: a Gula, a Preguiça, a Luxúria, a Vaidade, a Ira, a Inveja e a Avareza. São assim mostrados:

 
  1.  dois homens devoram tudo aquilo que a dona da casa serve-lhes.  O mais magro deles, de pé, vira vira um jarro de vinho na boca. Uma criança obesa pede ao homem gordo mais comida. Tudo na cena indica que aquelas pessoas só vivem para comer (Gula);
  2. um homem dormindo, assentado, tendo um gato a seus pés (Preguiça). A mulher com um rosário na mão, lembra ao preguiçoso que ele está deixando de lado seus deveres espirituais;
  3. três casais de amantes encontram-se numa tenda, com instrumentos musicais e um recipiente com vinho espalhados pelo chão. Há também uma mesa posta com comida e vinho (Luxúria);
  4. uma mulher, diante do espelho, mostra-se excessivamente apegada a seu novo chapéu, sem notar que um demônio é quem segura o espelho, tendo parte do corpo escondido atrás do armário (Soberba ou Vaidade);
  5. dois homens deixam a taberna e põem-se a brigar, enquanto uma mulher tenta apaziguá-los (Ira);
  6. um homem rejeitado, olha com ciúme o rival (Inveja).
  7. um juiz corrupto recebe suborno (Avareza);

 Os quatro medalhões, nos cantos da composição, descrevem as quatro últimas etapas na vida do homem: Morte, Juízo Final, Inferno e Paraíso. Vejamos:

  1. um homem encontra-se deitado no seu leito de morte, rodeado por religiosos e, possivelmente um parente, aos pés da cama. Um anjo e um demônio jazem na cabeceira da cama, enquanto a morte, à espreita, esconde-se atrás da cabeceira. Num outro compartimento, duas mulheres conversam;
  2. Cristo apresenta-se no Juízo Final, rodeado de santos e anjos, enquanto os mortos são ressuscitados, para serem julgados, conforme seus merecimentos;
  3. Cristo apresenta-se em seu trono, rodeado por anjos e santos. Os homens bons são recebidos no portão do Paraíso. Os eleitos são mostrados em duas outras partes;
  4. seres humanos passam pelas mais diferentes torturas no Inferno. Um caldeirão com um líquido fervente aguarda os maus.

 Significado dos textos em latim: “Porque é uma nação insensata, desprovida de inteligência. Se fosses sábios, compreenderiam e discerniriam aquilo que os espera (parte de cima). Ao ver tais coisas, o Senhor indignou-se com seus filhos e suas filhas e disse: vou lhes oculta o meu rosto e verão o que lhes sucederá… Pois são uma geração perversa, filhos sem lealdade (parte de baixo).

O tema da composição lembra aos pecadores que é preciso refletir sobre o que os aguarda após a morte, destino certo de toda a humanidade. A obra mostra, mais uma vez, a preocupação do artista com a humanidade e seu destino após a morte.

Segundo alguns estudiosos, possivelmente o tampo da mesa do Prado tinha como objetivo levar à meditação, ajudando no exame de consciência, que os cristãos deveriam fazer antes do ato da confissão.

 Ficha técnica

Ano: c. 1500-1520
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 120 x 150 cm
Localização: Museu del Prado, Madri, Espanha

 Fontes de Pesquisa:
Gênios da pintura/ Abril Cultural
A história da arte/ E.H. Gombrich
Tudo sobre arte/ Sextante
Grandes pinturas/ Publifolha
Grandes Mestres/ Abril Coleções
Os pintores mais influentes do mundo/ Girassol
Bosch/ Taschen

10 comentaram em “Bosch – OS SETE PECADOS CAPITAIS

  1. Joubert

    Lu

    Confesso que não sou um estudioso de arte, porém, estudando sobre a visão bíblica que trata da “vaidade”, acabei sendo levado a pesquisar algumas outras opiniões, dentre elas as de alguns artistas. Fiquei impressionado com a tela, mais ainda depois do ótimo esclarecimento aqui encontrado. Além de Bosch, vi também C. Allan Gilbert e Vermeer. Quanta expressão e simbologia, quanto sentimento detalhado em uma imagem, simplesmente apaixonante.

    Parabéns pelo post, grande abraço!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Joubert

      Os pintores antigos, em sua maioria, usavam muito a simbologia de sua época, o que tornava a pintura imensamente rica. Neste espaço você encontrará muitas obras repletas de simbolismo.

      Agradeço imensamente a sua visita e comentário. Será um prazer tê-lo sempre conosco.

      Abraços,

      Lu

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  2. Braga

    A pintura de Bosch é fantástica. Ela impressiona pela evocação espiritual. E desperta nos corações reflexões tanto para nos olharmos no espelho de Cristo, como para iniciarmos peremptória batalha contra os vícios da carne. Sem dúvida, um artista de forte apelo místico.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Braga

      Fico impressionada com a criatividade desse artista. Seus trabalhos continuam originais. Também é muito interessante a vida dele, mesclada por superstições e temor ao diabo. E, como diz você, “um artista de forte apelo místico”.

      Obrigada pela visita e comentário. Veja outros trabalhos do pintor.

      Abraços,

      Lu

      Responder
      1. Braga

        Obrigado pelo carinho de tecer comentários respostando o que comentei sobre a obra de Bosch. Tudo o que diz respeito ao metafísico me interessa. Vivo aqui mas não tenho interesse em permanecer. Queria que fôssemos uma sociedade onde a tônica ao invés da exceção focasse nos jardins e nos pomares, na preservação da natureza como santuário, e a primeira de todas as prioridades fosse formar cidadãos que vivessem como as primeiras comunidades cristãs. Aí não haveria um necessitado entre nós. Mas isso é uma utopia. Enquanto isso, cumpro os restos dos meus dias com o coração cheio de alegria pela parte que me coube no contrato existencial pela misericórdia de Deus. Felicidades, Lu!

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        1. LuDiasBH Autor do post

          Braga

          Vejo que você é uma pessoa de extrema sensibilidade. Somente alguém com tamanha suscetibilidade para com um mundo melhor poderia fazer um comentário como o seu, ainda que vivendo numa época totalmente voltada para o capitalismo selvagem, em que o poder e a riqueza mudaram aquilo que deveria ser a preocupação humana: o “ser”. O que temos visto é uma busca, a qualquer preço pelo “ter”. Infelizmente! Mas muitos espíritos iluminados têm saído dessa zona de egocentrismo total. Você é a prova disso.

          Meu amigo, ainda que poucas, pessoas como você fazem um grande diferencial para o planeta Terra. A sua permanência é de fundamental importância para seu crescimento espiritual, pois o enriquece da maneira mais absoluta, ainda que julgue tratar-se de uma utopia. Os grandes passos da humanidade foram baseados na utopia. Espero que você viva muito ainda, pois a Terra precisa de sua existência.

          Amiguinho, você irá encontrar, aqui no blog, grandes figuras humanas voltadas para a fé, como é o seu interesse. Vou lhe repassar os links. Eu sempre respondo a todos os comentários. Sempre que escrever, volte para ver minha resposta. Certo?

          Um grande abraço,

          Lu

  3. LuDiasBH Autor do post

    Oi, Luís

    Obrigada por sua presença e pelo compartilhamento do texto.
    Sucesso em seu blog.

    Abraços,

    Lu

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  4. Pingback: Bom dia com Hironymus Bosch, os 7 pecados mortais e as 4 últimas etapas da vida | luís bettencourt moniz

  5. Pedrorui Rui

    A pintura é excelente; há uma frase que não é minha: “Tudo que o humano faz na terra continuará na eternidade”, e eu acredito nisso. Estamos a destruir o planeta e todos só olham para o próprio umbigo, tenho pena…
    Abraços

    Rui Pedro

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui
      Quando fazemos algo bom para outra pessoa ou para o nosso planeta, temos também um excelente retorno. Por isso, a maldade só nos leva para trás. Você tem toda a razão.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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