Manet – MÚSICA NAS TULHERIAS

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Autoria de Lu Dias Carvalho jt

Se se quer saber se um quadro é melódico, deve ser visto de uma distância que não permita ver nem temas nem contornos. E se é melódico, já tem um significado. (Baudelaire)

Não podem imaginar tudo o que eu aprendi ao contemplar esse quadro. Uma só visita assim equivale ao trabalho de um mês. (Frédéric Bazille)

Manet era um assíduo frequentador do Jardim das Tulherias, ao lado de seu amigo Charles Baudelaire, com quem conversava sobre os rumos que tomaria a arte no final daquele século (XIX). Duas vezes por semana, o pintor dirigia-se àquele local para assistir aos consertos musicais de uma orquestra militar, tendo criado vários desenhos e esboços do lugar. Era também no Jardim das Tulherias que Napoleão III reunia a sua corte: a aristocracia e a alta burguesia. Portanto, o público que frequentava o local era muito elegante, cheio de ostentação, vestindo a última moda de Paris. Segundo o compositor Daniel François Auber “Os dândis se sentiam tão fascinados por si mesmos e seus pares que nem mesmo levantavam os olhos para verem as árvores.”.

Em Música nas Tulherias, Manet representa um grande número de artistas e intelectuais parisienses da época, todos seus amigos. Dentre os representados estão Charles Baudelaire, Théophile Gautier, Jacques Offenbach, Charles Monginot e o próprio pintor, que aparece no primeiro plano da composição, da esquerda para a direita, empunhando uma bengala.

Os impressionistas consideraram que com esta tela, Manet rompia com o passado, pois na sua composição já se encontra visível a estética dos impressionistas. Enquanto isso, os tradicionalistas massacravam a obra, pois Música nas Tulherias era radicalmente contrária, tanto no tema quanto nas técnicas de pintura empregadas pelo pintor, às regras defendidas pela Academia. Crítica e público detestaram a obra. Um crítico raivoso chegou a vociferar: “Esta arte não é saudável!”. O quadro foi retirado da galeria de exposições.

A tela não fora feita para ser vista de perto, conforme explicou Émile Zola:

Imagine um grande número de pessoas, talvez uma centena, que se move sob o sol e sob as árvores das Tulherias. Cada pessoa é um mero borrão, quase indefinidamente, nele os detalhes são reduzidos a traços ou pontos negros, se o observador se colocara uma distância respeitável do quadro (algo que nenhum artista havia exigido até então), esses borrões de cores chegam a materializar-se e compõem uma cena de Paris daquela época: os senhores arejam seu chapéu e as mulheres exibem a nova maquiagem de verão, além de chapéus e sombrinhas. Conversam à sombra de altas árvores, como se estivessem em um grande salão.”.

Um feixe de luz, vindo do céu azul, divide ao meio a superfície de Música nas Tulherias. Vários elementos completamente verticais, tais como troncos de árvores e cartolas, contrastam com as curvas das cadeiras, sombrinhas, aros e as crinolinas (armação das saias).

Curiosidades:

  • O antigo e ostentoso palácio das Tulherias era o centro do jardim. Em 1871, no final do Segundo Império, os moradores atacaram-no e o queimaram. Os parlamentares republicanos decidiram, em 1882, pela destruição total do edifício.
  • O palácio foi construído por Catarina de Médice, em estilo renascentista, no século XVI. Mas as soberanas que a sucederam não tiveram um final feliz: a rainha Maria Antonieta foi para a cadeia do palácio; as imperatrizes Josephine, Maria Luisa e Eugenia acabaram no exílio.

Ficha técnica
Ano: 1862
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76 x 118 cm
Localização: National Gallery, Londres

Fontes de pesquisa:
Manet/ Abril Coleções
Los secretos de las obras de arte/ Taschen

2 comentaram em “Manet – MÚSICA NAS TULHERIAS

  1. Cristine

    Mais uma obra característica do estilo impressionista: parecem borrões, mas está tudo ali. Quando as obras de Renoir vieram para SP há alguns anos, tive a oportunidade de visitar a exposição, e fiquei fascinada pela técnica e o talento do pintor: realmente, esses quadros devem ser apreciados de uma certa distância para percebermos o conjunto, e deixar que nossa mente preencha os detalhes. Mas também é interessante vê-los de perto para perceber as pinceladas precisas (apesar de aparentemente aleatórias) e ficar ainda mais fascinada com a obra de arte.
    Grande abraço!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Cris

      O mais interessante é como o pintor impressionista, mesmo pintando de perto, conseguia tal resultado à distância.

      Outra técnica interessante, que vou trazer depois de apresentar Toulouse Lautrec, é o pontilhismo, como uma fase de Matisse.

      Vou postar Olímpia e entrar com o pequenino Lautrec.
      Adoro sua participação.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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