MARIA NO JARDIM

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

virgo1234567                                                         (Clique na gravura para ampliá-la.)

Esta é uma pintura mundialmente famosa, conhecida como A Virgem em Hortus Conclusus com Santos e também  Maria no Jardim Cercado com os Santos. Foi feita por um pintor alemão conhecido apenas como Mestre do Jardim do Paraíso (ativo em c. 1410 – 1430 no Reno Superior). A pequena composição devocional é vista como uma variação da pintura “A Virgem no Jardim de Rosas”. Retrata um canto isolado de um jardim pertencente a um castelo, onde se encontram a Virgem Maria, seu filho Jesus e os santos. O lugar tranquilo está cercado por muralhas que separam os personagens do mundo violento que jaz lá fora. Tudo na pintura está ligado ao simbolismo mariano.

Na metade superior da composição, Maria destaca-se como a maior de todas as figuras, usando um majestoso manto azul. Carrega sobre a cabeça uma coroa de ouro incrustada de pedras preciosas e nas mãos traz um volumoso livro. Ela reclina a cabeça levemente em direção do livro. É possível ver a escrita em uma de suas páginas, tamanho é o perfeccionismo do pintor.

Todas as figuras femininas possuem o mesmo tipo de beleza: olhos pequenos e escuros, dedos longos e delgados, boca pequenina e sombreada embaixo, formando um delicado queixo. O que identifica os santos é a posse de determinados objetos ou as atividades executadas por eles. Santa Doroteia colhe cerejas e coloca-as num cesto. Santa Bárbara retira água da fonte com uma colher presa a uma corda. Santa Catarina brinca com o Menino Jesus, segurando o saltério (instrumento medieval).

O Menino Jesus — brincando com Santa Catarina — dedilha um instrumento musical (saltério). Muitos pintores da Idade Média pintaram Jesus tocando um instrumento, embora os Evangelhos nada digam sobre isso. Possivelmente — incapaz de demonstrar a bem-aventurança através da expressão facial — o pintor usa o instrumento musical para se referir à alegria celestial, pois, como vimos em outros textos, os sinais e símbolos eram usados para ensinar a fé cristã, uma vez que na Idade Média eram pouquíssimas as pessoas que sabiam ler.

O jardim, além de ser o lugar onde se encontram Maria, Jesus e os Santos, também simboliza o paraíso. A mesa próxima a Maria simboliza a sua humildade como serva do Senhor. O muro simboliza a sua virgindade, pois concebeu sem ter contato com um homem. Um pouco abaixo do Menino Jesus é possível observar uma árvore cortada, símbolo da humanidade pecadora. Nela brotam dois ramos, significando que mesmo de uma árvore velha é possível renascer uma vida nova, ou seja, há sempre uma oportunidade de o pecador se regenerar. Ao lado da árvore cortada está um demônio para reforçar a simbologia da humanidade pecadora.

Três personagens encontram-se à direita da composição. Embora tenham os mesmos olhos, a mesma boca e os mesmos dedos delgados das mulheres, a cor mais escura do rosto, assim como as calças justas, mostra que são do sexo masculino. São Jorge está sentado diante do anjo e, abaixo, no canto inferior da pintura, está o dragão. São Miguel com seu  diadema e asas coloridas é o anjo e tem a seus pés o diabo sentado humildemente. Santo Osvaldo — segundo a lenda teve um corvo como mensageiro celeste — está de pé, recostado à árvore e reclinado sobre os dois santos assentados na vegetação.

As flores constantes ali estão em toda a sua plenitude, embora muitas delas tenham a sua floração em estações diferentes. As inúmeras variedades de flores também são referências a Maria. As violetas simbolizam a sua humildade, os lírios brancos a pureza e as rosas  a virgindade. Juntas, elas compõem um buquê de suas virtudes. Os pássaros estão minuciosamente representados na composição e, pelo menos, 10 espécies foram reconhecidas, podendo ser citadas: melharuco, japu, tentilhão, pintarroxo-comum, pico, pintassilgo, pardal, etc. Dentre as inúmeras plantas é possível identificar 20 espécies diferentes, entre as quais estão: margarida, trevo, lírio-branco, lírio do vale, morango, malva, crisântemo, urtiga, violeta, plátano, etc.

A presença do diabo, do dragão morto e da árvore cortada nada tem a ver com o Paraíso representado pelo jardim, mas isso não importa, uma vez que as pinturas daquela época tinham o objetivo único de ensinar a fé cristã. A beleza da composição encontra-se na harmonia entre a visão religiosa e a realista, tão bem apresentadas pelo pintor.

Ficha técnica:
Data: entre 1410 e 1430
Dimensões: 26,3 x 33, 4 cm
Artista: desconhecido
Localização: Museu Städel, Frankfurter, Alemanha

Fontes de pesquisa:
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Gótico/ Taschen

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *