MINIMALISMO E REALIZAÇÃO PESSOAL (II)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Enquanto expressão comportamental da sociedade, o minimalismo é um reflexo de movimentos contraculturais anteriores, como o punk e o hippie que questionaram a sociedade de consumo e seus excessos. (Marcelo Vinagre Mocarzel)

Se considerarmos a Revolução Industrial e a sociedade de consumo formada por ela, o minimalismo pode parecer novo. Mas o conceito de reduzir excessos remonta aos estoicos e ao princípio das religiões. (Joshua Fields)

Quando não somos dependentes das coisas ou não somos mais definidos pelo que possuímos, nossos potenciais e possibilidades são ilimitados. (Francine Jay)

O minimalismo nasceu com a arte. A expressão “Minimalismo” vem do inglês “Minimal Art” e diz respeito aos movimentos estéticos que apareceram em Nova York entre o fim dos anos 50 e início da década de 1960. Esse movimento acabou migrando para o campo científico, cultural e social. Tem como meta utilizar o mínimo de recursos e elementos necessários, buscando atingir o nível essencial em todos os aspectos. A austeridade e a síntese são suas características, pois parte da premissa de que é preciso eliminar as futilidades, para que a vida possa se arvorar no que é realmente necessário, pois só assim encontra-se a realização pessoal.

Ainda que o minimalismo tenha sido um reflexo de movimentos contraculturais, ele diverge num aspecto: não deseja criar uma sociedade alternativa, mas trabalhar esta que aí está. Os minimalistas são pessoas comuns, sem nada que as diferencie externamente no dia a dia. Enfrentam o consumismo através de mudanças comportamentais, procurando miná-lo de dentro para fora. Veem a vida como o bem mais precioso. Valorizam suas experiências e dão menos valor aos bens materiais. Para elas as pessoas são bem mais importantes do que as posses. Sabem que o desapego oferece mais tempo para curtir a vida.

Uma pessoa minimalista sempre privilegia o espaço que possui, pois ama transitar em liberdade. Sabe que quanto menos coisas possui, mais tempo livre terá e em consequência agregará mais energia vital. Não concebe ter além daquilo que necessita. Está consciente de que o excesso, além de ocupar espaço, acaba muitas vezes perdendo a validade ou drenando todas as economias da vítima. Por que acumular roupas que nunca irá vestir, livros que nunca irá ler e objetos esquecidos num canto qualquer? É preciso abrir espaço para valores que realmente edificam a vida. É preciso ir na contramão da indústria, cujo lema é “incentivar as pessoas a comprar mais e mais”.

O Estoicismo – escola filosófica da Grécia Antiga, surgida no século 4º a.C. – pregava que a felicidade devia ser a busca essencial da vida. A resposta encontrava-se numa vida simples e na harmonia com a natureza. É essa mesma busca que o minimalismo incentiva. Ao se estudar muitas das filosofias antigas, passando pelos ensinamentos do próprio Cristo, é possível encontrar a condenação ao excesso de posses, por ser esse um obstáculo ao crescimento pessoal e espiritual do indivíduo. Já se tinha ciência, desde os tempos antigos, de que as coisas que possuímos acabam por nos possuir, ou seja, nós nos tornarmos prisioneiros delas.

O conceito de uma vida minimalista tem sido adaptado para a realidade social e econômica de cada época. E mais do que nunca as pessoas dos tempos atuais precisam se conscientizar de que a ideia de que “menos é mais” nunca foi tão necessária. O escritor Joshua Fields explica: “Acumulamos tantas coisas em imóveis cada vez mais caros e menores; temos tantas roupas e só usamos as mesmas; armazenamos tanta comida, e grande parte vai para o lixo. Isso mostra como a sociedade de consumo criou gargalos que precisam ser resolvidos”.

Ser minimalista é eliminar as dívidas, não vivendo atormentado por elas; fazer compras conscientes; desfazer-se do que não tem utilidade para si; desaprovar o consumismo; não se render ao apelo do sistema capitalista; preocupar-se com a sustentabilidade do planeta Terra; melhorar a saúde ao eliminar os excessos e, sobretudo, valorizar o autoconhecimento. Aprender a viver com pouco é uma experiência gratificante para todos nós e uma forma consciente de ajudarmos nosso planeta que anda cada vez mais exaurido. Com o tempo tal atitude vai se tornando uma ação corriqueira, uma libertação sem dor.

Nota: O livro Menos é mais: Um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida, da escritora Francine Jay, é uma boa pedida para quem quer aderir à filosofia minimalista.

4 comentaram em “MINIMALISMO E REALIZAÇÃO PESSOAL (II)

  1. Marinalva

    Lu
    O Minimalismo nos ensina como realizar mudanças que se processam de dentro para fora, a refletir, a desapegar e rever nossos valores, a dar importância à simplicidade, à praticidade, vivendo só com o essencial, sem desperdício, sem acúmulo de coisas das quais nem precisamos. Quantidade não é sinônimo de qualidade.

    Estou refletindo muito sobre este estilo de vida, pois estamos em uma época em que o Minimalismo faz todo sentido. Acho que nossas prioridades precisam ser as de economizar e simplificar. O capitalismo desenfreado deve diminuir, pois o planeta não aguenta mais. Acabar com o desperdício é primordial. Viver com pouco e com conforto é possível, depende da conscientização de cada pessoa. O importante é a não dependência das coisas.

    ” O que TEMOS nós deixamos. O que SOMOS nós levamos.” (Divaldo Franco)

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Tem sido maravilhoso o retorno que estou tendo com a série sobre o Minimalismo. Muitas pessoas não sabiam o que significa o termo, desconhecendo esta filosofia maravilhosa que se oculta por trás dele. Faço minhas as suas palavras:

      “O capitalismo desenfreado deve diminuir, pois o planeta não aguenta mais. Acabar com o desperdício é primordial. Viver com pouco e com conforto é possível, depende da conscientização de cada pessoa. O importante é a não dependência das coisas.”

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Adevaldo R. Souza

    Lu

    Muito interessante este artigo sobre “minimalismo” e faz a gente pensar sobre o poder, a riqueza monetária, a riqueza espiritual e a busca da felicidade. Faz a gente preocupar-se com o egoísmo, o egocentrismo e com o futuro do planeta.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      Esta corrente filosófica que vai de encontro ao “compre cada vez mais” do capitalismo, se fortalecida, será capaz de salvar o nosso planeta dos crimes cometidos contra ele e dará à espécie humana um novo rumo em busca das coisas que realmente fazem diferença em prol do bem-estar.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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