O GRANDE PINHEIRO (Aula nº 88 C)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Lembra-se do pinheiro plantado à beira do Arc, debruçando sua cabeça de longos cabelos sobre o abismo que se abre aos seus pés? O pinheiro que protegia nossos corpos do calor do sol com seus ramos. Ah! Possam os deuses protegê-lo do machado do lenhador! (carta de Cézanne a Zola)

A árvore abalada pela fúria dos ventos / Agita seus galhos despojados no ar / Um imenso cadáver que o mistral balança. (Cézanne) 

O pintor francês Paul Cézanne (1839–1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne que depois se tornou banqueiro, e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs, Marie e Anne, nutrindo uma relação mais forte com a primeira que sempre tomava o seu lado, em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta. Cézanne, pintor  impressionista e pós-impressionista, é tido como o precursor do Cubismo.

A composição denominada O Grande Pinheiro é uma obra do artista e encontra-se em solo brasileiro. Faz parte do acervo do MASP desde 1951. Trata-se de uma maravilhosa tela, uma das obras-primas do pintor. A composição tem como personagem central um majestoso pinheiro que ficava no parque do Jas-de-Bouffan, na Provença, já de propriedade do pai do artista.

O grande pinheiro ocupa a parte central da tela, dividindo-a verticalmente. Reina soberano sobre a vegetação que se mostra à sua esquerda e à sua direita, num terreno ligeiramente inclinado. Ele quase alcança o céu.  O vento dobra sua copa para a direita, enquanto seu tronco alto e delgado verga-se para a esquerda, oferecendo resistência. A folhagem do magistral pinheiro se parece com uma cabeleira revolta, tendo ao fundo um tocante céu azul.

O majestoso pinheiro figura na tela como se fosse um gigantesco personagem a receber o observador. Nada há que embote a sua beleza. Esta exuberante paisagem demonstra o nível de beleza a que chegou o grande mestre da pintura, com seu sincretismo maravilhoso de volumes e de tonalidades. O artista criou em sua paisagem uma harmonia de tons azuis e verdes com toques quentes ocasionais nos galhos e na folhagem que captam a tira ocre da estrada que passa à frente do pinheiro.

Ficha técnica
Ano: 1890 a 1896
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 85,5 x 92,5 cm
Localização: Museu de Arte, São Paulo, Brasil

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://sunsite.icm.edu.pl/wm/paint/auth/cezanne/land/great-pine/

8 comentaram em “O GRANDE PINHEIRO (Aula nº 88 C)

  1. Hernando Martins

    Lu

    Cezanne tinha uma grande admiração por pinheiros desde a sua fase de crianca, mostrando sua sensibilidade com a natureza.
    Ele consegue mostrar a beleza da natureza com suas pinceladas precisas, mesmo não construindo figuras simétricas e detalhadas, mas consegue transmitir a beleza intrínseca do pinheiro com sua grandiosidade. Ele dizia que a beleza da natureza está em sua profundidade e não na superficialidade. Consegue despertar a inteligência do observador diante da obra de arte, pois a beleza é relativa, sendo o artista o elemento capaz de romper fronteiras e paradigmas, no intuito de fazer questionamentos sobre padrões estabelecidos. Podemos afirmar com muita tranquilidade que o artista é o divisor de águas nas mudanças de conceitos.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Cézanne foi um dos grandes mestres de seu tempo, tendo influenciado tantos os pintores de sua época como aqueles que vieram depois dele. Foi um grande pesquisador da arte pictórica, elevando-a a um grau ainda mais alto de beleza e simplicidade, trazendo grande destaque para a França. Você está correto ao afirmar que: “…o artista é o divisor de águas nas mudanças de conceitos”.

      Abraços,
      Lu

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  2. Adevaldo R. Souza

    Lu

    É impressionante essa obra de Paul Cézanne, artista que influenciou outros com suas formas geométricas inovadoras. O majestoso pinheiro parece uma moldura dentro da composição, mostrando a delicadeza das curvas dos troncos e fazendo parecer que os ramos seguem uma linha do vazio, proporcionando um efeito de movimento na parte superior da tela.

    Vejo que havia grande preocupação à época com a força do machado e com a ação destruidora do ser humano, principalmente após as Guerras Napoleônicas e consequentes aglomerações urbanas, ampliadas no século XIX. O artista é resistente ao óbice, mas pessimista ao apresentar um belo pinheiro com um abismo que se abre aos seus pés, ao afirmar: “A árvore abalada pela fúria dos ventos / Agita seus galhos despojados no ar / Um imenso cadáver que o mistral balança”.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      Paul Cézanne foi um artista totalmente comprometido com sua arte. Fez inúmeras pesquisas, sempre buscando inovar. Tanto é que figura entre os grandes mestres de sua época, tendo sido considerado o precursor do Cubismo, estilo que logo estudaremos. Quanto à preocupação do artista com a natureza, o seu temor pela força destruidora da espécie humana, isso tem sido constante. Em sua sensibilidade ele sabe o quão nefasta é a ganância humana que tudo destrói sem dó ou piedade.

      Abraços,

      Lu

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  3. Claudio Vieira

    Lu

    Quero lhe agradecer o envios destas postagens com estas obras magnificas, cheias de significado, que alegram e inspiram o meu dia. Este quadro mesmo, quero retornar ao MASP para vê-lo novamente. Você está realizando um excelente trabalho ao nos dar a conhecer obras como esta.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Cláudio

      Sou eu quem agradece o carinho com que recebe as minhas postagens. O meu intuito é tornar algo tão caro (os livros sobre arte são caríssimos) acessível a todos que no meu site aportarem. Faço este trabalho com muito amor pelos meus leitores. Vocês merecem o melhor possível. Agora que conheceu um pouco sobre a obra, irá revê-la com outros olhos. Será sempre um prazer receber a sua visita e comentários.

      Abraços,

      Lu

      Responder
        1. LuDiasBH Autor do post

          Cláudio

          É verdade! O conhecimento abre para nós novos horizontes. Será um prazer tê-lo no nosso curso.

          Abraços,

          Lu

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