O GRITO (Aula nº 94 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

       
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Eu caminhava pela estrada com dois amigos. O sol estava se pondo. De repente, o céu ficou vermelho sangue. Exaurido, eu me recostei na balaustrada e fiquei ali parado, tremendo de medo, enquanto meus amigos seguiam caminhando. Eu senti um grito agudo e interminável atravessar a paisagem. (E. Munch)

Ele se impressionava ao ver os animais sendo abatidos e o lamento dos pacientes do hospital. (Sue Priedeaux)

A composição expressionista O Grito, obra do norueguês Edvard Munch, foi inspirada num ataque de pânico sofrido pelo artista, enquanto caminhava com dois amigos. Nela estão explícitos os tormentos psicológicos do pintor. Munch tinha o costume de fazer várias versões de seus quadros. E com O Grito não foi diferente. Existem quatro versões da composição que apresentam mínimas mudanças, mas em todas está presente este sentimento universal, que tanto abala a humanidade – a angústia. É por isso que o personagem principal não apresenta sexo, idade ou identidade. A figura maior, aqui exposta, é a mais conhecida de todas as versões.

O Grito traz-nos a impressão de que produz som através das ondas de choque à direita. E o som é tão agudo que o personagem tapa os ouvidos, fica com o corpo desvirtuado e grita. Atrás dele caminham calmamente outros dois personagens que não apresentam nenhuma mudança física ou comportamental, totalmente alheios aos acontecimentos vivenciados pela figura principal. Conclui-se, portanto, que o grito agudo e assustador do personagem central é ocasionado apenas por sua mente, sem nenhuma correlação com o espaço físico. O pavor vivenciado por ele é tão grande que seu copo físico sofre uma repentina mudança: torna-se alongado e o rosto toma a forma de uma caveira, com os olhos saltados e a boca aberta. Seus olhos encaram o observador que também é envolvido pelo terror.

A cena ocorre num golfo estreito e profundo de Oslo, na Noruega, entre montanhas altas. Próximo dali estava um matadouro e um hospício onde estava internada a irmã do pintor. As linhas onduladas do golfo e do céu contrastam com a diagonal com forte declive da estrada e com um pôr do sol perturbador em cores quentes, contrastando com o azul do rio, cor fria, que ultrapassa a linha do horizonte. Tudo resulta num efeito vertiginoso, torto, excetuando a ponte e as duas personagens ao fundo, o que leva muitos críticos a sugerir que Munch tenha tido um ataque de agorafobia. Ele criou outras obras semelhantes, nas quais ficam visíveis a representação simbólica da morte e da solidão, temas sempre presentes em sua vida. Ao longe na baía veem-se pequenos barcos à vela. É como se a natureza se condoesse com o grito do personagem central e com ele interagisse.

O Grito demonstra o medo e a solidão do Homem, mesmo em meio a um cenário natural que não representa nenhum perigo para ele. E esse grito, ainda que mudo, ecoa desde a baía até o céu, numa violência dinâmica de linhas. Munch acabou por pintar quatro versões de seu quadro, para substituir as cópias que ia vendendo. Ele o pintou quando a psicanálise começava a ficar no auge e, por isso, a pintura logo passou a simbolizar as agruras da alma e, com os desacertos da vida moderna passou também a representar desde o estresss do cotidiano às fobias ecológicas, passando a traduzir qualquer forma de aflição. Para alguns críticos, O Grito é a mais forte representação visual da sensação de receio e apreensão, sem motivo aparente, na história da arte. Encontra-se entre as pinturas mais conhecidas em todo o mundo.

Curiosidades sobre a obra

  • A composição O Grito tornou-se tão forte na história da arte, que ganhou espaço na cultura pop. Pode ser vista no cartaz do filme Esqueceram de Mim e na máscara do assassino da série de terror denominada Pânico.
  • Em 2012, segundo noticiário em todo o mundo, a quarta versão original dessa obra, que se encontrava em mãos de certo proprietário particular, chegou num leilão à cifra estupenda de 119,9 milhões de dólares, tornando-se O Grito o maior recordista de preço num leilão de arte.
  • A obra de Munch, O Grito, em versões diferentes, foi roubada duas vezes de museus da Noruega em 1944 e 2004, trazendo comoção e mais fama ao trabalho do artista norueguês.
  • O sucesso desta obra, enquanto ícone cultural, teve início após a Segunda Guerra Mundial. Com sua popularização O Grito tornou-se um dos quadros mais reproduzidos tanto em pôsteres como em objetos.
  • Foi capa da revista Time em 1961, ilustrando os temas sobre culpa e ansiedade.
  • O artista pop Andy Warhol em 1980 também usou a obra, ao dedicar-lhe uma série de trabalhos.
  • O personagem Hortelino no filme Looney Tunes de Volta à Ação, faz uma expressão semelhante à do quadro numa cena.
  • A série de desenho Os Simpsons mostra o quadro duas vezes: em 1993 e 2005.
  • O quadro aparece na série Os Feiticeiros de Waverly Place, do Disney Channel, etc.

Ficha técnica
Ano:1893
Técnica: óleo, têmpera e pastel em cartão
Dimensões: 91 x 73,5
Localização: Nasjonalgalleriet, Oslo, Noruega

Fontes de pesquisa
Os pintores mais influentes…/ Editora Girassol
Munch/ Editora Paisagem
Revista Veja/ 9-05-2012
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grito_%28pintura%29

 

6 comentaram em “O GRITO (Aula nº 94 A)

  1. Marinalva Autor do post

    Lu

    O Grito, obra de Edvard Munch é muito popular e muito conhecida . Tem poucas formas, as linhas são fortes e expressivas, as cores são frias e simbólicas. Transmite fortes emoções, muita dor, fragilidade, angústia, solidão, desespero e ansiedade. O rosto deformado, sem sexo definido, está mergulhado em sofrimento e desespero. Nos faz parecer que o personagem quer que o seu grito ecoe em todos os lugares. O artista retrata assim a sua percepção da vida real, de uma sociedade que sofre, assim como ele mesmo. É um apelo de quem sofre muito e não pode reclamar abertamente.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Você sintetiza com suas palavras o significado profundo da obra. Não há mais o que dizer, mas destacar:

      “O artista retrata assim a sua percepção da vida real, de uma sociedade que sofre, assim como ele mesmo. É um apelo de quem sofre muito e não pode reclamar abertamente”.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Hernando Martins

    Lu
    A obra “O Grito” do artista norueguês Edvard Munch é um ícone do Expressionismo, sendo simplesmente incrível sua capacidade de sensibilizar qualquer observador que tenha um mínimo de percepção e sensibilidade. E. Munch remete a Van Gogh pela capacidade de conseguir expressar o mais profundo sentimento de desespero vivido no momento da criação da obra. Munch ficou órfão de mãe cedo e perdeu uma irmã por tuberculose. Foi criado por um pai acometido por problemas psiquiátricos, tornando sua vida muito difícil e triste.

    Essa obra foi inspirada num momento em que ele andava com dois amigos, no final de tarde, próximo ao cais de um lago em Oslo, Noruega. Naquele momento ele teve uma crise de melancolia e ansiedade. Observa-se que as figuras das pessoas não têm forma definida, são distorcidas, assim como as ondas em tons mais claros se unem ao céu mais avermelhado, passando uma sensação muito forte de desespero, sofrimento, angústia e há um pedido de socorro iminente. Essa obra foi elaborada em 4 versões, sendo a primeira no final do séc. IX e as outras 3 no séc. XX.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Trata-se realmente de uma obra que, uma vez vista, fica no nosso subconsciente. Retrata um momento de ansiedade com a maior intensidade possível. Só quem sofre de tal transtorno sabe como é difícil superar os momentos de crises. Munch, assim como o pai, também era acometido por problemas mentais. É uma das obras mais conhecidas em todo o mundo.

      Abraços,

      Lu

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  3. Adevaldo R. de Souza

    Lu

    Maravilhosa essa obra de do norueguês Edvard Munch, O Grito, onde apresenta uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero. Penso que junto a Mona Lisa de Leonard da Vinci são os quadros mais conhecidos no mundo. Na composição “O Grito”, a ponte pode representar a travessia entre o mundo real e o mundo irreal, simbolizando o momento difícil que vive uma pessoa. A força do pensamento transforma o céu e a terra em uma grande e sonora cena de horror. Existe um contraponto entre o personagem principal – formada por traços sinuosos – e as outras pessoas, apresentadas em formas alongadas e traços retos, assim como a ponte. A cor retratada no céu sugere uma angústia e reforça o sentimento de ameaça que o personagem principal experimenta, sendo que o rosto detalhado pode sugerir que o autor vivia um momento, como se fosse uma múmia. Analisando as quatro versões parece que a última é mais expressionista, pois mostra uma forma fantasmagórica mais assustadora do que as outras versões, pois apresenta globos oculares sem a exata marcação dos olhos.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      A composição “o Grito”, obra de Edvard Munch, é sem dúvida uma das mais conhecidas em todo o mundo. Ela ornamenta, principalmente, os consultórios de doenças mentais. A cena é profunda e tocante. O artista retrata com intensidade o medo que joga o personagem principal numa cena turbulenta, carregada de horror.

      Abraços,

      Lu

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