O LIMIAR DA ARTE ROMANA (Aula nº 14)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

             
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O Império Romano foi erguido sobre as ruínas dos reinos helênicos (ou helenísticos). Mas antes de prosseguirmos em direção à sua arte, é necessário conhecermos um pouco de sua história. Comecemos pelo famoso conquistador Alexandre III Magno ou Alexandre, o Grande que formou um grande império (Egito, Mesopotâmia, Síria, Pérsia e Índia) em apenas 10 anos de reinado (333 a 323 a.C.), tendo legitimado o grego como língua oficial e interferido na formação cultural do povo dominado, fazendo prevalecer o padrão grego em algumas instituições e em outras os elementos orientais. Essa mistura deu início ao período conhecido como “helenístico”.

A civilização helenística foi, portanto, a soma da união de diversas sociedades com a predominância da grega, persa e egípcia. Sua arte escultórica era dotada de fortes emoções ou movimentos bruscos, efeitos que os artistas helenísticos conseguiam obter através de poses retorcidas ou de aprimorados drapeados esvoaçantes. A escultura de “retratos” foi também muito popular. Esse período teve seu início com a morte de Alexandre, o Grande (323 a.C.), prevalecendo até a subida do primeiro imperador romano (Augusto) ao trono (27 a.C.). Mas qual é o porquê do nome “Cultura Helenística”? Referia-se ao nome que os gregos davam a si mesmos — Helenos.

A cultura grega foi imensamente beneficiada com o movimento expansionista efetuado por Alexandre, o Grande, pelo Oriente, ao fundar inúmeras cidades, a exemplo de várias delas com o nome de Alexandria — em sua própria homenagem — que viriam a converter-se em grandes centros de disseminação da arte grega no Oriente, que por sua vez se fundia com as culturas locais. Mas o jovem conquistador Alexandre Magno morreu muito cedo, aos 33 anos, sem ter passado por qualquer derrota. Tampouco deixou um herdeiro para sucedê-lo, o que levou seus generais a engalfinharem-se em sangrentas batalhas entre si, brigando pelo grandioso império que foi todo esfacelado entre eles, surgindo as dinastias absolutistas e enfraquecendo a outrora unidade construída por ele. Como inimigos divididos são inimigos enfraquecidos, os romanos foram conquistando uma por uma das dinastias durante os séculos II e I a.C.

Grande parte dos artistas que exerciam sua profissão em Roma era grega, sendo suas obras muito bem aceitas pelos colecionadores romanos, por isso, a arte permaneceu meio apática no período em que os exércitos romanos ampliavam seu império. Mas, quando Roma passou a ser a mandachuva do mundo, as coisas mudaram no que diz respeito à arte. Os artistas foram obrigados a adequar-se às imposições de seus mandantes, pois lhes foram destinadas tarefas diferentes das que executavam. O campo da engenharia civil foi aquele que teve maiores realizações, como mostram as estradas, os aquedutos e banhos públicos romanos, ainda que se apresentem hoje em ruínas. No que diz respeito à arte pictórica, apenas um pequeno número de pinturas romanas, a maioria delas feitas em painéis de madeira, chegou aos nossos dias.

O Coliseu (primeira ilustração à esquerda) foi o mais famoso edifício romano e que até hoje provoca admiração. Os arcos triunfais (segunda ilustração) são outra grande proeza do vasto Império Romano, erguidos nas  mais diferentes terras conquistadas. Eles possuíam uma grande porta frontal ladeada por aberturas mais estreitas. A arquitetura romana tinha como ponto principal o uso de arcos — construção dificílima para a época, uma vez que eram feitos com pedras separadas. Foi exatamente o domínio de tal técnica que levou os arquitetos romanos a projetos cada vez mais audaciosos, como a construção de tetos abobadados. O Panteão  (terceira ilustração) — templo dedicado aos deuses — é tido como o mais belo dos edifícios romanos. Os artistas romanos aprenderam muito com a arquitetura grega e fizeram uso de tudo que lhes interessava, o mesmo aconteceu nos demais campos da arte.

Exercício:

  1. O que aconteceu com o Império de Alexandre, o Grande?
  2. O que contribuiu para a criação do Império Romano?
  3. Fale sobre a arquitetura no Império Romano.

Ilustração: 1. Coliseu, Roma, c. 80 d.C. / 2. Arco Triunfal de Tibério, Orange, França, c. 14-37 d.C. / 3. Panteão, Roma, 126 d.C. / 4. Busto do Imperador Cláudio, Napóles/Itália, c.41-54 d.C.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

6 comentaram em “O LIMIAR DA ARTE ROMANA (Aula nº 14)

  1. Antonio Messias Costa

    Lu
    Fica patente que o “mix” de diferentes influências é sempre enriquecedora em qualquer campo, inclusive no da arte. Fazendo um paralelo com a música brasileira, a gente pode perceber o entrelaçamento dos mais diferentes ritmos de forma criativa e enriquecedora. Na arquitetura, em tempo de riqueza de material proporcionada pelas conquistas, o empirismo avançou fazendo ciência, matemática e física – um legado impressionante, até hoje presente em várias edificações religiosas. Apesar do avanço da ciência hoje, o povo do passado foi, nas devidas proporções, fenomenais.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio Messias

      As influências de outras culturas são sempre enriquecedoras. O importante é que os artistas, no caso da arte, não se acomode com aquilo que aprendeu, mas que busque caminhos novos sempre. É assim que tudo avança, principalmente a ciência. O povo do passado foi realmente fenomenal em razão do pouco conhecimento que detinha.

      Abraços,

      Lu

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  2. Marinalva Dias Autor do post

    Lu
    Alexandro, o Grande foi um hábil conquistador, conseguindo um grande império. Sua morte misteriosa pôs fim a uma década de conquistas, sem que tivesse uma só derrota. Com sua morte misteriosa e as desavenças entre seus comandados, os romanos aproveitaram para expandir seu império, período em que as artes foram mais voltadas para engenharia civil. Existem cidades modernas construídas por cima dessas maravilhas da Antiguidade, dentre elas Roma.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Alguns acreditam que o jovem Alexandre, o Grande tenha sido assassinado como foi seu pai. Ele teria sido envenenado por um de seus generais, mas isso não passa de especulação. O que se pergunta é sobre o que ele teria conquistado se não tivesse morrido tão cedo, sem jamais ter sido vencido numa batalha. Provavelmente a geografia política hoje seria outra. Para maiores informações sobre ele, em 2004, o diretor de cinema Oliver Stone, lançou um filme baseado em sua biografia, cujo nome é “Alexandre, o Grande”.

      Abraços,

      Lu

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  3. Hernando Martins

    Lu

    Através do texto observa-se que a arte romana recebeu uma influência imensa da grandiosa arte grega, principalmente no aspecto arquitetônico, com suas construções belíssimas. O Império Romano expandiu muito nesse período, aproveitando a morte prematura do imperador Alexandre, o Grande que em 10 anos conquistou um enorme império. A falta de um grande líder permitiu o enfraquecimento dos reinos helênicos através de conflitos internos, levando à formação de dinastias. Tudo isso proporcionou o domínio e a expansão do Império Romano sobre esses povos.

    A arte romana permaneceu tímida no início do Império Romano, uma vez que os artistas gregos trabalhavam em Roma, seguindo os padrões gregos, portanto, nada mudando. Posteriormente, após Roma tornar-se senhora do poder, iniciou-se uma grande transformação na arte arquitetônica, com monumentos de extraordinária beleza e grau de dificuldade acentuado, exigindo da engenharia romana uma técnica bem mais apurada. Certamente, através da observação da natureza, utilizaram um formato parabólico (uma parábola é uma figura geométrica plana, formada pelo conjunto de todos os pontos, cuja distância até um ponto F é igual à distância até uma reta r) em suas edificações, através de arcos nas entradas das casas e templos, havendo um grau de dificuldade elevado na execução de tais projetos)

    Como o Império Romano nasceu das ruínas do Império Helenístico, sabemos que o pensamento grego teve grande influência sobre ele e é possível que o desenvolvimento da astronomia pelos gregos possa ter influenciado os arquitetos a elaborar arcos em forma de parábola, lembrando que os astros são redondos, como a forma parabólica que também é arredondada. Como dizia o grande Lavoisier,”na natureza nada se cria, nada se perde e tudo se transforma”.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Esta aula/texto mostra-nos que o enfraquecimento de um povo (império neste caso) redunda sempre no fortalecimento de outro. Mostra ainda, como Alexandre, o Grande, que iniciou suas conquistas aos 23 anos de idade, tinha muito mais maturidade do que os homens, muitos deles já velhos para a época, que o acompanharam e que, após a sua morte, em razão da ganância pelo poder, esfacelaram o Império Alexandrino e, enfraquecidos, consequentemente foram tragados pela sanha dos romanos. A História da humanidade sempre nos deixa um exemplo a ser observado.

      No que tange à arte, principalmente a arquitetônica em que romanos e gregos foram extraordinários artistas, tendo conseguido criações, algumas delas até hoje desconhecidas pelos arquitetos de nosso tempo (como conseguiram empregá-las em certos terrenos) não vou adiantar o emprego dos arcos em suas construções, pois estão vindo aí fresquinhos em outros textos/aulas. Você está no caminho certo… pois o emprego do arco fez toda a diferença nas construções.

      Um grande abraço,

      Lu

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