Pintores Brasileiros – OSWALDO GOELDI

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O grande mestre da gravura brasileira preservou em sua obra o que ela possui de mais autêntico e universal: sua humanidade profunda. […] A penumbra é um elemento constante de sua linguagem, que acabou encontrando perfeita tradução plástica na opção do artista pela xilogravura como meio preferencial de expressão. (Rafael Cardoso)

Nunca sacrifiquei a qualquer modismo o meu próprio eu – caminhada dura, mas a única que vale todos os sacrifícios. (Oswaldo Goeldi)

Sua imaginação tem a brutalidade sinistra das misérias das grandes capitais, a solenidade das casas de cômodos onde se morre sem assistência, o imenso ermo das ruas pela noite morta e dos cais pedrentos batidos pela violência de sóis explosivos. (Manuel Bandeira)

Goeldi só não é um desesperado, porque tem amor à humanidade e certo apego à vida. Gosta de perambular pelas ruas, fixando tipos, guardando imagens. […] Seu olhar para as coisas vai carregado de força subjetiva que logo se transforma em visão. Visão quase sempre trágica. (Aníbal Machado)

 O gravurista, desenhista, ilustrador e professor Oswaldo Goeldi (1895-1961) nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Era filho de Emílio Augusto Goeldi, cientista suíço, que foi diretor do hoje Museu Paraense Emílio Goeldi, e de mãe brasileira. Sua família mudou-se para a cidade de Belém, no Pará, quando ele tinha apenas um ano de idade. Ali permaneceu durante seis anos, mudando a seguir, com a família, para Berna, na Suíça.

Oswaldo, aos 22 anos de idade, tornou-se alundo da Escola de Artes e Ofícios, em Genebra, mas abandonou o curso, sem concluí-lo. Optou por ter aulas no ateliê dos artistas Serge Pahke e Henri van Muyden. Ao realizar a sua primeira exposição individual em Berna, ficou conhecendo a obra do ilustrador expressionista austríaco Alfred Kubin, pela qual se viu fortemente atraído. Os dois artistas tornaram-se amigos e mantiveran uma longa correspondência. Na mesma época, ele se tornou amigo do artista suíço Hermann Kümmerly, com quem fez suas primeiras litografias.  Presenteou o amigo suíço com 157 desenhos e gravuras. Felizmente, esse acervo voltou ao Brasil, ao ser adquirido por Raul Schmidt Felippe Jr., colecionador brasileiro.

Aos 24 anos de idade, Oswaldo retornou ao Brasil, após o falecimento de seu pai,  escolhendo a cidade do Rio de Janeiro, onde nascera, para morar. Passou a trabalhar nas revistas “Ilustração Brasileira” e  “Para Todos”, como ilustrador. Realizou sua primeira individual dois anos depois. Tomou conhecimento da xilogravura, técnica através da qual passou a expressar-se. Estudou com Ricardo Bampi, em Niterói. Começou a experimentar o uso da cor em suas xilogravuras. Lançou o álbum “10 Gravuras em Madeira de Oswaldo Goeldi”, em 1930, cuja introdução foi feita pelo poeta Manuel Bandeira. Ilustrou revistas e periódicos. Expôs seu trabalho na 25ª Bienal de Veneza, em 1950, e ganhou o Prêmio de Gravura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no ano seguinte.

Oswaldo, um dos maiores mestres da gravura, visto como expoente máximo de sua arte no Brasil e do século XX, tornou-se professor, em 1952, da Escola Nacional de Belas-Artes (Enba), no Rio de Janeiro, abrindo ali uma oficina de xilogravura. Dentre seus alunos podem ser citados: Adir Botelho, Anna Letycia, Samico, Antônio Dias e Roberto Magalhãe. Dentre suas obras, todas de grande qualidade, encontram-se: Na Favela, Bairro Industrial, Rolando Pipa, Conversa de Esquina, Canto de Rua, Mascate, Cais, etc. As paisagens na obra do artista são, geralmente, noturnas e urbanas. O artista tinha como temas pessoais: casario suburbano, mar e pescadores, noite e solidão, dentre outros. Dentre os animais tinha predileção pelos gatos, garças, abutres e tubarões.

O artista era, às vezes, sarcástico em muitas de suas obras, enquanto noutras invertia aquilo que se tem como normalidade, a exemplo de um peixe perseguindo um pescador, pássaros aguardando momento propício para investirem contra o dono, caveiras que retomam a vida, o vento que tudo destrói e leva consigo,  como se a natureza e os objetos voltassem-se contra o homem todo poderoso, sempre a intimidá-los.

Oswaldo Goeldi faleceu em 1961, na cidade do Rio de Janeiro. Sua obra continua fazendo parte de exposições póstumas, em vários países. Todo o seu acervo vem sendo preservado e catalogado pela Associação Artística Cultural Oswaldo Goeldi e pelo Projeto Goeldi. Hoje, a quase totalidade das matrizes e muitas centenas de gravuras e desenhos seus estão no Rio de Janeiro, no Museu Nacional de Belas-Artes e na Biblioteca Nacional, onde são guardados os arquivos do artista, transferidos da PUC-RJ.

Fontes de pesquisa
A arte brasileira em 25 quadros/ Rafael Cardos
Brazilian Art VII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Goeldi

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