PINTURAS RUPESTRES E ESCULTURA (Aula nº 7)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                  

Antes mesmo da invenção da escrita, acontecida por volta de 4.000 a. C., o homem já produzia arte. Até agora as pinturas e desenhos mais antigos encontrados datam do Período Paleolítico, também conhecido como Idade da Pedra Lascada, quando os instrumentos usados eram de pedra lascada, osso e madeira. As pinturas “rupestres” — termo que intitula as representações artísticas pré-históricas criadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre —, portanto, são o exemplo do vestígio humano mais antigo, tendo varado muitas eras até chegar aos nossos dias. A pintura rupestre mais antiga do mundo, com cerca de 73 mil anos de idade, descoberta até agora, foi encontrada na caverna Blombos, na África do Sul.

A arte rupestre pode ser dividida em dois tipos: pintura rupestre — composta por pinturas feitas com pigmentos nas paredes e em outros espaços; gravura rupestre — imagens feitas com incisões na própria pedra. É possível encontrar registros dessa arte espalhados por todo o planeta. Algumas pinturas e gravuras mais bem preservadas estão localizadas em Portugal, Itália, França, Alemanha, Sibéria, Balcãs (norte mediterrâneo da África), Espanha e Austrália. No Brasil, o Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí (Nordeste) abriga o maior e mais antigo acervo rupestre da América e o Parque Nacional do Catimbau em Pernambuco (Nordeste) também possui registros de pinturas rupestres, sendo ao todo 27 sítios arqueológicos só nessa região. Esse parque é considerado o segundo maior do Brasil. Além dos sítios mencionados, existem muitos locais no Brasil e no mundo com registros de arte rupestre e, sem dúvida, muitos outros ainda não descobertos (ilustração à direita).

Mesmo os arqueólogos, ao depararem-se com as pinturas rupestres, tiveram dificuldades para acreditar que muitas daquelas representações (imagens de bisões, mamutes ou renas) criadas com tanto realismo, imitando a natureza, pudessem remeter à última Era Glacial. Contudo, ao encontrarem objetos rudimentares feitos de ossos nesses locais, concluíram que as pinturas tinham sido gravadas ou pintadas por homens que, por serem caçadores, conheciam bem aqueles animais. Usavam cores vibrantes para pintá-las, feitas a partir de gordura e sangue de animais, vegetais, argila e carvão das fogueiras. Eram pintadas com pincéis toscos feitos de pelos de animais, soprando com a boca ou fazendo uso dos próprios dedos. O homem do Período Paleolítico também criou esculturas em pedra, cuja maioria trazia a figura feminina estilizada.

Muitas pessoas especulam sobre qual é o real motivo de alguém ter se arrastado até as escuras entranhas da terra — em muitos casos — e ali deixar sua obra. O certo é que ninguém empreenderia uma viagem tão perigosa apenas para ornamentar esse local. Segundo a compreensão do Prof. E. H. Gombrich em seu livro “A História da Arte”, “A explicação mais provável para essas pinturas rupestres ainda é a de que se trata das mais antigas relíquias da crença universal no poder produzido pelas imagens: dito em outras palavras, parece que esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem de sua presa — e até a espicaçassem com suas lanças e machados de pedra — os animais verdadeiros também sucumbiriam ao seu poder”. Sua análise baseia-se no uso da arte entre os povos primitivos do nosso tempo que ainda vivem em conformidade com seus antigos costumes, ou seja, que vinculam à maior parte de sua produção artística a ideias semelhantes sobre o poder das imagens. Há também aqueles que dizem ser elas o resultado de ervas alucinógenas.

Exercício:

  1. O que são pinturas rupestres e como se subdividem?
  2. Quais são os dois principais parques de arte rupestre no Brasil?
  3. Suponhamos que você seja um daqueles que deixaram sua pintura na caverna de Blombos, na África do Sul. O que o levou a fazer isso?

Ilustração: 1. Pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara; 2. Vênus de Willendorf ou Mulher de Willendorf encontrada na Áustria.

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Manual Compacto da Arte / Editora Rideel
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/arte-rupestre

10 comentaram em “PINTURAS RUPESTRES E ESCULTURA (Aula nº 7)

  1. Matê Autor do post

    Lu
    Estou amando o curso de História da Arte. Não há como ter dúvidas, pois sua metodologia é brilhante. Parabéns!

    Abraços

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Fico muito feliz com a sua participação e por saber que as aulas/textos estão apresentando uma linguagem bem acessível. Até agora ninguém me procurou para tirar dúvidas e os acessos têm sido muito bons.

      Abraços,

      Lu

      Responder
      1. Lu Dias Carvalho Autor do post

        Lusenilda

        É um prazer contar com a sua presença e comentário. Seja sempre bem-vinda. Continue emitindo as suas opiniões sobre o curso. Fale de nossas aulas para seus amigos.

        Grande abraço,

        Lu

        Responder
  2. Antonio Messias Costa

    Lu

    É fato que a partir do momento em que o homem passou a consumir mais proteína animal, maior foi o seu desenvolvimento cerebral e consequentemente a sua capacidade cognitiva. A imortalização das imagens animais assinala sobretudo um sinal de respeito a uma fonte alimentar básica, também um tributo a todos os entes vivos, interligados pela utilidade, beleza entre muitas outras deduções. Vale lembrar que tribos isoladas retiram da natureza apenas o que dela precisam, mantendo assim os estoques renováveis, imagino que nesse início da humanidade este princípio conservacionista era muito vigoroso.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      Há também uma ala muito forte atualmente que acha que aquelas imagens sejam fruto de ervas alucinógenas das quais fazia uso o homem primitivo. Acho que nunca saberemos a real causa que os levou à criação da arte rupestre.

      Abraços,

      Lu

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  3. Marinalva Dias Autor do post

    Lu

    Este assunto é fascinante! Acho que os artistas contemporâneos herdaram o gene artístico desses indivíduos das cavernas que usavam a imaginação, talvez, movidos por um tipo de crença, ao retratar suas necessidades. Criar é algo difícil e complexo, não é para muitos, só para quem já traz a arte no DNA.

    Estou aprendendo muito com as aulas, mais uma vez, parabéns!

    Beijos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Realmente se trata de um assunto fascinante. Causa uma grande emoção ver o trabalho dessas pessoas que viveram na Pré-história, mas que já carregavam a vontade de retratar sua sensibilidade, sejam lá quais forem os motivos. É também incrível como a capacidade criativa pode surgir nas mais diferentes áreas. Você, por exemplo, escreve muito bem! Estou amando tê-la como participante deste nosso curso.

      Abraços,

      Lu

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  4. Hernando Martins

    Lu

    Desde tempos longínquos, o homem primitivo deixava seu legado artístico através da arte rupestre, de uma forma brilhante. Eram desenhos e gravuras com representações da natureza.

    O humano é o único ser do planeta que possui o prosencéfalo desenvolvido, tem a capacidade de formular conceitos e possui mãos para processar toda sua criatividade. Por isso, está sempre criando algo novo e conquistando o desconhecido. Ressaltando que todas essas descobertas são importantes, principalmente quando utilizadas para o bem e preservação da vida.

    Observa-se que a arte, desde os primórdios, sempre foi baseada na realidade, no contexto vivido pelo artista, com suas limitacções e possibilidades. A natureza sempre foi e será a musa inspiradora para as infinitas possibilidades de materialização de trabalhos belíssimos executado pelo elemento divisor de aguas que é o artista.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Ao acompanharmos a história da arte através dos tempos vemos como a capacidade criativa do ser humano é ilimitada. É uma pena que muitas vezes as criações humanas possuem intuitos negativos, mas, infelizmente isso faz parte da dualidade humana, principalmente quando não se aprimora o espírito de amor à Terra.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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