RAM MUNDA (13) – VISÃO SOBRE OS INDIANOS

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Autoria de Lu Dias CarvalhoCapa de Ramun

Depois de viver seis semanas como um dalit, a visão do escritor francês, Marc Boulet, sobre o povo indiano não é das melhores. Para ele, os indianos acham-se especiais em tudo, superiores aos estrangeiros. Embora não possuam a xenofobia vista em outros povos, mas uma grande indiferença e espírito de superioridade. Eles se consideram mais civilizados do que qualquer outro povo, e acham a cultura indiana a melhor do mundo, de modo que, qualquer outra está abaixo dela. Sentem pelo estrangeiro um grande desprezo. Veem-no como um bárbaro, um dalit (intocável). Todo aquele, que não pratica o hinduísmo, aos olhos dos hindus, não é civilizado e seus costumes ficam abaixo dos costumes dos dalits.

Os estrangeiros são repugnantes, porque comem o cadáver de um animal sagrado, a vaca. Destacam o fato de os ocidentais, ao defecarem, limparem-se com papel, em vez de se lavarem. Por isso, eles continuam sempre sujos. Criticam também o fato de os estrangeiros assuarem o nariz em um pano, que guardam no bolso, para uma nova utilização, pois os indianos não usam lenço. Eles apertam as narinas, uma de cada vez, e expulsam o muco do nariz. Fazem isso em qualquer lugar público, até mesmo no meio da rua, quando se sentem à vontade, sem se preocuparem com os micróbios lançados na atmosfera. O mesmo eles fazem com os excrementos. Consideram que conservar matérias impuras no interior do corpo não é auspicioso. E, diante de tal justificativa, abaixam a calça na rua. Não há preocupação com a limpeza coletiva, apenas com a individual. Sentem um grande desprezo pelas castas pobres. E sempre dizem pertencer a uma casta superior à que pertencem. São mentirosos, portanto.

Os indianos são metidos a sabichões, a donos da verdade. Não possuem respeito pelo estrangeiro, mas sim pelo máximo que puderem extrair deles. Chamam-nos de “macacos vermelhos”. Também evitam o contato com esses, para que não possam se sujar. É visível o desprezo que dedicam a quem não é como eles, ou que difere de seus costumes. Na Índia come-se sem talher, com os dedos da mão direita. A mão esquerda é usada para lavar o ânus. Não se concebe a ideia de o estrangeiro usar as duas mãos para o mesmo fim. Dizem que os hábitos alimentares e higiênicos dos estrangeiros causam repugnância. E que eles tornam impuro tudo o que tocam. Por isso, recusam-se a usar um utensílio usado por um estranho.

O estrangeiro é muito visado em todo o país. Não pode passear sem ser parado a todo o momento por mendigos, traficantes, fedelho com endereços de encontros amorosos, vendedores ambulantes, homens “santos”, barqueiros, barbeiros, astrólogos, sacerdotes que benzem… Há sempre alguém importunando, querendo vender alguma coisa, ou oferecendo algum tipo de serviço. Apesar da falsa impressão que um estrangeiro possa ter sobre o recato dos indianos, esses adoram falar sobre sexo e dizer palavrões. Coçam os testículos publicamente e os ajeitam o tempo todo, como um desejo de mostrar virilidade. E se julgam os tais na arte do amor. No entanto, a sexualidade dos indianos carrega problemas, como os encontrados em qualquer outra civilização: impotência, brutalidade nas relações, ausência de intimidade, casamentos de conveniência, etc.

Marc Boulet acha que Gandhi deve ter pregado a não violência como sistema de vida e luta, talvez porque achasse os indianos muito violentos. E esses, além de não aceitarem tal ideal, também não aceitaram banir a intocabilidade. Gandhi não tem mais nada a ver com a Índia de hoje. São tantas as castas e tantas as origens que, imagina Marc Boulet, é difícil para um indiano se definir em termos de cidadania, de nacionalidade. Pertencem a uma região, ou a uma religião, ou a uma casta. É normal que um indiano não se sinta como um membro da União Indiana.

Os indianos não pronunciam três expressões: Desculpe!/ Obrigado!/ Por favor! Não é um povo cortês, é descortês mesmo, grosseiro. E não se melindra com nada, tampouco sabe o porquê de ter que se pedir desculpas. Nunca acha que esteja incomodando. E, mesmo que estivesse, isso não tem a menor importância. O próprio hinduísmo insiste nos deveres do indivíduo em relação a si mesmo, sem se preocupar com o outro. O que torna as pessoas egoístas.

Nota:
Os pareceres aqui expostos foram tirados do livro Na Pele de um Dalit/ Marc Boulet.

2 comentaram em “RAM MUNDA (13) – VISÃO SOBRE OS INDIANOS

  1. Irla Corrêa

    A Índia, como qualquer outro lugar no mundo, apresenta problemas, mas com certeza há um exagero nos comentários e um tanto também no livro, se assim descrito.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Irla

      Os pobres, nos países continentais, sofrem muito, pois são deixados à margem da sociedade, como se não existissem. E a Índia, colonizada por estrangeiros (ingleses), não foi diferente, pois aquela gente só tinha preocupação com as riquezas do país, como aconteceu com o Brasil. Aliado a isso está a religião hinduísta, que institucionalizou o sistema de castas, não aceitando melhoria na vida dos “intocáveis” e castas inferiores. Uma amiga brasileira que mora lá, disse que é muito mais do que imaginamos.

      Obrigada por sua presença no blog e comentário. Será um prazer recebê-la sempre. Outra coisa, não costumo receber comentário sem e-mail, mas abri uma exceção para você.

      Beijos,

      Lu

      Responder

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