Rousseau – A CIGANA ADORMECIDA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

CIGAN

O animal selvagem, apesar de faminto, exita em atirar-se à sua vítima que, extenuada, caiu num sono profundo. (Subtítulo da obra)

[…] Que paz! O mistério acredita em si próprio e está aí, nu, sem invólucros […] A cigana está a dormir, os olhos cerrados […]. (Jean Cocteau)

Uma negra errante, uma tocadora de bandolim, encontra-se com o seu cântaro ao lado, vencida pelo cansaço, em um sono profundo. Um leão acontece de passar por ali, seguindo seu cheiro, mas não a devora. Há um efeito lua, muito poético. (Rousseau em carta ao prefeito de Laval)

A composição denominada A Cigana Adormecida é uma obra do pintor Henri Rousseau, e encontra-se entre as pinturas mais famosas do mundo. Foi produzida em tela panorâmica e apresentada no Salão dos Independentes, em Paris/França, no ano de 1897.

Uma cigana africana está dormindo sobre a areia do deserto. As tranças de seus cabelos são de cor rosé, e descem sobre seus ombros como finos rolos de algodão. A boca deixa à vista os dentes brancos, como uma fileira de delicadas pérolas. Ela usa um vestido oriental, de listras verticais, com as cores do arco-íris. Na mão direita traz um cajado, que mantém firme, embora se encontre dormindo. À sua esquerda, em primeiro plano, encontram-se um jarro com água, de estilo oriental, e um instrumento musical de cordas (bandolim), de estilo italiano.

O leão, com a sua juba que cresce para frente, ocupa a parte central do quadro. Ele está de pé, olhando para a cigana. Sua cauda levantada, na horizontal, indica posição de alerta. A juba parece se esvoaçar ao vento, embora seja uma noite calma de lua cheia. Ele não se mostra ameaçador, mas apenas curioso em relação ao corpo negro da cigana. No canto superior esquerdo da pintura está a majestosa lua branca, que ilumina toda a cena, refletindo luz, especialmente sobre o dorso do leão, pernas, cauda e juba, e dando à areia uma gradação diferenciada. No céu azul-esverdeado também podem ser vistas seis estrelas. Um lago separa a cigana e o leão das montanhas ao longe, parecidas com o formato das tranças de seus cabelos.

É visível o fato de que o pintor retrata um sonho. A cigana está deitada na areia, com a cabeça numa almofada ou pano semelhante ao tecido de sua roupa, sem que haja rastros de seus pés ou das patas do leão. Eles simplesmente aparecem ali, vindos do nada. Tão afeitos aos pormenores, Rousseau jamais deixaria passar tais sinais, se a realidade ali estivesse presente. Embora se trate de um sonho, os objetos vistos  são bem realistas.

Esta poética e mágica pintura de Henri Rousseau tem sido motivo de inspiração para a música e a poesia. Vários artistas modificaram-na ou a parodiaram, sendo o leão, algumas vezes, substituído por um cão ou um outro animal qualquer. Ela também povoou a minha infância, quando a vi, pela primeira vez, numa revista holandesa do pároco da cidade de meus avós.

Curiosidades:
• No desenho animado “Os Simpsons”, no episódio denominado “Mom and Pop Art”, Homer acorda sendo lambido por um leão, na cabeça.
• No filme “O Apartamento” aparece uma cópia da pintura.
• Em sua obra, Rousseau mistura elementos de culturas diferentes.
A Cigana Adormecida é hoje um ícone.

Ficha técnica
Ano: 1897
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 129,5 x 200,7 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Henri Rousseau/ Taschen
http://www.henrirousseau.net/the-sleeping-gypsy.jsp
http://www.pahnation.com/artwork-the-sleeping-gipsy-by-henri-rousseau/

2 comentaram em “Rousseau – A CIGANA ADORMECIDA

  1. Edward

    LuDias

    Nada conheço sobre a obra de Henri Rousseau. Porém, sinto que é simbólico. Ele não vê a natureza como todos nós a vemos, percebo. Por que motivo o Leão não atacou a mulher que está dormindo? É evidente que sua imagem da natureza é totalmente divorciada do que pensamos. O leão ataca tão somente por necessidade, seja para se alimentar, seja para se defender. Nesse momento, reina a paz.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      Esta sua análise é perfeita. Somente o homem acumula por ganância.
      O trabalho de Henri Rousseau é maravilhoso, quase sempre usando como temática a natureza. Também sei muito pouco sobre ele, mas logo será pesquisado com mais profundidade. Quando era criança, eu vi esse quadro numa revista, e dele jamais me esqueci. Causou-me surpresa ao reencontrá-lo, pois nem sabia quem era o seu autor.

      Grande abraço,

      Lu

      Responder

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