Turner – ANÍBAL E SEU EXÉRCITO…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Turner se empenhava para que seus quadros ficassem na parede na altura correta. Ele desejava que este fosse pendurado baixo, para que o observador pudesse ser atraído visual e emocionalmente para o centro da imagem. (Robert Cumming)

O Sol é Deus! (Últimas palavras de Turner)

O inglês Joseph Mallord William Turner (1775 – 1851) nasceu em Londres. Aos 14 anos de idade passou a trabalhar com o desenhista arquitetônico Thomas Malton que chegou a concluir que o garoto jamais seria um artista, mas ele foi no mesmo ano aceito na Escola da Academia Real de Artes, em Londres, onde ganhou a admiração de seus colegas. Aos 15 anos, Turner expôs suas primeiras aquarelas na referida academia. Aos 25 anos já era membro associado, período em que visitou, pela primeira vez, outros países do continente europeu, estudando em Paris – no Louvre – os Antigos Mestres, dando destaque às paisagens holandesas e composições de Claude Lorrain. A visita de Turner a outros países, inclusive à Itália, mudou radicalmente seu estilo, quando passou para as criações visionárias.

A composição intitulada Aníbal e seu Exército Cruzando os Alpes é uma obra do artista, tendo sido exibida numa época muito conturbada da história, quando Napoleão batia às portas de Moscou, dando a impressão de que toda a Europa cairia sob a tutela francesa, coisa que o rigoroso inverso russo não permitiu.

O quadro trata da invasão da Itália – através dos Alpes – pelo exército cartaginês liderado por seu líder Aníbal. Contudo, Turner não se atém à façanha bélica do líder cartaginês, transformando a ferocidade da natureza no verdadeiro tema de sua obra, ao retratar o exército de Aníbal enfrentando uma impetuosa nevasca e posteriormente sendo derrotado. Para muitos, o quadro de Turner foi o prenúncio do que viria a acontecer com Napoleão.

A maior parte da composição é tomada pela natureza bravia. Uma avalanche de neve desce pela extrema direita sobre o exército cartaginês que eleva seus escudos, estandartes e lanças num gesto de contenção da nevasca. É possível ver uma figura com os braços abertos, amedrontada com o que vê. Mais ao longe – na parte inferior central da composição – estão os famosos elefantes do líder que, diante das forças da natureza, tornam-se imperceptíveis em sua grandeza. As montanhas também se mostram amedrontadoras, assim como as nuvens e a luz formada por enormes cones.

As figuras que se encontram atrás da rocha, em primeiro plano, são pouco notadas, pois a preocupação do artista não era com o emocional ao retratar um fato, mas com o efeito dramático da cena, privilegiando as forças da natureza, por isso, ele elimina os detalhes, deixando o resto por conta do observador. Mais ao centro, na base da composição, um grupo de salassos (habitantes de tribos locais) busca levantar uma pesada rocha para jogá-la abaixo, provocando um deslocamento de pedras sobre o inimigo. Já à esquerda, guerreiros salassos são vistos despojando suas vítimas de seus bens.

Em sua obra o artista usou uma forte paleta de cores, com a predominância de tons escuros (azuis, marrons e verdes) que, apesar do brilho da luz solar, cria ainda mais um clima de dramaticidade. Turner, um apaixonado pelo impacto visual do sol e de sua simbologia, é tido como um dos poucos artistas que o pintaram, ao invés dos efeitos provocados por sua luz. Na composição, o astro-rei parece lutar para vencer as nuvens tempestuosas e trazer vida em vez de desespero.

Ficha técnica
Ano: 1812
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 146 x 237 cm
Localização: Tate Gallery, Londres, Grá-Bretanha

Fontes de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

4 comentaram em “Turner – ANÍBAL E SEU EXÉRCITO…

    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui

      Turner era um pintor dotado de muita sensibilidade. Suas obras são realmente tocantes.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  1. Luiz Cruz

    Lu

    As paisagens de Turner são dotadas de grande dramaticidade. São amplas e nelas o céu sempre ganha um papel importante, com cores e pinceladas surpreendentes. Sobre a altura dos quadros concordo plenamente com ele, os trabalhos devem ir ao encontro do espectador, não só para cativá-los, mas para travar um diálogo e conquistá-lo. Muito bom. Turner é um dos meus pintores favoritos.

    Parabéns e um grande abraço,

    Luiz Cruz

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Luiz

      Eu também me encanto com o trabalho de Turner. Nunca me canso de observar suas paisagens. Ele era um artista muito comprometido com os acontecimentos de seu tempo.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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