Autoria de LuDiasBH
O lugarejo esparramava-se pelo vale,
com ruas tortuosas de terra vermelha.
Igreja, mercado, delegacia, pracinha e
grupo, cenário onde vivia a menina.
Um motor paria luz durante a noite,
com tempo certo pra apagar as tochas,
motivo de tristeza e contratempos pra
todas as mocinhas daquelas grotas.
Uma vez acabada a fraca energia que
alumiava ruelas e praça com preguiça,
as boas famílias exigiam, com rigor que
suas moçoilas se pusessem à vista.
Vinte e duas horas era o tempo exato,
ou o mensageiro se botava a caminho,
pra confiscar da impontual Cinderela,
seus arroubados e sonhados carinhos.
Era um tempo curto para os prazeres:
beijar, dançar, abraçar, enroscar… O
lema era lucrar o máximo, assim, cada
uma tratava logo de grudar seu par.
Certa noite, a menina perdeu a hora.
Dançou, abraçou, roçou e beijou tanto,
que se esqueceu do apagar das luzes,
e do núncio postado a caminho.
O casal dançava grudadinho no salão,
fazendo juras e juras eternas de amor,
extasiados pelos hormônios da idade,
selaram com um beijo quente a união.
A menina apaixonada estava tão feliz,
que nem viu a presença do pai ao lado.
Uma leve batida no ombro sinalizou:
– Mocinha, seu tempo de folga acabou!
Pro bem da menina, o pai emudeceu,
ao transpor a rota de cinco quadras.
Carrancudo e severo seguia à frente,
sem balbuciar uma única palavra.
Meia-noite e a mocinha, coitadinha,
assentada numa cadeira de madeira,
ouvia de seu pai uma longa ladainha,
sobre como ser menina de família.
Mas a jovem estava bem longe dali,
inda na ardência dos braços amados,
aos beijos, solfejos e carícias, e ao pai
restava só a presença física ao lado.
Nota: Imagem copiada de www.alienado.net
Como já foi mencionado, o pai se preocupava com a sua filha, pois os pais de agora não têm preocupação, o que eu chamo má educação. O poema é maravilhoso, pois menciona, amor e paixão de menina, que de tudo se perde, mas o importante lá está, o amor em extensão.
Abraços Lu,
Rui Sofia
Rui
As mocinhas de antigamente viviam nas rédeas de suas famílias.
Ao contrário das de hoje, que vivem como bem querem.
A menina estava apaixonada, mas vivia sob o olhar da família.
Abraços,
Lu
LuDias
Hoje é difícil encontrar um pai assim. A grande maioria, infelizmente, pouco se importa com seus filhos, deixando de impor-lhes limites.
A juventude, como você bem enalteceu, é impulsiva, ainda não tem o controle emocional e a formação complementada, Age, assim, sem reflexão, mais pelos seus desejos e instintos, menos pela sua razão.
Excelentes versos, que nos leva à reflexão, que hoje muitos pais se afastam. O pai buscou-lhe mostrar a razão, embora a mocinha nem o percebesse, como mostra seus brilhantes versos finais:
Mas a moça estava bem longe dali,
na ardência dos braços do amado,
entre beijos, solfejos e carícias, só
dando ao pai sua presença física.
Ed
A maioria dos pais de hoje é muito permissiva.
Não se preocupa com a vida dos filhos ou por quais caminhos eles andam.
Acha que o mundo é a melhor escola.
Mas se esquece de que é preciso prepará-los para a vida.
Abraços,
Lu