Van Gogh – CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SUA VIDA

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Autoria de Lu Dias Carvalho van

No trabalho artístico, Van Gogh tinha plena lucidez e pode controlar seus conflitos, sublimando-os até. O que ele não conseguia, mesmo, era viver. Talvez concorresse para isso sua doença com sérios acessos de depressão. Também na época não era fácil, sobretudo para alguém tão intrinsecamente alheio aos padrões de valores sociais que se definiriam no século 19. (Fayga Ostrower)

A obra de Vincent van Gogh, executada num curto período de 5 anos, rejeitada em sua época, atinge hoje preços estratosféricos no mercado de arte, num desses reveses da vida. A triste história do artista holandês já se fez presente na sua primeira escolha – ser evangelizador de uma igreja que não mostrava muita aceitação por ele. Mas, como sentia que não tinha o manejo fácil das palavras, começou a desenhar, coisa que fazia muito bem, e depois a pintar. Antes disso, trabalhou por algum tempo nas minas de carvão da Bélgica, numa situação desumana.

Atrás de seu tipo taciturno e desajeitado, quase que desconhecido em seu tempo, Van Gogh escondia uma doçura e uma generosidade ímpares, talvez só percebidas por seu adorado irmão Theo que tanto trabalhou por seu reconhecimento como artista, ainda que fruto algum fosse colhido no seu tempo, mas que se tornaria um celeiro no futuro. Suas linhas abruptas, traços curtos e vigorosos com sequências repetitivas, que se adensam, mostram a alta tensão emotiva em que vivia o pintor. Embora toda a sua atividade artística não ultrapasse  uma década, ainda assim contabiliza mais de 800 quadros, o que demonstra como sua mente era frenética.

Muitas vezes nós nos perguntamos o porquê de o sofrimento desabar pesadamente sobre alguém, sem lhe proporcionar um grama de alegria. Assim foi a vida de Van Gogh, uma tragédia artística e humana sem tréguas. Serão a sensibilidade e a criatividade o fermento do sofrimento? Por que sofrer com a indiferença da chamada vida civilizada? Não teria sido mais fácil ignorá-la? Nada disso foi possível a Van Gogh que sentia uma grande necessidade de contato humano e sobretudo de encontrar a si mesmo, de modo a dar sentido à sua vida. Nutria uma desesperada necessidade afetiva de se dar aos outros e de ser amado. Mas todas as suas buscas amorosas foram infrutíferas.

Van Gogh entregava-se por inteiro a tudo que fazia, de forma que a força de sua compulsão criadora não era capaz de conter-se dentro de moldes preestabelecidos. Ao contrário, vergava-se à sua vontade. Dentro dele, como em Noite Estrelada, tudo era movimento e agitação. É possível sentir esse turbilhão que não se acalmava nunca, através de seus traços desinquietos e exasperados, acompanhando as marcas deixadas por seus pinceis e espátulas.

No início de sua carreira Van Gogh escolheu os pobres e os desvalidos para pintar, como uma forma de protesto contra a indiferença de uma sociedade injusta, na qual sentia uma grande dificuldade de se inserir. Não conseguia aceitar que a existência fosse daquele jeito. Foi jogando essa emoção no seu trabalho que alcançou um estilo pessoal inconfundível e admirável. A falta de sentido que a vida representou para o artista, está presente em toda a sua obra,  assim como sua solidão, seus medos e necessidade de afeto.

Ele jamais se preocupou em encontrar a beleza, pois buscava apenas a verdade. Por isso, nunca sentiu necessidade de apagar as marcas deixadas por sua espátula ou a necessidade de misturar cores primárias. A tinta brotava virgem dos tubos para suas telas que jamais retocava. Tinha dificuldade em retomar uma obra já iniciada, pois estava sempre em busca do novo. Expressar seus sentimentos, ainda que doídos, era tudo o que queria. Isso fazia com que sua pintura  diferisse tanto das demais de seu tempo, a ponto de ser tido como o precursor do Expressionismo europeu, conforme atesta o pintor Pablo Picasso: Quando mais ninguém soube como continuar, Van Gogh descobriu uma ampla estrada para o futuro. Mas essa descoberta custou a vida do próprio pintor. No desespero para encontrar uma explicação para sua própria vida, Van Gogh acabou se autodestruindo, tomando o suicídio, aos 37 anos, como caminho final, enquanto deixava uma estrada para o futuro.

2 comentaram em “Van Gogh – CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SUA VIDA

  1. Marcos A. Moreira Vidinha

    Lu
    Não sabia que Van Gogh pintou mais de 800 quadros em tão pouco tempo de vida artística. A vida das pessoas com dons especiais nem sempre é muito fácil! Talvez Deus queira nos transmitir ensinamentos através delas. Parabéns Lu! Maravilhoso o seu texto!
    Fique com Deus.

    Abraços
    Marcos Vidinha

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marcos

      Se não me engano foram apenas 10 anos de vida artística.
      E foi uma pena que tenha sido tão curta.
      E como sofreu o nosso Van Gogh.
      Não deixe de ler sobre suas obras.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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