VISTAS DA CATEDRAL DE ROUEN (Aula nº 83 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

            

     

Todos os dias eu capto e me surpreendo como alguma coisa que ainda não tinha sabido ver. Que difícil de fazer é essa catedral! Quanto mais avanço, mais me fatiga restituir o que sinto; eu me digo que aquele que diz ter terminado uma tela é um terrível orgulhoso. (Monet)

Na verdade, neste monumento gótico, está o extremo da sólida realidade que, mediante a observação e habilidade de Monet, transformou-se em evanescente fantasia. (Perry T. Rathbone)

Monet fez vários quadros paisagísticos em que inseriu igrejas e catedrais. Mas nesta série, ele pegou como tema único a Catedral de Rouen. Foram pintadas cerca de trinta telas, nas quais o artista reproduz o jogo de luz e as inúmeras mudanças na atmosfera em vários momentos do dia, através da fachada da catedral. Aqui o tema central não é a catedral, pois sua arquitetura é quase imperceptível, mas a variação da luz sobre sua fachada em diversos momentos do dia. Essa série é famosa no mundo inteiro.

O pintor chegou a duvidar de sua capacidade de poder transferir para a tela as diferentes mudanças cromáticas, ao pintar a Catedral de Rouen em diferentes momentos. Ele desabafou dizendo que “tudo muda, inclusive a pedra”. A série foi pintada durante os meses de inverno de 1892 e 1893, como ele via a catedral da janela de onde se encontrava (num quarto alugado em cima de uma loja do lado oposto da praça fronteiriça com a catedral) em diferentes momentos do dia. Em todas as pinturas a fachada da Catedral de Rouen ocupa sempre o primeiro plano. É possível ver como a luz, ao incidir sobre aquelas formas complexas, altera a forma e a cor, num jogo de imensa beleza. Ele trabalhou seu olhar, não para ver o modelo, mas, sim, a luz que o envolvia e a atmosfera que se mostrava entre ele e o objeto de sua atenção.

Para pintar os inúmeros quadros da série, Monet submeteu-se a um grande número de sessões, indiferentemente da hora do dia e do tempo. Ele pintou sob o sol, sob a névoa, ao amanhecer, ao entardecer… O método empregado era a substituição de telas de acordo com as variações da luz. Ele trabalhou no tema em dois períodos distintos, havendo um intervalo de cerca de um ano. Antes de iniciar a sua pintura, estudou a construção e os efeitos luminosos. O seu ateliê foi montado de frente para a catedral.

De um total de trinta telas da Catedral de Rouen, apresentada como se fosse imaterial, foram expostas vinte em 1894. Na época, o jornalista Georges Clemenceau que viria a ser primeiro-ministro da França e também responsável pela doação das “Ninfeias” ao Estado francês, mostrou a sua preocupação no sentido de que as telas viessem a ser vendidas separadamente, pois, para ele, todo o bloco constituía um único trabalho, ou seja, uma única obra dividida em vinte sequências, além de ser a prova da fascinação e dedicação do artista ao Impressionismo.

Artistas e críticos acolheram muito bem essa série de Monet, pois se tratava de um grande acontecimento. Como escreveu Georges Clemenceu, ela dizia respeito a “uma forma nova de olhar, de sentir, de expressar uma revolução”. Tanto é que artistas como Picasso, Braque ou Lichtenstein viram a série de pinturas sobre a Catedral de Rouen como “de importância fundamental na história da arte”, pois “obrigaria gerações inteiras a mudar suas concepções”.

Nota: A primeira gravura trata-se da reprodução de uma foto da catedral.

Ficha técnica: (catedral azul)
Ano: 1893
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 106 x 73 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França

Fontes de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol

8 comentaram em “VISTAS DA CATEDRAL DE ROUEN (Aula nº 83 A)

  1. Mário Mendonça

    Lu Dias

    Quanto à obra gótica dá uma sensação que ela transita entre o céu e o inferno, hein? “Um pentagrama no receptáculo da criação”, surreal!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Monet realmente cria uma obra surreal ao pintar a Catedral de Rouen sob os mais diversos tipos de iluminação natural. Veremos outras obras maravilhosas do artista.

      Abraços,

      Lu

      Responder
      1. Mário Mendonça

        Lu Dias

        O que tu me dizes do “receptáculo da criação” que tem o estilo gótico? Nas aulas de arquitetura, alguns mestres também chamam de vagina! Percebeste?

        Responder
        1. LuDiasBH Autor do post

          Mário

          Não sei que receptáculo é esse de que fala. Explique-me melhor.

          Abraços,

          Lu

  2. Hernando Martins

    Lu
    A catedral de Notre Dame em Paris é muito famosa, mas Monet preferiu a Catedral de Rouen, situada na região da Normandia. Ele conseguiu transferir essa obra gótica magnífica para a tela com muita maestria ao levar em conta os efeitos da luz. Foram varias reproduções em diferentes horários, com luminosidades variadas. O Impressionismo tem essa peculiaridade de captar o momento. O artista não fica preso a nenhuma convenção. Consegue expressar toda a beleza da natureza, levando em conta a luz, sombra, reflexos e magia captada por sua sensibilidade.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Monet merece toda a honra de ser tido como “O Pai do Impressionismo”, pois seu trabalho abriu um leque novo para a arte e influenciou inúmeros artistas. Como você escreve: “O artista não fica preso a nenhuma convenção. Consegue expressar toda a beleza da natureza, levando em conta a luz, sombra, reflexos e magia captada por sua sensibilidade”.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Adevaldo R. de Souza

    Lu

    É magnífico esse trabalho de Monet, mostrando uma nova forma de olhar, sentir e expressar através de suas telas em que a variação da luz expressa as mudanças de cada momento.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      É realmente um trabalho belíssimo e original, agregando à arte um novo modo de retratar a natureza.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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