<\/a><\/p>\nMuitas vezes, meus sonhos encheram-se com as formas magn\u00edficas que se agitam neste vasto quadro, ele mesmo maravilhoso como um sonho. O Sardanapalo revisto \u00e9 minha juventude reencontrada. (Baudelaire)<\/i><\/b><\/p>\n
Deitado sobre um leito soberbo, Sardanapalo d\u00e1 ordem a seus eunucos e aos oficiais do pal\u00e1cio para degolar suas mulheres, seus pajens e, por fim, os cavalos e os cachorros favoritos; nenhum dos objetos de prazer deveria sobreviver a ele. (Explica\u00e7\u00e3o referente ao quadro, registrada no cat\u00e1logo do Sal\u00e3o)<\/i><\/b><\/p>\n
O imenso quadro de Delacroix, Morte de Sardanapalo<\/i>, o terceiro a ser exposto por ele no Sal\u00e3o, causou um grande esc\u00e2ndalo entre cr\u00edticos e p\u00fablico, alegando excesso de viol\u00eancia, sadismo e erotismo. O pintor foi severamente criticado at\u00e9 mesmo por seus amigos. Alguns deles chegaram a critic\u00e1-lo, dizendo se tratar de uma \u201cloucura criativa\u201d.<\/p>\n
Delacroix inspirou-se no drama escrito por Lord Byron, publicado em 1821, que conta a hist\u00f3ria de Sardanapalo, \u00faltimo rei ass\u00edrio que, ap\u00f3s conquistar a Babil\u00f4nia, assassinar as popula\u00e7\u00f5es vizinhas e viver todas as formas de prazer, viu-se sem motiva\u00e7\u00e3o para continuar existindo. Achou que s\u00f3 lhe restava a morte. Em suma, enlouqueceu. Mas antes de se matar, Sardanapalo exigiu que seus criados queimassem o pal\u00e1cio e, junto com ele, todos os que ali viviam, inclusive os servos, as favoritas e os animais de estima\u00e7\u00e3o. Conta a lenda que ele n\u00e3o queria que nada do que tinha lhe proporcionado prazer, sobrevivesse a ele.<\/p>\n
Na composi\u00e7\u00e3o, Sardanapalo, deitado numa majestosa cama em diagonal, acompanha com indiferen\u00e7a e sarcasmo a consuma\u00e7\u00e3o de suas ordens por seus eunucos e oficiais. Uma de suas concubinas encontra-se morta a seus p\u00e9s. O que se v\u00ea ali \u00e9 uma orgia macabra. \u00c0 direita, na parte superior da tela, o fogo come\u00e7a a se espalhar, devorando o aposento. Tudo acontece tal e qual descrito na profecia:<\/p>\n
Ele mandou levantar uma enorme pira em seu pal\u00e1cio, empilhou todo o ouro e a prata, e cada uma das roupas do guarda-roupa real, trancou-se com suas concubinas e eunucos em uma sala, no cora\u00e7\u00e3o da fogueira, e se abandonou \u00e0s chamas junto com o seu pal\u00e1cio.<\/i><\/p>\n
\u00c0 esquerda do tirano enlouquecido, Aisheh, sua bailarina favorita, enforcou-se para n\u00e3o morrer nas m\u00e3os dos carrascos. Como ela se encontra na penumbra, faz-se necess\u00e1rio que o observador aguce sua aten\u00e7\u00e3o para v\u00ea-la, assim como a seu jovem criado, \u00e0 direita do rei, com uma bandeja contendo a jarra e a ta\u00e7a de ouro, aguardando as ordens do tirano. Ele carrega o copo de veneno para o cruel rei.<\/p>\n
No primeiro plano, uma das favoritas do soberano, que mais se parece com uma est\u00e1tua grega, entrega-se docilmente ao agressor, prestes a apunhal\u00e1-la. Ela \u00e9 uma das figuras centrais da composi\u00e7\u00e3o. Outras mulheres j\u00e1 se encontram mortas, espalhadas pelo ambiente.<\/p>\n
Objetos luxuosos espalham-se pelo aposento numa confus\u00e3o generalizada. Pr\u00f3xima \u00e0 cama do soberano est\u00e1 uma cabe\u00e7a de elefante feita de marfim. Tudo \u00e9 horror e caos, numa combina\u00e7\u00e3o de erotismo e trag\u00e9dia<\/p>\n
Um escravo negro puxa o cavalo \u00e1rabe, predileto do rei, at\u00e9 sua cama, mas o animal reage energicamente. Trata-se do \u00fanico ponto de resist\u00eancia encontrado na composi\u00e7\u00e3o. O cavalo est\u00e1 belamente enfeitado com crina tran\u00e7ada e rendas de ouro no corpo.<\/p>\n
A obra de Delacroix, diante do esc\u00e2ndalo que despertou, n\u00e3o foi comprada pelo Estado franc\u00eas \u00e0 \u00e9poca, mas somente quase um s\u00e9culo depois.\u00a0 Mas o pintor n\u00e3o era de levar a s\u00e9rio a opini\u00e3o dos outros, o que lhe importava era a liberdade de cria\u00e7\u00e3o exercida pelo artista. Morte de Sardanapalo<\/i> \u00e9 uma combina\u00e7\u00e3o majestosa de movimento e cor, que mostra a rejei\u00e7\u00e3o do pintor \u00e0s formas acad\u00eamicas.<\/p>\n
Alguns cr\u00edticos entendem que esta composi\u00e7\u00e3o de Delacroix reflete seus problemas com as mulheres, com as quais nunca teve uma boa rela\u00e7\u00e3o, pois delas necessitava, mas tamb\u00e9m as temia.<\/p>\n
Ficha t\u00e9cnica
\n<\/span>Ano: 1827
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 395 x 495 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu do Louvre, Paris, Fran\u00e7a<\/p>\nFontes de Pesquisa
\n<\/span>Delacroix\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nDelacroix\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
\nO segredo das obras de arte\/ Taschen<\/p>\nViews: 27<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Muitas vezes, meus sonhos encheram-se com as formas magn\u00edficas que se agitam neste vasto quadro, ele mesmo maravilhoso como um sonho. O Sardanapalo revisto \u00e9 minha juventude reencontrada. (Baudelaire) Deitado sobre um leito soberbo, Sardanapalo d\u00e1 ordem a seus eunucos e aos oficiais do pal\u00e1cio para degolar suas mulheres, seus […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11,42],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10087"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10087"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10087\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46052,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10087\/revisions\/46052"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10087"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10087"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10087"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}