<\/a><\/i><\/b><\/p>\nEu pinto estas obras para ter o gosto de dizer eternamente aos homens que n\u00e3o sejam b\u00e1rbaros. (Goya)<\/i><\/b><\/p>\n
Esta \u00e9 a primeira grande obra que se pode chamar revolucion\u00e1ria em todos os sentidos do termo, no estilo, no tema e na inte\u00e7\u00e3o. (Kanneth Clark)<\/i><\/b><\/p>\n
Esta composi\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m conhecida como o Fuzilamento de Moncloa<\/i>, retrata um dos tr\u00e1gicos acontecimentos da vida do povo espanhol, perpetrado pelas for\u00e7as napole\u00f4nicas. Goya mostra, com patriotismo e revolta, o sofrimento de seu povo durante a invas\u00e3o francesa. Um grupo de cerca de cem espanh\u00f3is mal vestidos, muitos deles inocentes, foi executado num colina fora da cidade. O grupo que se amotinou contra os invasores franceses foi preso no dia anterior e fuzilado no dia seguinte, na madrugada do dia 3 de maio.<\/p>\n
O massacre ocorreu ao entrar as primeiras horas do novo dia. Ainda reinava a escurid\u00e3o. O c\u00e9u que comp\u00f5e quase um ter\u00e7o da composi\u00e7\u00e3o est\u00e1 impiedosamente escuro, sem a presen\u00e7a da lua ou de estrelas, destacando ainda mais o clima de pavor. Uma enorme lanterna colocada no ch\u00e3o joga luz sobre os condenados que esperam a vez de serem executados. Um personagem ajoelhado, vestido com uma camisa branca, aberta no peito, levanta os bra\u00e7os heroicamente, semelhante ao Cristo crucificado, \u00e0 espera do golpe fatal. Na palma de sua m\u00e3o direita h\u00e1 tamb\u00e9m um estigma. Sua express\u00e3o dram\u00e1tica \u00e9 ao mesmo tempo desafiadora.<\/p>\n
Os condenados est\u00e3o conscientes do pr\u00f3prio fim. Todo horror \u00e9 exposto atrav\u00e9s de seus gestos. Um deles levanta o rosto para os c\u00e9us, enquanto cerra os punhos, numa express\u00e3o de resigna\u00e7\u00e3o. Alguns parecem rezar, enquanto outros tapam os olhos, numa impiedosa impot\u00eancia. Um dos condenados \u00e9 um frade franciscano que se encontra ajoelhado com as m\u00e3os unidas em ora\u00e7\u00e3o. Outro grupo, \u00e0 esquerda dos que se encontram em frente ao pelot\u00e3o de fuzilamento, espera a sua vez de ser executado. O clima entre eles \u00e9 o mesmo. Tapam os olhos, ajoelham-se e rezam. Um deles, ao lado do personagem de camisa branca, morde os dedos, enquanto seu rosto expressa um grande terror.<\/p>\n
Goya colocou carrascos e v\u00edtimas a poucos passos uns dos outros para ampliar o clima de tens\u00e3o. Ao contr\u00e1rio do pelot\u00e3o de fuzilamento, visto em completa ordem, as v\u00edtimas est\u00e3o em grande desalinho. E, excetuando o vermelho do sangue das v\u00edtimas e o branco da camisa de uma delas, as cores da composi\u00e7\u00e3o s\u00e3o sombrias, acentuando a barbaridade da cena. \u00c0 direita do grupo prestes a ser fuzilado est\u00e3o empilhados no ch\u00e3o os corpos dos rebeldes que j\u00e1 foram executados. Uns se encontram de bru\u00e7os, outros de costas. Um deles, \u00a0com o rosto voltado para o observador, com um grande buraco na testa, tendo sido atingido na cabe\u00e7a, jaz numa enorme po\u00e7a de sangue. Seus olhos est\u00e3o fechados e sua boca aberta.<\/p>\n
Os soldados franceses com suas baionetas, perfilados de costas para o observador, todos representados na mesma postura, s\u00e3o mostrados como fantoches, n\u00e3o sendo poss\u00edvel ver-lhes o rosto. A imobilidade deles contrasta com o horror estampado nas v\u00edtimas. Eles usam sobretudo de modelos iguais, mas de cores diferentes. Goya pintou-os assim porque eram feitos de l\u00e3 tingida que ia mudando de cor com o tempo. Seus sabres de cabo reto quase tocam o ch\u00e3o. Nos fuzis est\u00e3o acopladas\u00a0 baionetas. As l\u00e2minas eram usadas, caso as v\u00edtimas n\u00e3o morressem imediatamente ao fuzilamento. Os olhos do observador \u00e9 atra\u00eddo pelo homem com roupas mais coloridas, para depois se desviar para os demais.<\/p>\n
O quadro de Goya transcende os acontecimentos da \u00e9poca, pois traz uma vis\u00e3o universal da crueldade que pode existir entre seres humanos em quaisquer que sejam os tempos e culturas. Esta obra foi pintada seis anos depois dos acontecimentos funestos. Veio a p\u00fablico depois de permanecer 40 anos num dep\u00f3sito.\u00a0 \u00c9 ainda hoje uma das mais famosas pinturas mostrando os horrores da guerra. Faz par com O 2 de Maio de 1808<\/i>, do mesmo pintor.<\/p>\n
Ficha t\u00e9cnica
\n<\/span>Ano: 1814
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 266 x 345 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu do Prado, Madri, Espanha<\/p>\nFontes de pesquisa
\n<\/span>Goya\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nGoya\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es<\/p>\nViews: 7<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Eu pinto estas obras para ter o gosto de dizer eternamente aos homens que n\u00e3o sejam b\u00e1rbaros. (Goya) Esta \u00e9 a primeira grande obra que se pode chamar revolucion\u00e1ria em todos os sentidos do termo, no estilo, no tema e na inte\u00e7\u00e3o. (Kanneth Clark) Esta composi\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m conhecida como o […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11,42],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10455"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10455"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10455\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45992,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10455\/revisions\/45992"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10455"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10455"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10455"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}