<\/a><\/b><\/p>\nQuero fazer uma arte simples, muito simples. Para isso, preciso recuperar minhas for\u00e7as em contato com a natureza virgem, ver apenas como os selvagens vivem a sua vida, sem nenhuma preocupa\u00e7\u00e3o, com a simplicidade de uma crian\u00e7a que traduz as fantasias da mente, com o \u00fanico meio real e eficaz: aqueles da arte primitiva. (Gauguin)<\/i><\/b><\/p>\n
Pouco a pouco, a civiliza\u00e7\u00e3o sai de mim. Estou come\u00e7ando a pensar com simplicidade e a ter apenas um resto de intoler\u00e2ncia para com os outros \u2013 come\u00e7o at\u00e9 a am\u00e1-los. Gosto de toda a felicidade dos seres humanos de vida livre e dos animais. Fujo do artificial e entro na natureza: com a certeza de um amanh\u00e3 similar a hoje, t\u00e3o livre e t\u00e3o belo, a paz vem a mim. Minha vida corre naturalmente e n\u00e3o tenho mais pensamentos vazios. (Gauguin)<\/i><\/b><\/p>\n
Depois de Gauguin, a pintura deixou de ser um simples instrumento de descri\u00e7\u00e3o e conhecimento da natureza, e se converteu tamb\u00e9m na abstra\u00e7\u00e3o dessa mesma natureza, em express\u00e3o livre das emo\u00e7\u00f5es e da imagina\u00e7\u00e3o do artista. <\/i><\/b>(ArtBook\/ Gauguin)<\/b><\/p>\n
Paul Gauguin<\/i> estreou na pintura aos 28 anos de idade. Come\u00e7ou colecionando obras dos pintores impressionistas, usando a pintura como passatempo. Tamb\u00e9m gostava de estudar os velhos mestres no Louvre. Suas primeiras obras tratavam de temas ligados \u00e0 vida familiar. Mas tinha em casa a indiferen\u00e7a da mulher, Mette, que n\u00e3o compartilhava de sua euforia pela arte.<\/p>\n
Era na \u00edndole \u00edndia que se dava a busca do artista pelo primitivo, pois, para ele, o essencial era o valor simb\u00f3lico das linhas, que indicavam a estrutura prim\u00e1ria da realidade. N\u00e3o mais se prendia \u00e0 simples imita\u00e7\u00e3o da natureza. Por isso, acabou perdendo o apoio de amigos como Theo e Degas, que n\u00e3o foram capazes de compreender sua nova pintura simb\u00f3lico-abstrata. E, por n\u00e3o receber o sucesso que julgava merecer, foi se tornando um cr\u00edtico cada vez mais \u00e1cido da civiliza\u00e7\u00e3o que o ignorava. <\/i>O pintor abra\u00e7ou uma nova concep\u00e7\u00e3o pict\u00f3rica: o sintetismo (as formas s\u00e3o simplificadas, sendo a ideia mais importante do que a realidade. S\u00e3o usadas linhas grossas e tra\u00e7os escuros que delimitam as formas, criando compartimentos de cor).<\/p>\n
Gauguin<\/i> passou por momentos dram\u00e1ticos, quando se viu distanciado dos filhos e vitimado pela indiferen\u00e7a da mulher, que n\u00e3o aceitava a sua dedica\u00e7\u00e3o extremada \u00e0 pintura. Aliado a isso, n\u00e3o contava com o apoio dos amigos, que n\u00e3o aceitavam sua nova maneira de pintar. Somente a aceita\u00e7\u00e3o de um grupo pequeno de pintores, em Le Pouldin, na costa da Bretanha, serviu-lhe de incentivo. Em certos per\u00edodos da arte do pintor, as paisagens marinhas, as naturezas-mortas e a vida no campo lembram a xilogravura japonesa de Hokusai, Hiroshige e Kuniyoshi, talvez pela conviv\u00eancia com Van Gogh, admirador e colecionador desse tipo de arte japonesa.<\/p>\n
Quando esteve em Mateia, pr\u00f3xima a Papeete, capital do Taiti, Gauguin<\/i> uniu-se a uma garota maori, Techura, que trouxe muita inspira\u00e7\u00e3o para seus quadros, ambientados na cabana em que juntos viveram. Essas obras acabaram atraindo os simbolistas. O pintor era tamb\u00e9m um grande ceramista. Aprendeu com Ernest Chaplet, um h\u00e1bil ceramista, o uso de t\u00e9cnicas japonesas de cozimento em fogo vivo, e com Bracquemond \u00a0aprendeu a arte do entalhe. Tamb\u00e9m se dedicou \u00e0 fundi\u00e7\u00e3o em bronze. Suas criativas obras mostraram-se extravagantes para o p\u00fablico da \u00e9poca, trazendo para o artista pouco lucro. Tamb\u00e9m foi not\u00e1vel na escultura, que trazia influ\u00eancia das culturas pr\u00e9-colombianas e da arte japonesa.<\/p>\n
Em seu estilo sint\u00e9tico, Gauguin<\/em> simplificava a realidade, pintando de mem\u00f3ria, pois n\u00e3o era mais necess\u00e1rio pintar do natural. Enquanto os impressionistas pintavam postando-se diante do objeto, ele o fazia atrav\u00e9s da imagina\u00e7\u00e3o, sem se ater \u00e0 forma e \u00e0s cores da realidade. Tinha liberdade plena para sintetizar aquilo que lhe ditava suas emo\u00e7\u00f5es, ou seja, aquilo que elas suscitavam na sua mem\u00f3ria. \u00a0N\u00e3o tinha preocupa\u00e7\u00e3o com a perspectiva, os matizes, as sombras ou os claros-escuros. A tinta era espalhada por superf\u00edcies planas, delimitadas por contornos escuros.\u00a0 Segundo alguns, era o in\u00edcio do longo caminho que levaria, tempos depois, ao nascimento da arte abstrata. Gostava da natureza selvagem e dos fortes contrastes. Mas seus quadros n\u00e3o eram bem aceitos no mercado. A maioria dos cr\u00edticos e do p\u00fablico parecia n\u00e3o compreender sua arte.<\/p>\nLogo ap\u00f3s as primeiras mostras p\u00f3stumas do pintor, ficou evidente que sua obra exerceria uma grande influ\u00eancia na arte do s\u00e9culo XX. Os nabis (grupo de artistas da segunda gera\u00e7\u00e3o simbolista, cujo nome significa \u201cprofetas\u201d, \u201cinspirados\u201d) proclamaram-se seus disc\u00edpulos. Tamb\u00e9m ganhou a admira\u00e7\u00e3o de pintores como Pablo Picasso e Henri Matisse, assim como dos expressionistas alem\u00e3es. Pouco antes de morrer, Gauguin recebeu uma carta do amigo Manfred que dizia:<\/p>\n
\u201cPresentemente o senhor \u00e9 o artista fascinante e misterioso que envia do Taiti as suas obras, confusas, mas inigual\u00e1veis. S\u00e3o cria\u00e7\u00f5es de um grande homem, que parece praticamente desaparecido do mundo. O senhor goza da imunidade dos Grandes j\u00e1 mortos, entrou na hist\u00f3ria da arte.\u201d<\/i>.<\/p>\n
Gauguin <\/i>\u00e9 tido como um dos pioneiros do Modernismo, ao evidenciar a liga\u00e7\u00e3o entre a arte e a vida, o que viria a dominar o mundo pict\u00f3rico do s\u00e9culo XX, ficando patente a sua advert\u00eancia:<\/p>\n
Um conselho, n\u00e3o copiem muito a natureza. A arte \u00e9 uma abstra\u00e7\u00e3o. Preocupem-se mais com a cria\u00e7\u00e3o do que com o resultado.<\/em><\/p>\nNota:\u00a0<\/span> Mulheres do Taiti<\/em> (1891)\/ Gauguin<\/p>\nFontes de pesquisa
\n<\/span>Gauguin\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nGauguin\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
\nGauguin\/ Art Book
\nGauguin\/ Taschen<\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
\u00a0Autoria de Lu Dias Carvalho Quero fazer uma arte simples, muito simples. Para isso, preciso recuperar minhas for\u00e7as em contato com a natureza virgem, ver apenas como os selvagens vivem a sua vida, sem nenhuma preocupa\u00e7\u00e3o, com a simplicidade de uma crian\u00e7a que traduz as fantasias da mente, com o \u00fanico meio real e eficaz: […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10533"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=10533"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10533\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46077,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/10533\/revisions\/46077"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=10533"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=10533"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=10533"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}