{"id":10681,"date":"2014-02-27T00:17:25","date_gmt":"2014-02-27T03:17:25","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=10681"},"modified":"2022-08-05T18:38:30","modified_gmt":"2022-08-05T21:38:30","slug":"gauguin-de-onde-viemos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/gauguin-de-onde-viemos\/","title":{"rendered":"Gauguin – DE ONDE VIEMOS? …"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/b><\/strong> \"prop123\"<\/a><\/p>\n

Gauguin deseja fazer desta obra seu \u00faltimo testamento filos\u00f3fico, a sua suma antes da tentativa de suic\u00eddio. ((Perry T. Rathbone)<\/strong><\/em><\/p>\n

O \u00eddolo n\u00e3o aparece em minha pintura como explana\u00e7\u00e3o liter\u00e1ria, mas como est\u00e1tua; talvez seja menos uma est\u00e1tua do que o s\u00edmbolo da vida animal; e tamb\u00e9m menos animal, desde que fundido com a natureza, segundo meu sonho, diante de minha cabana. Ele governa nossas almas primitivas, \u00e9 a imagin\u00e1ria consola\u00e7\u00e3o do nosso sofrimento, vagos e ignorantes que somos sobre o mist\u00e9rio de nossa origem e destino. (Gauguin)<\/strong><\/em><\/p>\n

A composi\u00e7\u00e3o de Gauguin De Onde Viemos? O que Somos? Para Onde Vamos?<\/i> trata-se de sua maior pintura, possuindo quase 4 metros de base. \u00c9 muitas vezes tida como sua obra-prima. Ele a realizou quando vivia um momento de grande ang\u00fastia, tendo inclusive pensado em se matar em raz\u00e3o das dificuldades pelas quais passava, sem dinheiro at\u00e9 para comprar seu material de pintura, sem sa\u00fade e pela falta de reconhecimento de seu trabalho. Mas, antes de dar fim a sua vida, queria pintar um \u201cgrande quadro\u201d, como relatou ao seu amigo Daniel Monfreid. A obra foi conclu\u00edda em um m\u00eas, tendo o pintor trabalhado sem praticamente parar, durante esse per\u00edodo. Gauguin inspirou-se no Taiti para compor a sua obra. Ele disse sobre ela: “Antes de morrer, coloco aqui toda a minha energia, numa paix\u00e3o cheia de sofrimento, e numa vis\u00e3o t\u00e3o clara e sem corre\u00e7\u00f5es, que a maturidade precoce desaparece e a vida floresce”.<\/em><\/p>\n

No fundo da composi\u00e7\u00e3o existe a predomin\u00e2ncia dos tons verdes. Sobre eles o artista espalhou v\u00e1rios personagens nativos. Alguns deles apresentam-se nus, outros seminus e alguns vestidos de corpo inteiro. A vegeta\u00e7\u00e3o \u00e9 pintada com fortes tons azuis e verdes, enquanto as figuras humanas s\u00e3o coloridas com cores claras. As \u00e1rvores, com suas formas sinuosas e as figuras s\u00f3lidas, comp\u00f5em o para\u00edso tropical t\u00e3o desejado pelo pintor, num misto de realidade e imagina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Um beb\u00ea dorme no ch\u00e3o, tendo ao seu lado tr\u00eas jovens que descansam. Seria a representa\u00e7\u00e3o da vida simples e sem preocupa\u00e7\u00f5es do para\u00edso. No centro da composi\u00e7\u00e3o um jovem de corpo bem proporcionado e ereto retira uma fruta de uma \u00e1rvore. O amarelo brilhante de seu corpo contrasta-se com os verdes e azuis do fundo da tela. Talvez o pintor tenha feito aqui uma alus\u00e3o ao Jardim do \u00c9den. As duas mulheres ao fundo, com o corpo todo coberto, representam a sabedoria.<\/p>\n

A senhora idosa, com sua pele escura, destoa da vivacidade da mulher jovem ao seu lado. Na sombra ela parece estar olhando para o passado, enquanto\u00a0 aguarda o fim de seus dias na Terra. A ave ao seu lado pode representar o desconhecido que a aguarda ap\u00f3s a morte. No primeiro plano, na parte esquerda da composi\u00e7\u00e3o, uma garota come uma fruta, enquanto dois gatinhos brincam ao seu lado. Assim como o rapaz colhendo a fruta, esta cena retrata a vida cotidiana.<\/p>\n

A divindade presente na parte esquerda do quadro, toda em azul, simboliza o mundo do al\u00e9m. Ela traz os bra\u00e7os para cima e relembra as cren\u00e7as primitivas, sendo tida por muitos como a deusa polin\u00e9sia Hina que, al\u00e9m de representar a M\u00e3e Terra, simboliza tamb\u00e9m a morte e a ressurrei\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O ciclo da vida \u00e9 visto na pintura da direita para a esquerda, fugindo \u00e0 habitualidade, pois est\u00e1 de acordo com a conven\u00e7\u00e3o oriental de leitura, iniciada da direita para a esquerda. O beb\u00ea e a anci\u00e3 encontram-se nos dois extremos da tela, assim como acontece na linha da vida. Como se pode deduzir atrav\u00e9s do t\u00edtulo da obra que se encontra na margem superior esquerda da tela, escrito em franc\u00eas, as figuras est\u00e3o dispostas de forma a representar o ciclo da vida:<\/p>\n