{"id":11706,"date":"2014-04-08T00:03:17","date_gmt":"2014-04-08T03:03:17","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=11706"},"modified":"2022-08-05T19:21:03","modified_gmt":"2022-08-05T22:21:03","slug":"manet-musica-nas-tulherias","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/manet-musica-nas-tulherias\/","title":{"rendered":"Manet \u2013 M\u00daSICA NAS TULHERIAS"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/b> \"jt\"<\/a><\/p>\n

Se se quer saber se um quadro \u00e9 mel\u00f3dico, deve ser visto de uma dist\u00e2ncia que n\u00e3o permita ver nem temas nem contornos. E se \u00e9 mel\u00f3dico, j\u00e1 tem um significado. (Baudelaire)<\/i><\/b><\/p>\n

N\u00e3o podem imaginar tudo o que eu aprendi ao contemplar esse quadro. Uma s\u00f3 visita assim equivale ao trabalho de um m\u00eas. (Fr\u00e9d\u00e9ric Bazille)<\/i><\/b><\/i><\/b><\/p>\n

Manet era um ass\u00edduo frequentador do Jardim das Tulherias, ao lado de seu amigo Charles Baudelaire, com quem conversava sobre os rumos que tomaria a arte no final daquele s\u00e9culo (XIX). Duas vezes por semana, o pintor dirigia-se \u00e0quele local para assistir aos consertos musicais de uma orquestra militar, tendo criado v\u00e1rios desenhos e esbo\u00e7os do lugar. Era tamb\u00e9m no Jardim das Tulherias que Napole\u00e3o III reunia a sua corte: a aristocracia e a alta burguesia. Portanto, o p\u00fablico que frequentava o local era muito elegante, cheio de ostenta\u00e7\u00e3o, vestindo a \u00faltima moda de Paris. Segundo o compositor Daniel Fran\u00e7ois Auber “Os d\u00e2ndis se sentiam t\u00e3o fascinados por si mesmos e seus pares que nem mesmo levantavam os olhos para verem as \u00e1rvores.”<\/em>.<\/p>\n

Em M\u00fasica nas Tulherias<\/i>, Manet representa um grande n\u00famero de artistas e intelectuais parisienses da \u00e9poca, todos seus amigos. Dentre os representados est\u00e3o Charles Baudelaire, Th\u00e9ophile Gautier, Jacques Offenbach, Charles Monginot e o pr\u00f3prio pintor, que aparece no primeiro plano da composi\u00e7\u00e3o, da esquerda para a direita, empunhando uma bengala.<\/p>\n

Os impressionistas consideraram que com esta tela, Manet rompia com o passado, pois na sua composi\u00e7\u00e3o j\u00e1 se encontra vis\u00edvel a est\u00e9tica dos impressionistas. Enquanto isso, os tradicionalistas massacravam a obra, pois M\u00fasica nas Tulherias<\/i> era radicalmente contr\u00e1ria, tanto no tema quanto nas t\u00e9cnicas de pintura empregadas pelo pintor, \u00e0s regras defendidas pela Academia. Cr\u00edtica e p\u00fablico detestaram a obra. Um cr\u00edtico raivoso chegou a vociferar: “Esta arte n\u00e3o \u00e9 saud\u00e1vel!”<\/em>. O quadro foi retirado da galeria de exposi\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

A tela n\u00e3o fora feita para ser vista de perto, conforme explicou \u00c9mile Zola:<\/p>\n

“<\/i>Imagine um grande n\u00famero de pessoas, talvez uma centena, que se move sob o sol e sob as \u00e1rvores das Tulherias. Cada pessoa \u00e9 um mero borr\u00e3o, quase indefinidamente, nele os detalhes s\u00e3o reduzidos a tra\u00e7os ou pontos negros, se o observador se colocara uma dist\u00e2ncia respeit\u00e1vel do quadro (<\/i>algo que nenhum artista havia exigido at\u00e9 ent\u00e3o), esses borr\u00f5es de cores chegam a materializar-se e comp\u00f5em uma cena de Paris daquela \u00e9poca: os senhores arejam seu chap\u00e9u e as mulheres exibem a nova maquiagem de ver\u00e3o, al\u00e9m de chap\u00e9us e sombrinhas. Conversam \u00e0 sombra de altas \u00e1rvores, como se estivessem em um grande sal\u00e3o.”<\/i>.<\/p>\n

Um feixe de luz, vindo do c\u00e9u azul, divide ao meio a superf\u00edcie de M\u00fasica nas Tulherias<\/i>. V\u00e1rios elementos completamente verticais, tais como troncos de \u00e1rvores e cartolas, contrastam com as curvas das cadeiras, sombrinhas, aros e as crinolinas (arma\u00e7\u00e3o das saias).<\/p>\n

Curiosidades:<\/span><\/p>\n