Henri-\u00c9mile-Benoit Matisse<\/em> (1869-1954) nasceu na cidade francesa de Le Caceteau-Cambr\u00e9sis, no norte da Fran\u00e7a, numa fam\u00edlia de pequenos comerciantes de cereais. Seus pais mudaram pouco tempo depois para Paris, onde \u00c9mile Matisse tornou-se funcion\u00e1rio de uma loja de tecidos e H\u00e9loise costureira em Passy. Para melhorar sua situa\u00e7\u00e3o financeira, a fam\u00edlia mudou-se para Bohain-en-Vermandois, onde prosperou, vindo a ser dona de um armaz\u00e9m de tintas e gr\u00e3os.<\/p>\nHenri Matisse teve uma inf\u00e2ncia tranquila, estudando numa boa escola em Saint-Quintin, onde foi um aluno mediano. Seu pai queria que ele viesse, no futuro, a ingressar nos neg\u00f3cios da fam\u00edlia. O futuro artista nutria um especial pendor pelos tecidos, fazendo ele pr\u00f3prio a escolha de suas roupas, vindo mais tarde a pintar panos e a criar tape\u00e7arias e vestu\u00e1rios para os espet\u00e1culos de teatro coreogr\u00e1ficos.<\/p>\n
Os pais de Henri enviaram-no para Paris, quando ele tinha 18 anos de idade, para que estudasse Farm\u00e1cia, mas ele acabou fazendo dois anos de Direito. Retornou a Saint-Quentin, onde passou a trabalhar como assistente num escrit\u00f3rio de advogados, ocasi\u00e3o em que visitava o Museu Lecuyer, observando as pinturas a pastel de Quentin de la Tour, e se encantava com a magia dos quadros.<\/p>\n
Aos 21 anos de idade, Henri foi operado, em consequ\u00eancia de uma apendicite, cuja recupera\u00e7\u00e3o levou cerca de um ano. Para entret\u00ea-lo, foi presenteado pela m\u00e3e com um estojo de tintas e folhas de papel. Ao voltar a trabalhar no mesmo servi\u00e7o, inscreveu-se num curso noturno de desenho, embora seu pai n\u00e3o visse isso com bons olhos, pois estava certo de que carreira art\u00edstica n\u00e3o garantia um bom futuro. Henri contou com o apoio da m\u00e3e, que ainda conseguiu que o marido desse ao filho uma mesada. Henri Matisse estreou como artista na casa de seus av\u00f3s, onde cuidou da decora\u00e7\u00e3o, o que lhe rendeu in\u00fameros convites de familiares e vizinhos. Foi a\u00ed que percebeu que deveria ir para Paris, o que fez, com a anu\u00eancia dos pais.<\/p>\n
Em Paris, Matisse come\u00e7ou aprendendo os segredos das artes pl\u00e1sticas com os mestres William-Adolphe Bouguereau e Gabriel Ferrier. O primeiro era representante da pintura acad\u00eamica e tinha como inspira\u00e7\u00e3o o pr\u00e9-rafaelismo brit\u00e2nico e o Renascimento italiano, enquanto o segundo era retratista oficial do governo. Depois de achar que precisava buscar novos rumos, Matisse matriculou-se na Escola de Belas Artes de Paris, passando a trabalhar no ateli\u00ea do mestre Gustave Moreau, grande admirador de Toulouse-Lautrec e de Veron\u00e9s, e que induzia seus alunos a visitar o Louvre para estudar suas obras cl\u00e1ssicas, antes de apresentarem seus trabalhos no Sal\u00e3o de Paris. No Louvre, o futuro artista ficou fascinado pelas obras de Nicolas Poussin e Chardin. Como quisesse sempre aprender mais, inscreveu-se nos cursos noturnos da famosa \u00c9cole des Arts D\u00e9coratifs, onde estudou a obra dos franceses: Poussin, Philippe de Campaigne, Watteau e Bourcher, e a dos holandeses Van der Weyden e De Heen.<\/p>\n
Marqueritte nasceu quando Matisse estava com 25 anos de idade. Era filha de uma rela\u00e7\u00e3o que o artista teve, quando solteiro. Ele veio a se casar com Am\u00e9lie quatro anos depois, com quem teve dois filhos, e com ela permaneceu toda a vida. Em 1899, nasceria Jean, o primeiro filho do casal e, em 1900, Pierre, o segundo. Numa fase cr\u00edtica de sua vida, um de seus filhos ficava com os av\u00f3s maternos e outro com os paternos. Anos depois, quando os dois foram para a guerra, o pintor entrou em depress\u00e3o, \u00e9poca em que estudou m\u00fasica e violino.<\/p>\n
Matisse tamb\u00e9m passou a buscar a pintura ao ar livre, admirando as in\u00fameras muta\u00e7\u00f5es da luz. No ateli\u00ea do mestre Moreau, ele conheceu: Manguin, Marquet, Pissarro, Derain e Rodin, com os quais aprendeu o que fazer para expor no Sal\u00e3o de Paris, onde, em 1896, exp\u00f4s quatro quadros, recebendo cr\u00edticas positivas. Ao visitar a mostra de pintura impressionista no Louvre, ele ficou fascinado, assim como ao visitar as praias do Mediterr\u00e2neo, com a luz descoberta. Aprendeu a lidar com os volumes, estudando esculturas com Rodin e Puy. Tamb\u00e9m passou a comprar obras de arte.<\/p>\n
Com a morte do amigo e mestre Moreau, Matisse saiu da Escola de Belas Artes, mas continuou seguindo seus ensinamentos, ao copiar os cl\u00e1ssicos no Louvre. Seu inconformismo levou-o a buscar novas formas de se expressar. Passou a expor suas obras no Sal\u00e3o dos Independentes e estreou no Sal\u00e3o de Outono. Sua primeira mostra individual foi composta por 45 telas e um desenho. O renomado cr\u00edtico de arte e promotor de vanguardas, Roger Max, escreveu o pr\u00f3logo. Ao conhecer os quadros de Paul Gauguin, pintados no Taiti, Matisse ficou encantado, fazendo com que houvesse mudan\u00e7as no trato que tinha com as cores, tornando o brilho da luz mais forte. Ele tinha tamb\u00e9m uma grande admira\u00e7\u00e3o por C\u00e8zanne. Conheceu Picasso, de quem foi amigo e com quem manteve certa rivalidade.<\/p>\n
A nova vis\u00e3o pict\u00f3rica de Matisse n\u00e3o agradou os cr\u00edticos e o p\u00fablico do Sal\u00e3o de Outono de 1905. Ele e seus amigos pintores foram apelidados de “fauves” (feras, selvagens) pelo cr\u00edtico Louis Vauxcelles, apelido que veio a se transformar em “fauvismo”, uma nova vanguarda art\u00edstica, passando Matisse a ser visto como l\u00edder dos “fauves”. Os fauvistas elegiam as cores como o elemento primordial de suas obras, recusando as “nuances” usadas pelos pintores impressionistas. Buscavam a for\u00e7a persuasiva das cores puras, sem nenhuma preocupa\u00e7\u00e3o em mostrar a tal natureza tal e qual ela se apresentava.<\/p>\n
Aos 37 anos de idade, viajou para a Arg\u00e9lia, conhecendo a luz e a arte do norte da \u00c1frica, que teria muita influ\u00eancia em sua pintura, principalmente a escultura africana. Seus quadros passaram a ser comprados por colecionadores e suas obras requisitadas por galerias importantes fora da Fran\u00e7a. Abriu seu pr\u00f3prio ateli\u00ea em Paris, para onde convergiam artistas, libert\u00e1rios e bo\u00eamios. Dentre seus alunos estavam os pintores: Nils Dardel e Peter Krogh.<\/p>\n
Matisse tamb\u00e9m fez esculturas em cer\u00e2mica. Conheceu as tend\u00eancias do cubismo atrav\u00e9s do pintor Juan Gris, pintando dois quadros influenciados por tal tend\u00eancia. Era uma figura muito popular. Viajou bastante e recebeu muitos pr\u00eamios. Com o in\u00edcio da Segunda Guerra Mundial chegou a se preparar para vir para o Brasil, mas desistiu de deixar seu pa\u00eds. Aos 72 anos de idade, teve que fazer uma cirurgia intestinal, ficando na cama cerca de um ano. Para desenhar, amarrava um carv\u00e3o na ponta de uma haste de bambu.<\/p>\n
Ao recusar uma viagem oficial a Berlim, em 1944, a Gestapo encarcerou sua esposa e deportou sua filha, sob a alega\u00e7\u00e3o de que integravam a Resist\u00eancia francesa. Algumas obras do pintor foram confiscadas sob a alega\u00e7\u00e3o de serem “arte degenerada”, mas foram parar na cole\u00e7\u00e3o particular do comandante da Gestapo. Durante a guerra, Matisse foi atendido no hospital pelas freiras dominicanas. Em agradecimento, construiu para elas a Capela Venice, inaugurada oficialmente em 1951, participando de tudo: arquitetura, decora\u00e7\u00e3o e pe\u00e7as de culto. Morreu aos 85 anos de idade, no auge de sua criatividade, v\u00edtima de um ataque card\u00edaco.<\/p>\n
As obras de Matisse comp\u00f5em duas fases tidas como “realistas” e “decorativas”, que se alternam durante sua vida, onde est\u00e3o presentes tanto a est\u00e9tica ocidental quanto a oriental, ora servindo a seu temperamento mais rom\u00e2ntico, ora ao mais cient\u00edfico.<\/p>\n
Nota:<\/span> autorretrato do pintor.<\/p>\nFontes de pesquisa:<\/span>
\nMatisse\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
\nMatisse\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nMatisse\/ Taschen
\nHist\u00f3ria da Arte\/ E.H. Gombrich<\/p>\nViews: 8<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho As flores s\u00e3o para mim as melhores li\u00e7\u00f5es de composi\u00e7\u00e3o das cores. Proporcionam impress\u00f5es crom\u00e1ticas, que ficam indelevelmente marcadas em minha retina como ferro em vermelho vivo. (Matisse) Matisse possu\u00eda grande talento para a simplifica\u00e7\u00e3o decorativa. Seu estilo exerceu grande influ\u00eancia sobre o deigner moderno. (E.H. Gombrich) Esfor\u00e7o-me por criar […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11711"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=11711"}],"version-history":[{"count":10,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11711\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46119,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11711\/revisions\/46119"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=11711"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=11711"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=11711"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}