<\/a><\/p>\nQuando estiverdes alegres, olhai no fundo de vosso cora\u00e7\u00e3o, e achareis que o que vos deu tristeza \u00e9 aquilo mesmo que vos est\u00e1\u00a0dando alegria.<\/span><\/em><\/strong><\/p>\nE quando estiverdes tristes, olhai novamente no vosso cora\u00e7\u00e3o e vereis\u00a0que, na verdade, estais chorando por aquilo mesmo que\u00a0constituiu vosso deleite. Alguns dentre v\u00f3s dizeis: \u2018A alegria \u00e9 maior que a tristeza\u2019, e outros dizem: \u2018N\u00e3o, a tristeza \u00e9 maior’.<\/span><\/em><\/strong><\/p>\n\u2019Eu, por\u00e9m, vos digo que elas\u00a0s\u00e3o insepar\u00e1veis. V\u00eam sempre juntas; e quando uma est\u00e1 sentada \u00e0 vossa mesa, lembrai-vos de que a outra dorme em vossa cama.’ (Gibran<\/em> Kahlil Gibran)<\/em><\/span><\/span><\/em><\/strong><\/p>\nTemos a impress\u00e3o de que nascemos para ser felizes e ponto final. E ainda contamos com os vendedores de felicidade f\u00e1cil, que apregoam tal ideia pelos quatros cantos do planeta, quando na verdade, a alegria (prazer) e a tristeza (dor) s\u00e3o a express\u00e3o mais verdadeira de nossa vida org\u00e2nica e afetiva, pois os estados cont\u00ednuos acabam por nos tornar insens\u00edveis, indiferentes. Portanto, o prazer e a dor s\u00e3o os freios usados pela natureza para nos manter sob seu controle, sob a sua batuta. \u00c9 um lembrete de que n\u00e3o podemos tudo e tampouco somos deuses do mitol\u00f3gico Olimpo.<\/p>\n
O prazer e a dor s\u00e3o indicativos da exist\u00eancia da sensibilidade da qual tanto dependemos para dar continuidade \u00e0 vida na Terra, e por recebermos o nome de “humanos”. \u00c9 a impressionabilidade que impede o desaparecimento de nossa esp\u00e9cie. Se n\u00e3o tiv\u00e9ssemos sensibilidade, ser\u00edamos pessoas robotizadas, indiferentes tanto ao prazer quanto \u00e0 dor, em suma, ao mundo. E n\u00f3s bem sabemos quanto mal a indiferen\u00e7a pode trazer \u00e0 vida, pois basta olharmos para certos exemplares que carregam o selo de “humanos”, mas que na verdade s\u00e3o cruelmente despidos de sensibilidade para com os outros homens, para com os animais e para com o planeta Terra como um todo.<\/p>\n
N\u00e3o h\u00e1 escolha entre tristeza e alegria. Ningu\u00e9m pode optar apenas por uma ou por outra. \u00c9 uma compra casada, que j\u00e1 est\u00e1 embutida no nosso pacote de nascimento, sem choro e nem vela. O melhor mesmo \u00e9 aceitar as regras do jogo e procurar viver da maneira mais s\u00e1bia poss\u00edvel. Negar a exist\u00eancia do prazer ou da dor n\u00e3o muda em nada a nossa passagem pelo mundo, mas a maneira como os encaramos, sim. \u00c9 a sabedoria de viver que nos leva ao equil\u00edbrio, pois todo excesso \u00e9 prejudicial. O inesquec\u00edvel Gibran<\/em> Kahlil Gibran<\/em> (1883-1931), famoso escritor e poeta liban\u00eas, sempre exortou o homem a buscar o equil\u00edbrio, para ter corpo e mente sadios.<\/span><\/p>\nSegundo os fil\u00f3sofos, dentre todas as dores conhecidas pela humanidade, nenhuma \u00e9 mais cruel do que a fome, pois transforma o ser humano num mulambo, roubando-lhe o car\u00e1ter, a for\u00e7a, a dignidade e o amor-pr\u00f3prio. Os pa\u00edses miser\u00e1veis conhecem a crueza de tal verdade, que vem sempre acompanhada pela ignor\u00e2ncia, sendo gerida por um rol insano de supersti\u00e7\u00f5es. Por sua vez, o amor, dentre as formas de prazer, \u00e9, sem d\u00favida, a mais ardorosamente desejada. Quem n\u00e3o quer ser amado? Embora o ideal seria que nos preocup\u00e1ssemos mais em dar amor e menos em receber.<\/p>\n
N\u00e3o se pode precisar com exatid\u00e3o, quando o amor nasceu no seio da humanidade, mas alguns autores defendem que a aus\u00eancia de intervalo entre desejo e satisfa\u00e7\u00e3o impedia, nos tempos longevos, o surgimento do amor rom\u00e2ntico, que s\u00f3 come\u00e7a a existir nas civiliza\u00e7\u00f5es mais elevadas, em que a moral coloca barreiras \u00e0 satisfa\u00e7\u00e3o do desejo imediato. Mais uma prova de que os estados cont\u00ednuos acabam por nos tornar insens\u00edveis, indiferentes.<\/p>\n
Para o bem da ra\u00e7a humana, a dor e o prazer s\u00e3o intermitentes, o que acaba por trazer consola\u00e7\u00e3o no primeiro caso e esperan\u00e7a no segundo, ou vice-versa. S\u00e3o como dois irm\u00e3os siameses, sendo que um depende do outro. Simbi\u00f3ticos. Sem o conhecimento de um, n\u00e3o se pode avaliar o efeito do outro. A alegria e a tristeza mudam de lugar com mais sagacidade de que podemos imaginar. Muitas vezes, uma d\u00e1 origem \u00e0 outra, como percebemos nos versos de Gibran (acima). Quando agem em conson\u00e2ncia, d\u00e3o luz o desejo, na vontade de alcan\u00e7ar uma e eliminar a outra, buscando o equil\u00edbrio na arte de viver o melhor poss\u00edvel. N\u00e3o temos outra sa\u00edda, se quisermos compreender e aceitar os paradoxos de nossa breve exist\u00eancia.<\/p>\n
Compreenda o leitor, que o sofrimento aqui mostrado sob a veste da tristeza, assim como o prazer, visto sob a \u00f3tica da alegria, referem-se aos fatos do cotidiano, \u00e0 nossa vida normal de humanos. N\u00e3o me refiro \u00e0s guerras, \u00e0s crueldades perpetradas por tiranos e aos desatinos da m\u00e3e natureza. Tampouco me refiro \u00e0s bacanais, ao uso de drogas proibidas ou \u00e0 vida dos nababos.<\/p>\n
Nota<\/span> Imagem copiada de www.groupon.com.br<\/span><\/a><\/span><\/em><\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Quando estiverdes alegres, olhai no fundo de vosso cora\u00e7\u00e3o, e achareis que o que vos deu tristeza \u00e9 aquilo mesmo que vos est\u00e1\u00a0dando alegria. E quando estiverdes tristes, olhai novamente no vosso cora\u00e7\u00e3o e vereis\u00a0que, na verdade, estais chorando por aquilo mesmo que\u00a0constituiu vosso deleite. Alguns dentre v\u00f3s dizeis: \u2018A […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[46],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1215"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1215"}],"version-history":[{"count":9,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1215\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46222,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1215\/revisions\/46222"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1215"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1215"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1215"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}