{"id":12611,"date":"2014-06-11T00:04:21","date_gmt":"2014-06-11T03:04:21","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=12611"},"modified":"2022-08-06T18:47:12","modified_gmt":"2022-08-06T21:47:12","slug":"david-a-morte-de-marat","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/david-a-morte-de-marat\/","title":{"rendered":"David \u2013 A MORTE DE MARAT"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/b>
\n<\/strong><\/p>\n

\"david1\"<\/a>
\nDavid conseguiu fazer o quadro parecer heroico, sem deixar, no entanto, de respeitar detalhes concretos de um registro policial. (E.H. Gombrich)<\/em><\/strong><\/p>\n

Eu matei um homem para salvar cem mil vidas. (Charlotte Corday)<\/em><\/strong><\/p>\n

Esta obra cont\u00e9m algo ao mesmo tempo pungente e terno; uma alma al\u00e7a voo no ar frio do aposento, entre estas paredes frias, em volta desta fria banheira funer\u00e1ria. (Charles Baudelaire)<\/em><\/strong><\/p>\n

O pintor franc\u00eas Jacques-Louis David exibe com esmero sua genialidade, aliada \u00e0s suas convic\u00e7\u00f5es pol\u00edticas, na composi\u00e7\u00e3o A Morte de Marat<\/em>, tida como a maior pintura da arte ocidental, a retratar o mart\u00edrio de um pol\u00edtico.<\/p>\n

O quadro de David \u00e9 bastante sint\u00e9tico na exposi\u00e7\u00e3o dos elementos. Tudo que ali se encontra \u00e9 necess\u00e1rio e calculado, carregado de significado simb\u00f3lico. Nada entra na tela por acaso, resultando numa composi\u00e7\u00e3o forte e real\u00edstica.<\/p>\n

Jean Paul Marat encontrava-se entre os amigos de David, que tiveram uma morte violenta, durante a Revolu\u00e7\u00e3o Francesa. Era um dos l\u00edderes da revolu\u00e7\u00e3o. O pintor tamb\u00e9m se encontrava amea\u00e7ado, at\u00e9 que Napole\u00e3o Bonaparte tomou para si o comando da Fran\u00e7a.<\/p>\n

Portador de uma doen\u00e7a de pele, Marat era obrigado a ficar na banheira, para que a \u00e1gua aliviasse seu desconforto. Para aliviar o mal-estar causado pela enfermidade, ele usava um pano embebido em vinagre na cabe\u00e7a. Como ali passasse longas horas, adaptou o local para dar expedientes, colocando uma t\u00e1bua sobre a banheira, que lhe servia de mesa. Ao lado, um velho caixote servia como uma escrivaninha improvisada. E foi nela que David deixou a sua dedicat\u00f3ria.<\/p>\n

A fan\u00e1tica monarquista Charlotte Corday, em 13 de maio de 1793, apunhalou Marat dentro de sua banheira, matando-o. Na m\u00e3o de Marat encontra-se a carta de apresenta\u00e7\u00e3o que permitiu o acesso da mulher at\u00e9 ele. Ela foi guilhotinada quatro dias depois.<\/p>\n

David retirou a decora\u00e7\u00e3o da sala de banho de Marat, deixando no fundo um vazio escuro. A banheira foi trocada, de modo que o bra\u00e7o ca\u00eddo de Marat, em primeiro plano, evocasse a pose de Jesus ao ser descido da cruz. Deixou apenas poucas manchas de sangue no len\u00e7ol, de modo a atenuar a viol\u00eancia. Ocultou a facada no peito com sombras. E apenas um pouco da \u00e1gua vermelha de sangue \u00e9 vis\u00edvel.<\/p>\n

Os elementos principais da tela s\u00e3o iluminados por uma luz dram\u00e1tica: a face sofrida de Marat e o velho caixote que mostrava a simplicidade em que vivia. Valendo-se do estilo cl\u00e1ssico, o pintor apresenta seu amigo fazendo lembrar, deliberadamente, as pinturas da “Descida da Cruz”, mostrando Marat n\u00e3o apenas como um m\u00e1rtir da Revolu\u00e7\u00e3o Francesa, mas tamb\u00e9m como um santo martirizado.<\/p>\n

O pintor modela os m\u00fasculos e os tend\u00f5es do corpo de Marat, dando-lhe um aspecto de real grandeza. S\u00e3o desprezados todos os detalhes desnecess\u00e1rios. O que conta \u00e9 a simplicidade. O caixote, a cabe\u00e7a e os bra\u00e7os de Marat s\u00e3o iluminados, enquanto as partes mais sangrentas situam-se nas sombras.<\/p>\n

Embora triste, a figura de Marat \u00e9 idealizada. N\u00e3o traz as manchas da pele e o sangue possui um tom menos forte. Tanto seu ferimento quanto seu sangue s\u00e3o pouco percept\u00edveis, diante da palidez de seu corpo. Traz na m\u00e3o direita a carta recebida, salvo-conduto da assassina, e na esquerda uma pena, ainda mantida de p\u00e9. \u00c0 esquerda da banheira est\u00e1 a faca suja de sangue, \u00fanico objeto a recordar o ato insano.<\/p>\n

Em primeiro plano, v\u00ea-se sobre o caixote uma carta, com dinheiro sobre ela, uma pena e um tinteiro.\u00a0 Como a pena ainda se encontrava na m\u00e3o direita de Marat, pressup\u00f5e-se que ele havia acabado de escrev\u00ea-la para uma vi\u00fava de um soldado, enviando-lhe dinheiro, o que mostra a atitude caridosa do revolucion\u00e1rio.<\/p>\n

A banheira, coberta com um len\u00e7ol branco, chama a aten\u00e7\u00e3o do observador, que n\u00e3o compreende porque ele estaria ali, onde deveria haver apenas \u00e1gua. O fato \u00e9 que Marat cobria a superf\u00edcie de sua banheira com len\u00e7ol, pois, se seu corpo entrasse em contato com o revestimento de cobre, sua pele se irritaria.<\/p>\n

A carta de apresenta\u00e7\u00e3o de Charlotte na m\u00e3o de Marat diz: “Basta minha grande infelicidade para me dar direito \u00e0 sua bondade”<\/em>, estrat\u00e9gia usada para ter acesso at\u00e9 o revolucion\u00e1rio Marat, na sua luta contra a monarquia francesa.<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica<\/span>
\nAno: 1793
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 165 x 128 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Mus\u00e9e Royal des Beaux-Arts de Bruxelas, B\u00e9lgica<\/p>\n

Fontes de Pesquisa<\/span>
\nOs pintores mais influentes do mundo\/ Girassol
\nA hist\u00f3ria da arte\/ E.H. Gombrich
\n1000 obras-primas da arte europeia\/ Editora K\u00f6nemann
\nGrandes Pinturas\/ Publifolha<\/p>\n

Views: 17<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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