{"id":14321,"date":"2014-08-29T13:47:18","date_gmt":"2014-08-29T16:47:18","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=14321"},"modified":"2022-08-10T18:00:13","modified_gmt":"2022-08-10T21:00:13","slug":"pintores-brasileiros-tarsila-do-amaral","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/pintores-brasileiros-tarsila-do-amaral\/","title":{"rendered":"Pintores Brasileiros – TARSILA DO AMARAL"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/b>
\n<\/strong><\/p>\n

\"Tarsila\"<\/a><\/p>\n

Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora de minha terra. […] Se alguma coisa eu tenho de bom na minha arte \u00e9 a sua brasilidade espont\u00e2nea de 1924 para c\u00e1. (Tarsila do Amaral)<\/strong><\/em><\/p>\n

Se nas obras da fase pau-brasil s\u00e3o as coisas da cidade e do homem que imperam, nas da antropofagia quem manda \u00e9 a mata, a floresta, o mundo da \u00e1gua, da planta e dos seres misteriosos. (Roberto Pontual)<\/em><\/strong><\/p>\n

As fases pau-brasil e antropof\u00e1gica de Tarsila s\u00e3o, sem sombra de d\u00favida, os pontos culminantes de sua carreira como pintora e as respons\u00e1veis pela sua inscri\u00e7\u00e3o na hist\u00f3ria da arte no Brasil. (Aracy Amaral)<\/strong><\/em><\/p>\n

Na decora\u00e7\u00e3o interior das igrejas (das cidades hist\u00f3ricas de Minas Gerais), no mobili\u00e1rio, nas imagens de santos, a pintora redescobre as cores que adorava em crian\u00e7a: azul pur\u00edssimo, rosa viol\u00e1ceio, amarelo vivo, verde cantante. Utilizando essas cores, inicia a primeira fase de sua pintura, chamada “pau-brasil.”. (Ol\u00edvio Tavares de Ara\u00fajo)<\/em><\/strong><\/p>\n

A pintora brasileira Tarsila do Amaral<\/em> (1886 – 1973) nasceu numa fazenda no interior do estado de S\u00e3o Paulo, no seio de uma fam\u00edlia rica. Seus pais eram grandes cafeicultores, propriet\u00e1rios de in\u00fameras propriedades. Tarsila passou sua inf\u00e2ncia junto aos pais, seis irm\u00e3os, tios e primos, entre uma fazenda e outra. A futura pintora convivia com dois mundos sociais diferentes: aquele proporcionado pela posi\u00e7\u00e3o privilegiada de sua fam\u00edlia e o outro ocupado pelos trabalhadores humildes das fazendas de caf\u00e9.<\/p>\n

Como a Fran\u00e7a fosse uma refer\u00eancia de status para os endinheirados \u00e0 \u00e9poca,\u00a0 a cultura francesa esteve presente na inf\u00e2ncia da futura pintora, desde as aulas de franc\u00eas \u00e0s melodias tocadas no piano pela m\u00e3e. Seus primeiros anos de escola foram passados na capital paulista, na casa de seu av\u00f4 paterno. A seguir, ela foi estudar como interna, juntamente com sua irm\u00e3 Cec\u00edlia, num renomado col\u00e9gio cat\u00f3lico em Barcelona, na Espanha, onde descobriu sua voca\u00e7\u00e3o para a pintura, ao copiar uma imagem do Cora\u00e7\u00e3o de Jesus, tendo recebido est\u00edmulos para que prosseguisse nesse campo. Antes de retornar ao Brasil, sua m\u00e3e levou-a a Paris, cidade que n\u00e3o correspondeu a seus sonhos. De volta \u00e0 vida nas fazendas da fam\u00edlia, acabou se casando, aos 18 anos, com seu primo materno, o m\u00e9dico Andr\u00e9 Teixeira Pinto, um conservador que frustrava o crescimento art\u00edstico da esposa. Da uni\u00e3o nasceu sua \u00fanica filha, Dulce. Mas diante das diferen\u00e7as de interesses culturais, Tarsila<\/em> e Andr\u00e9 acabaram se separando e o casamento anulado.<\/p>\n

Em S\u00e3o Paulo, Tarsila<\/em> come\u00e7ou a estudar modelagem e escultura. Depois estudou desenho e pintura com Pedro Alexandrino, \u00e9poca em que ficou conhecendo a pintora Anita Malfatti. Antes de prosseguir seus estudos em Paris, estudou com George Elpons, para ampliar seus conhecimentos em pintura. Em Paris, ela estudou pintura, acompanhou os acontecimentos art\u00edsticos da \u00e9poca, levando uma vida culturalmente rica, inclusive, teve a sua tela Retrato de Mulher<\/em> exposta no Sal\u00e3o Oficial dos Artistas Franceses.<\/p>\n

Dois anos depois, a pintora retornou ao Brasil, quatro meses depois de ter acontecido a Semana de Arte Moderna. Atrav\u00e9s de Anita Malfatti ficou conhecendo Menotti Del Picchia, que a apresentou aos modernistas. E com o acr\u00e9scimo de M\u00e1rio de Andrade e Oswald de Andrade foi formado o famoso Grupo dos Cinco, vindo Tarsila<\/em> a manter um namoro secreto com o \u00faltimo, para n\u00e3o interferir na anula\u00e7\u00e3o de seu casamento. Mais tarde, retornou a Paris, montando ali um atelier. Ela era tida como uma mulher rica e muito elegante e, junto com Oswald, frequentou e recebeu artistas e intelectuais, sem se esquecer das tradi\u00e7\u00f5es, cores e temas de seu pa\u00eds.<\/p>\n

Ao voltar ao Brasil, cerca de tr\u00eas anos depois, Tarsila<\/em> viajou com um grupo de modernistas brasileiros e com o poeta franco-su\u00ed\u00e7o Blaise Cendrars, para conhecer o Carnaval do Rio de Janeiro e as cidades hist\u00f3ricas de Minas Gerais, onde conheceu a escultura de Aleijadinho e a arquitetura barroca, numa “redescoberta do Brasil”. Da\u00ed nasceu a sua Fase Pau-Brasil<\/em>, voltada para as cores e temas tropicais brasileiros, destacando a fauna e a flora maravilhosas de nosso pa\u00eds, assim como as m\u00e1quinas e os trilhos, simbolizando a modernidade urbana. Sobre isso assim se expressa Ol\u00edvio Tavares de Ara\u00fajo, em sua obra “A Grande Dama”: “Na decora\u00e7\u00e3o interior das igrejas (das cidades hist\u00f3ricas de Minas Gerais), no mobili\u00e1rio, nas imagens de santos, a pintora redescobre as cores que adorava em crian\u00e7a: azul pur\u00edssimo, rosa viol\u00e1ceio, amarelo vivo, verde cantante.”. <\/em>Nessa fase \u00e9 vis\u00edvel a import\u00e2ncia do pintor cubista Fernand L\u00e9ger. Depois, ela retornou \u00e0 Fran\u00e7a, onde realizou uma exposi\u00e7\u00e3o de suas obras.<\/p>\n

O casamento de Tarsila<\/em> e Oswald foi um grande acontecimento na capital paulista. Mas n\u00e3o duraria muito, pois o escritor viria a se envolver com a famosa revolucion\u00e1ria Pagu (Patr\u00edcia Galv\u00e3o), desfazendo sua uni\u00e3o com a pintora e a deixando muito sofrida, \u00e9poca em que tamb\u00e9m perdeu a fazendo onde nasceu. Mas n\u00e3o demorou muito para que a artista vivesse um novo relacionamento, dessa vez com o psiquiatra paraibano Os\u00f3rio C\u00e9sar, com quem viajou pela Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica, ap\u00f3s a venda de alguns quadros, visitando v\u00e1rios lugares. Voltou imbu\u00edda do esp\u00edrito do trabalho oper\u00e1rio. Chegou a ser presa por participar de reuni\u00f5es de esquerda e por ter ido a um pa\u00eds socialista. Depois de se separar de Os\u00f3rio, em meados dos anos 30, ela passou a viver com o escritor Luiz Martins, vinte anos mais novo do que ela, com quem veio a se casar.<\/p>\n

Tarsila do Amaral<\/em> participou da primeira fase do movimento modernista brasileiro, ao lado de sua amiga Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu<\/em> (1928) um dos mais famosos da pintura brasileira, foi respons\u00e1vel por inspirar o Movimento Antropof\u00e1gico, idealizado por seu ent\u00e3o marido, Oswald de Andrade. Esse movimento rezava que as influ\u00eancias estrangeiras deveriam ser recebidas, mas digeridas, de modo a dar \u00e0 arte brasileira uma fei\u00e7\u00e3o pr\u00f3pria. Nesta fase predominam a mata, a floresta, o mundo da \u00e1gua, da planta e dos seres misteriosos. A figura do Abaporu<\/em>, tido como canibal, simbolizava o movimento.<\/p>\n

Em 1965, Tarsila<\/em> e Lu\u00eds acabaram se separando. Ela passou a viver sozinha. Com problemas s\u00e9rios de coluna, submeteu-se a uma cirurgia, mas um erro m\u00e9dico deixou-a paral\u00edtica at\u00e9 os seus \u00faltimos dias de vida. Um ano depois, perdeu a sua filha Dulce, vitimada pela diabetes e, posteriormente a neta, afogada. A pintora aproximou-se ent\u00e3o do espiritismo, doando \u00e0 institui\u00e7\u00e3o administrada por Chico Xavier, seu grande amigo, parte da venda de seus quadros. A pintora faleceu em S\u00e3o Paulo, aos 87 anos de idade, v\u00edtima de depress\u00e3o.<\/p>\n

Fontes de pesquisa:<\/span>
\nTarsila do Amaral\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nBrazilian Art VII
\nhttp:\/\/www.escritoriodearte.com\/artista\/tarsila-do-amaral\/<\/p>\n

Nota:<\/span> Autorretrato (Manteau Rouge)\/ 1923<\/p>\n

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