<\/a><\/p>\nOs idealizadores do C\u00f3digo de Manu<\/em> julgavam que a coa\u00e7\u00e3o e o castigo eram essenciais para se evitar o caos produzido na sociedade, advindo da decad\u00eancia moral humana. Havia nele uma estreita correla\u00e7\u00e3o entre o direito e os dispositivos sacerdotais, os problemas de culto e as conveni\u00eancias de castas. Trocando em mi\u00fados, a aplica\u00e7\u00e3o do direito dizia respeito \u00e0 casta do sujeito e \u00e0 sua condi\u00e7\u00e3o social. E, como n\u00e3o poderia deixar de ser, a mulher encontrava-se em extrema desvantagem, numa condi\u00e7\u00e3o de completa passividade e submiss\u00e3o dentro de tal c\u00f3digo, sendo tratada como objeto a ser manobrado e julgado pelo homem.<\/p>\nVejamos como as mulheres eram vistas naqueles tempos, observando os artigos do C\u00f3digo de Manu<\/em>:<\/p>\n\u2022 As mulheres devem ser vigiadas dia e noite por seus protetores. Mesmo quando elas s\u00e3o inclinadas para os prazeres tidos como inocentes e leg\u00edtimos, devem se submeter \u00e0queles de quem s\u00e3o dependentes.
\n\u2022 Uma mulher n\u00e3o possui vontade pr\u00f3pria. Na inf\u00e2ncia encontra-se sob a guarda do pai; na juventude est\u00e1 sob a guarda do marido e na velhice encontra-se sob a guarda dos filhos (homens).
\n\u2022 Um pai deve dar a sua filha em casamento no tempo certo; um marido deve se aproximar de sua mulher na esta\u00e7\u00e3o favor\u00e1vel e, ap\u00f3s a morte do pai, o filho deve zelar pela m\u00e3e. Se assim n\u00e3o agirem, ser\u00e3o repreens\u00edveis.
\n\u2022 Os protetores devem livrar as mulheres de suas m\u00e1s inclina\u00e7\u00f5es, ainda que essas sejam fracas, pois, se elas n\u00e3o forem vigiadas, far\u00e3o a desgra\u00e7a de suas fam\u00edlias.
\n\u2022 Os maridos, por mais fracos que sejam, devem zelar pelo comportamento de suas mulheres, pois essa \u00e9 uma lei suprema para todas as classes.
\n\u2022 Ao fecundar sua mulher no cio, o marido nela renasce sob a forma de um feto.
\n\u2022 O marido deve guardar sua mulher com muito cuidado, para preservar a pureza de sua linhagem, pois ela pare um filho com as mesmas qualidades de quem o gerou.
\n\u2022 Os meios violentos n\u00e3o conseguem manter a mulher no dever, mas os meios abaixo, sim:
\n\u2022 Ela deve ser responsabilizada pelo marido: a purificar os objetos e o corpo, fazer a receita de rendas e despesas, preparar os alimentos, conservar os utens\u00edlios do lar e cumprir o seu papel de mulher.
\n\u2022 Mesmo que guardada em sua casa por homens fieis e decididos, a mulher n\u00e3o se encontra em seguran\u00e7a, pois somente aquela que guarda a si mesma, pela pr\u00f3pria vontade, est\u00e1 em seguran\u00e7a.
\n\u2022 Seis a\u00e7\u00f5es desonrosas para uma mulher casada: beber licores embriagantes, separar-se de seu esposo, conviver com m\u00e1s companhias, andar de um lado para outro, dormir em horas indevidas e ficar em casa de outra mulher.
\n\u2022 Pois mulheres assim n\u00e3o examinam a beleza, n\u00e3o observam a idade, e, mesmo que seu amante seja belo ou feio, ele \u00e9 um homem e elas o gozam.
\n\u2022 As mulheres possuem paix\u00e3o pelos homens, humor inconstante e falta de afei\u00e7\u00e3o, portanto, devem ser guardadas com severa vigil\u00e2ncia, para que n\u00e3o sejam infi\u00e9is a seus esposos.
\n\u2022 Manu deu \u00e0s mulheres o amor de seu leito, de sua casa, o apetite sexual, a c\u00f3lera, as m\u00e1s inclina\u00e7\u00f5es, o desejo de fazer mal e a perversidade.
\n\u2022 As mulheres s\u00e3o privadas do conhecimento das leis e das ora\u00e7\u00f5es de expia\u00e7\u00e3o, assim, as mulheres culpadas s\u00e3o a pr\u00f3pria falsidade.
\n\u2022 A mulher adquire as qualidades do homem a quem se uniu por um casamento leg\u00edtimo.
\n\u2022 Os deveres da mulher s\u00e3o: parir filhos, cri\u00e1-los e cuidar todos os dias de sua casa.
\n\u2022 A mulher que n\u00e3o trai seu marido e que possui o corpo, pensamentos e palavras puros, quando morrer, habitar\u00e1 a mesma morada de seu esposo.
\n\u2022 Mas se ela tiver uma conduta repreens\u00edvel em rela\u00e7\u00e3o a seu esposo, sendo exposta \u00e0 inf\u00e2mia, ap\u00f3s sua morte, ela renascer\u00e1 no ventre de um chacal, sendo afligida com doen\u00e7as como a consump\u00e7\u00e3o pulmonar e a elefant\u00edase.
\n\u2022 Segundo a lei, a mulher \u00e9 o campo (a terra) e o homem a semente. Da coopera\u00e7\u00e3o entre os dois nascem todos os seres animados.
\n\u2022 A terra \u00e9 chamada a m\u00e3e primitiva dos seres; mas a semente, ao germinar, n\u00e3o desenvolve nenhuma das propriedades da m\u00e3e.
\n\u2022 O poder procriador do macho \u00e9 superior ao poder feminino, pois a progenitura \u00e9 distinta pelos sinais do poder masculino.
\n\u2022 Segundo a lei, uma mulher n\u00e3o pode ser liberada da autoridade de seu marido nem por venda, nem por abandono.
\n\u2022 Uma jovem s\u00f3 pode ser dada em casamento uma vez apenas.
\n\u2022 Se o esposo de uma jovem falecer ap\u00f3s o casamento, o irm\u00e3o dele dever\u00e1 tom\u00e1-la por mulher, aproximando-se dela na esta\u00e7\u00e3o favor\u00e1vel, at\u00e9 que ela conceba um filho.
\n\u2022 Um homem pode renegar sua mulher, mesmo depois de casados, se ela tiver sinais funestos ou mol\u00e9stias, ou seja polu\u00edda, ou que foi tomada como esposa por meio de fraude.
\n\u2022 Se um pai d\u00e1 uma filha em casamento e n\u00e3o alerta o esposo quanto a qualquer defeito que ela tenha, o marido poder\u00e1 anular seu casamento.
\n\u2022 Se o noivo vem a falecer, a jovem deve se casar com seu irm\u00e3o, se ela concordar com isso.
\n\u2022 Se o esposo, partiu para cumprir um dever fervoroso, a mulher deve esperar oito anos por ele; se foi por motivo de ci\u00eancia ou gl\u00f3ria, ela dever\u00e1 esperar seis anos; se foi por seu prazer, dever\u00e1 esperar apenas tr\u00eas anos, indo depois procur\u00e1-lo.
\n\u2022 Um homem s\u00f3 deve aguentar a avers\u00e3o de uma mulher durante um ano, depois desse prazo, se ela continuar a odi\u00e1-lo, dever\u00e1 tomar tudo que ela possui, dando-lhe apenas o necess\u00e1rio para subsistir e se vestir, e n\u00e3o mais habitar\u00e1 com ela.
\n\u2022 Mas se ela tem avers\u00e3o por um marido insensato, culpado por grandes crimes, eunuco ou impotente, ou doente de elefant\u00edase ou de consump\u00e7\u00e3o pulmonar, n\u00e3o ser\u00e1 abandonada ou privada de seus bens.
\n\u2022 Uma mulher de maus costumes e mau g\u00eanio, e atacada de mol\u00e9stia incur\u00e1vel como a lepra, deve ser trocada por outra.
\n\u2022 Se a mulher for est\u00e9ril, ela dever\u00e1 ser trocada no oitavo ano; se seus filhos morreram, no d\u00e9cimo ano; se s\u00f3 pare filhas, no d\u00e9cimo primeiro ano; se fala com azedume, deve ser trocada imediatamente.
\n\u2022 A mulher substitu\u00edda legalmente, que sai da casa do marido com raiva, deve ser detida e repudiada na presen\u00e7a da fam\u00edlia reunida.
\n\u2022 Mesmo que a filha ainda n\u00e3o tenha chegado \u00e0 idade de oito anos, quando deve se casar, o pai dever\u00e1 d\u00e1-la em casamento a um homem distinto e de exterior agrad\u00e1vel, e de sua mesma classe.
\n\u2022 \u00c9 prefer\u00edvel uma jovem em idade de se casar, ficar na casa do pai at\u00e9 sua morte, do que ser dada a um homem de m\u00e1s qualidades.
\n\u2022 Um homem de 30 anos deve se casar com uma jovem de 12; um de 24, uma de oito.
\n\u2022 As mulheres foram criadas para dar \u00e0 luz filhos e os homens para ger\u00e1-los.<\/p>\n
Fonte de pesquisa<\/span>
\nC\u00f3digo de Manu\/ Editora Edipro<\/p>\nNota:<\/span> Maternidade<\/em>, obra de Di Cavalcante<\/p>\nViews: 31<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Os idealizadores do C\u00f3digo de Manu julgavam que a coa\u00e7\u00e3o e o castigo eram essenciais para se evitar o caos produzido na sociedade, advindo da decad\u00eancia moral humana. Havia nele uma estreita correla\u00e7\u00e3o entre o direito e os dispositivos sacerdotais, os problemas de culto e as conveni\u00eancias de castas. Trocando […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14913"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=14913"}],"version-history":[{"count":11,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14913\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46580,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14913\/revisions\/46580"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=14913"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=14913"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=14913"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}