Interior de Pobres II<\/em>, obra do artista Laser Segall, mostra uma nova fase de sua pintura, a come\u00e7ar pelo uso de tons mais suaves. Nesta tela, os tons ocre, cinza e marrom s\u00e3o os mais usados pelo pintor. E, ao contr\u00e1rio de outros trabalhos seus, aqui se v\u00ea o uso da perspectiva, que traz ao observador a impress\u00e3o de profundidade. Os quatro personagens possuem espa\u00e7os delimitados, ou seja, Segal preocupou-se com a organiza\u00e7\u00e3o espacial, dando a cada um deles um espa\u00e7o pr\u00f3prio.<\/p>\nAo olhar o quadro, a sensa\u00e7\u00e3o que o observador possui \u00e9 a de que os personagens est\u00e3o representando, como se fossem atores, no palco de um teatro, pois todos est\u00e3o virados para a frente, com exce\u00e7\u00e3o do morto. Encontram-se numa posi\u00e7\u00e3o diferenciada, como se estivessem de frente para uma plateia. A arruma\u00e7\u00e3o dos objetos e o ch\u00e3o de madeira tamb\u00e9m refor\u00e7am a ideia de um teatro.<\/p>\n
Na parte inferior da composi\u00e7\u00e3o, em primeiro plano, encontra-se um homem de chap\u00e9u, diante de uma pequena mesa. Sobre ela \u00e9 poss\u00edvel identificar uma x\u00edcara dentro de um pires, acompanhada de uma colherzinha. As vestes da figura possuem tons mais fortes que as dos demais. Seu rosto \u00e9 muito expressivo, seus olhos s\u00e3o grandes e vesgos. Sua testa vincada pelas rugas remetem ao sofrimento e \u00e0 preocupa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
No centro da tela, h\u00e1 uma segunda mesinha, coberta com uma toalha transparente. Sobre ela se v\u00ea um vaso de planta e um prato. A pequena mesa tamb\u00e9m se mostra di\u00e1fana, sondo poss\u00edvel ver o ch\u00e3o atrav\u00e9s dela. \u00c0 sua esquerda, sentada numa banqueta de madeira, est\u00e1 uma mulher mag\u00e9rrima, cujos olhos s\u00e3o d\u00edspares e tristes. Ela traz a boca min\u00fascula fechada, como se nada tivesse a falar, e o alaranjado em volta de seus olhos denota doen\u00e7a, fraqueza. Seus seios ca\u00eddos podem ser visualizados atrav\u00e9s do vestido. E, enquanto uma de suas m\u00e3os toca o bra\u00e7o esquerdo, a outra est\u00e1 depositada entre suas pernas. Ela est\u00e1 descal\u00e7a com os p\u00e9s apoiados no ch\u00e3o de madeira. Outro personagem encontra-se \u00e0 direita da mesinha central, tamb\u00e9m assentado num banco de madeira. \u00c9 o mais jovem do grupo. Traz os bra\u00e7os jogados no colo, numa express\u00e3o de conformismo. Seus olhos s\u00e3o apagados e tristes.<\/p>\n
Ao fundo, pr\u00f3xima \u00e0 parede, um homem jaz numa cama. Seu rosto p\u00e1lido, com a boca aberta, est\u00e1 virado para cima. Uma m\u00e3o descansa sobre seu corpo, enquanto a outra se encontra sobre a mesa, embora pare\u00e7a haver uma dist\u00e2ncia acentuada entre a cama e a mesa. Tamb\u00e9m h\u00e1 a impress\u00e3o de que \u00e9 a transpar\u00eancia da mesa que permite ver a m\u00e3o do homem deitado. A sensa\u00e7\u00e3o repassada ao observador \u00e9 a de que ele se encontra muito doente. Contudo, fugindo \u00e0 regra, os tr\u00eas personagens est\u00e3o de costas para ele, como se nada mais pudessem fazer, a n\u00e3o ser esperar o seu \u00faltimo suspiro.<\/p>\n
Na parede, situada de frente para o observador, est\u00e1 exposto um quadro abstrato. Ou seria uma janela?<\/p>\n
Ficha t\u00e9cnica<\/span>
\nAno: 1921
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 140 x 173 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Acervo do Museu de Laser Segall, S\u00e3o Paulo\/SP, Brasil<\/p>\nFonte de pesquisa<\/span>
\nLasar Segall; Cole\u00e7\u00e3o Folha<\/p>\nViews: 44<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho A composi\u00e7\u00e3o Interior de Pobres II, obra do artista Laser Segall, mostra uma nova fase de sua pintura, a come\u00e7ar pelo uso de tons mais suaves. Nesta tela, os tons ocre, cinza e marrom s\u00e3o os mais usados pelo pintor. E, ao contr\u00e1rio de outros trabalhos seus, aqui se v\u00ea […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[28],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/16056"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=16056"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/16056\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46485,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/16056\/revisions\/46485"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=16056"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=16056"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=16056"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}