{"id":1685,"date":"2014-07-24T19:16:01","date_gmt":"2014-07-24T22:16:01","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=1685"},"modified":"2022-08-08T19:05:06","modified_gmt":"2022-08-08T22:05:06","slug":"india-as-mulheres-na-cultura-indiana","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/india-as-mulheres-na-cultura-indiana\/","title":{"rendered":"\u00cdNDIA – AS MULHERES NA CULTURA INDIANA"},"content":{"rendered":"
Autoria de<\/strong>\u00a0Lu Dias Carvalho<\/b><\/strong><\/p>\n <\/p>\n N\u00e3o deve ser f\u00e1cil para uma mulher ocidental viver num pa\u00eds cheio de cren\u00e7as, supersti\u00e7\u00f5es e rituais, onde ela s\u00f3 pode pronunciar o nome do marido no dia do casamento e jamais poder\u00e1 chamar sua sogra pelo nome. \u00c9 exatamente isso o que acontece na \u00cdndia, al\u00e9m de outras coisas totalmente fora do comum para n\u00f3s ocidentais.<\/p>\n Uma mo\u00e7a (ou menina) n\u00e3o pode escolher seu pretendente, pois o compromisso da uni\u00e3o \u00e9 com a casta a que pertence e n\u00e3o com seus sentimentos. E, para proteg\u00ea-la contra a esperteza do cora\u00e7\u00e3o, nada melhor que lhe providenciar um casamento, o quanto mais jovem poss\u00edvel, como fazem os pais. Por isso, vemos tantas crian\u00e7as vi\u00favas, sofrendo o mart\u00edrio do afastamento social, porque o jovem marido morreu, ainda que n\u00e3o tenham vivido um dia juntos. Mesmo assim, elas s\u00e3o feitas vi\u00favas e desligadas da sociedade.<\/p>\n \u00a0A esposa vai morar na casa do marido, junto com os sogros e toda a fam\u00edlia, servindo aos caprichos da sogra. Deve deixar suas roupas usadas para tr\u00e1s, levando apenas as novas. Essa \u00e9 uma forma de n\u00e3o ficar apegada \u00e0 vida anterior e levar sorte para a nova. O mais engra\u00e7ado nessa supersti\u00e7\u00e3o \u00e9 que o marido n\u00e3o abre m\u00e3o de coisa alguma. A mulher precisa se livrar do apego, mas o homem jamais. A esposa ainda deve usar o mangala<\/i> (um colar que representa o compromisso de uni\u00e3o, fidelidade, lealdade e boa sorte), tamb\u00e9m \u00e9 um meio de mostrar que est\u00e1 casada. O mangala<\/i> deve corresponder \u00e0s nossas alian\u00e7as.<\/p>\n A situa\u00e7\u00e3o da vi\u00fava<\/i> \u00e9 uma aberra\u00e7\u00e3o, pois o C\u00f3digo de Manu<\/i> mais parece um instrumento de flagelo em sua vida. As leis embutidas em tal c\u00f3digo dizem que, para honrar a mem\u00f3ria do marido, uma vi\u00fava \u201cdecente\u201d e exemplo moral para toda a fam\u00edlia, jamais poder\u00e1 conhecer o suor de outro corpo. Tem que definhar sozinha, honrando a mem\u00f3ria do \u201cdign\u00edssimo\u201d, mesmo que esse tenha sido um carrasco em vida. Ela deve ser a personifica\u00e7\u00e3o do bom exemplo, que \u00e9 ser uma esposa ideal e devotada.<\/p>\n Mais terr\u00edvel era a pr\u00e1tica do Sati<\/i> (Sutee), costume antigo que obrigava a vi\u00fava a ser queimada na pira, junto com o corpo do marido. Esse costume teve in\u00edcio durante as invas\u00f5es isl\u00e2micas, quando as vi\u00favas eram queimadas com o esposo, para n\u00e3o servirem ao invasor. Mas, depois, tal absurdeza passou a ser normal na vida da mulher hindu. Mesmo que a Constitui\u00e7\u00e3o indiana nada reze sobre a proibi\u00e7\u00e3o de uma vi\u00fava casar-se de novo, o costume continua. A pr\u00e1tica do Sati<\/i> foi rigorosamente proibida, mas algumas mulheres, principalmente nas aldeias, ainda fogem da lei e a praticam.<\/p>\n Segundo certos historiadores, a pr\u00e1tica do Sati<\/i> pode ter surgido de uma das causas:<\/p>\n Grande parte das vi\u00favas, ainda nos dias de hoje, perde o seu prest\u00edgio dentro da sociedade hindu, passando por toda sorte de dificuldades. Ou elas ficam na casa da sogra como trastes velhos ou na \u201ccasa das vi\u00favas\u201d, vivendo do que mendigam \u00e0s margens do Rio Ganges. Devem usar o s\u00e1ri de cor branca, cuja cor s\u00f3 \u00e9 notada, quando a vi\u00fava goza de uma boa posi\u00e7\u00e3o (normalmente nas classes altas) junto \u00e0 fam\u00edlia, pois as esmolambadas vi\u00favas do Ganges parecem vestir a cor cinza, de t\u00e3o encardidas que s\u00e3o suas vestes.<\/p>\n Na \u00cdndia existem bem mais meninos do que meninas, fato raro em quase todo o mundo. E a resposta est\u00e1 no fetoc\u00eddio <\/b><\/i>(retirada ou expuls\u00e3o do feto, por livre vontade), apesar de proibido por lei (j\u00e1 sabemos que as leis na \u00cdndia s\u00e3o t\u00e3o obedecidas, quanto as que vigoram no tr\u00e2nsito do pa\u00eds). O fetoc\u00eddio<\/i> agravou-se com a utiliza\u00e7\u00e3o do exame de ultrassonografia<\/i> nas mulheres gr\u00e1vidas, pois ficam conhecendo o sexo do beb\u00ea com anteced\u00eancia. Sendo menina, os pais pedem a sua retirada aos m\u00e9dicos, como se tratasse de um cancro. Mesmo nas classes mais altas, a vis\u00e3o \u00e9 a mesma. As fam\u00edlias continuam prestigiando o nascimento do sexo masculino, sendo uma tristeza para a linhagem,\u00a0 ganhar s\u00f3 meninas.<\/p>\n O fato \u00e9 t\u00e3o grave, a ponto de o governo do pa\u00eds j\u00e1 se preocupar com tal despropor\u00e7\u00e3o entre os sexos. E, como medida radical, o exame s\u00f3 pode ser feito em mulheres que tragam risco na gravidez. Mesmo assim, muitos m\u00e9dicos praticam o aborto seletivo<\/i>, infringindo a lei. Nas camadas que n\u00e3o podem pagar um obstetra, a crian\u00e7a (menina), na maioria das vezes, \u00e9 jogada no Rio Ganges logo ap\u00f3s o nascimento. O mais triste \u00e9 saber que, em qualquer um dos casos, a decis\u00e3o \u00e9 tomada pelo marido, sem que a mulher possa participar, pois sua subservi\u00eancia a ele n\u00e3o permite contesta\u00e7\u00e3o. Quer queira ou n\u00e3o, ter\u00e1 que obedecer. A escassez de mulheres na popula\u00e7\u00e3o indiana j\u00e1 est\u00e1 levando ao compartilhamento de esposa. \u00c9 comum o irm\u00e3o mais velho compartilhar sua esposa com os mais novos e com os primos.<\/p>\n Ser recha\u00e7ada<\/i> significa que a mulher n\u00e3o ser\u00e1 aceita por nenhum pretendente, normalmente por problemas de ordem moral. Como as fam\u00edlias hindus n\u00e3o aprovam que os filhos fiquem solteiros, ficar encravada <\/b><\/i>\u00e9 uma triste sina. A v\u00edtima ser\u00e1 humilhada por todos os entes familiares. A presen\u00e7a de mulheres nos funerais de crema\u00e7\u00e3o \u00e9 impedida. A justificativa \u00e9 de que elas s\u00e3o muito fr\u00e1geis na demonstra\u00e7\u00e3o de seus sentimentos, fato que atrasa a reencarna\u00e7\u00e3o do falecido. Penso que elas choram muito\u00a0 mais por pensarem no destino de vi\u00favas que as aguarda.<\/p>\n Nota:<\/span> Imagem copiada de http:\/\/cinema-indiano-bollywood.blogspot.com.br<\/em><\/p>\n Views: 73<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Autoria de\u00a0Lu Dias Carvalho N\u00e3o deve ser f\u00e1cil para uma mulher ocidental viver num pa\u00eds cheio de cren\u00e7as, supersti\u00e7\u00f5es e rituais, onde ela s\u00f3 pode pronunciar o nome do marido no dia do casamento e jamais poder\u00e1 chamar sua sogra pelo nome. \u00c9 exatamente isso o que acontece na \u00cdndia, al\u00e9m de outras coisas totalmente […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1685"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1685"}],"version-history":[{"count":11,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1685\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46244,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1685\/revisions\/46244"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1685"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1685"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1685"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}\n
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