{"id":1692,"date":"2014-08-09T17:15:20","date_gmt":"2014-08-09T20:15:20","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=1692"},"modified":"2022-08-10T17:37:16","modified_gmt":"2022-08-10T20:37:16","slug":"india-as-viuvas-indianas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/india-as-viuvas-indianas\/","title":{"rendered":"\u00cdNDIA – AS VI\u00daVAS INDIANAS"},"content":{"rendered":"

Autoria de<\/strong> Lu Dias Carvalho<\/strong>
\n<\/b><\/p>\n

\"viuind\"<\/a><\/b><\/i><\/b><\/p>\n

Sem um homem ao seu lado, uma mulher n\u00e3o tem respeito na sociedade indiana. Isso \u00e9 parte da cultura patriarcal. (Militante de movimento em favor das vi\u00favas)<\/i><\/b><\/p>\n

Voc\u00eas dizem que \u00e9 seu costume incinerar as vi\u00favas. Pois muito bem. N\u00f3s tamb\u00e9m temos um costume: quando homens queimam uma mulher viva, passamos uma corda em volta do pesco\u00e7o deles e os enforcamos. Construam sua pira funer\u00e1ria; pois ao lado dela meus carpinteiros construir\u00e3o um pat\u00edbulo. Voc\u00eas podem seguir seu costume. E n\u00f3s seguiremos o nosso. ( Charles Napier, comandante em chefe do Ex\u00e9rcito brit\u00e2nico na \u00cdndia, diante das queixas do povo sobre a aboli\u00e7\u00e3o do sati)<\/em><\/strong><\/p>\n

Ainda hoje, em muitas regi\u00f5es da \u00cdndia, a vi\u00fava carrega um fardo doloroso, pois al\u00e9m de ser vista como um peso para a fam\u00edlia, \u00e9 tamb\u00e9m olhada como sexualmente perigosa. A fam\u00edlia do marido morto usa de todas as artimanhas para tomar as propriedades deixadas por esse, sem assumir a responsabilidade de sustentar sua vi\u00fava, que, muitas vezes, \u00e9 queimada para que possam roubar seus dotes.<\/p>\n

Como \u00e9 rodeada por uma gama de preconceitos e supersti\u00e7\u00f5es, a vi\u00fava n\u00e3o consegue trabalho e acaba tendo que viver nas chamadas Casas de Vi\u00favas<\/i>, que nada mais s\u00e3o que velhos pr\u00e9dios despencando, onde s\u00e3o obrigadas a viver pelo resto da vida, uma vez que a absoluta maioria n\u00e3o \u00e9 aceita dentro da fam\u00edlia. Para se submeter \u00e0 \u201cpurifica\u00e7\u00e3o\u201d, a vi\u00fava precisa deixar qualquer tipo de contato com os prazeres da vida e viver em sofrimento. Dentre as regras que deve seguir, est\u00e3o:<\/p>\n

    \n
  1. dormir no ch\u00e3o;<\/li>\n
  2. repetir can\u00e7\u00f5es e ora\u00e7\u00f5es durante 6 horas di\u00e1rias;<\/li>\n
  3. n\u00e3o comer frituras (consideradas alimentos quentes que induzem ao sexo);<\/li>\n
  4. mendigar \u00e0 beira do rio Ganges (onde se calcula que existam milhares delas).<\/li>\n
  5. viver em completa pobreza; desempregada, sem acesso aos meios de produ\u00e7\u00e3o, sem educa\u00e7\u00e3o formal e sofrendo por supersti\u00e7\u00f5es, que ainda est\u00e3o bastante enraizadas, na cultura indiana.<\/li>\n<\/ol>\n

    Em raz\u00e3o das priva\u00e7\u00f5es a que est\u00e3o submetidas, a morte de mulheres vi\u00favas chega a ser 85% maior que a das mulheres casadas. E o mundo nem se d\u00e1 conta disso. Mesmo que um ato pol\u00edtico, em 1956, tenha estabelecido, que as vi\u00favas devem ser consideradas iguais a todas as mulheres, a tradi\u00e7\u00e3o continua falando mais alto.<\/p>\n

    Quando se torna vi\u00fava, a mulher tem as pulseiras quebradas, o cabelo raspado, desfaz de suas roupas e \u00e9 obrigada a usar um s\u00e1ri branco, para diferenci\u00e1-la das outras mulheres, uma vez que se tornou um p\u00e1ria (impura) e n\u00e3o pode ter contato com outras mulheres, que n\u00e3o sejam vi\u00favas como ela, e tampouco com crian\u00e7as.<\/p>\n

    Mesmo tendo que se sujeitar \u00e0s p\u00e9ssimas condi\u00e7\u00f5es das chamadas Casas de Vi\u00favas<\/i>, muitas preferem viver nelas, a ficar com a fam\u00edlia do ex-marido, pois, quando aceitas,\u00a0 s\u00e3o constantemente violentadas sexualmente, al\u00e9m de serem humilhadas e maltratadas fisicamente pelos membros da fam\u00edlia, tratadas como escravas.<\/p>\n

    As Casas de Vi\u00favas<\/i> tem sido um complicador para o governo indiano. Na verdade, n\u00e3o passam de empreendimentos mercen\u00e1rios, pois existem den\u00fancias de que, apesar das mulheres viverem em completa mis\u00e9ria, os administradores ganham muito dinheiro, pedindo ajuda financeira e vendendo os servi\u00e7os sexuais das jovens vi\u00favas.<\/p>\n

    Antigamente, quando o marido morria, a vi\u00fava era obrigada a cometer o sati<\/em>, ou seja, imolarem-se na mesma pira funer\u00e1ria do esposo. Isso ainda costuma existir em certos vilarejos indianos. Quando o governo ingl\u00eas aboliu tal pr\u00e1tica na \u00cdndia, ouviu muitas reclama\u00e7\u00f5es por parte dos homens. Leiam a resposta que Charles Napier, comandante-chefe do ex\u00e9rcito brit\u00e2nico na \u00cdndia deu aos reclamantes:<\/p>\n

    – Voc\u00eas dizem que \u00e9 costume incinerar vi\u00favas junto com seus maridos. Pois muito bem! N\u00f3s tamb\u00e9m temos um costume quando homens queimam uma mulher viva: passamos uma corda em volta ao pesco\u00e7o deles e os enforcamos. Construam sua pira funer\u00e1ria ao lado dela e meus carpinteiros construir\u00e3o um pat\u00edbulo. Voc\u00eas podem seguir seus costume. E n\u00f3s seguiremos o nosso.<\/em><\/p>\n

    N\u00e3o podemos estabelecer fronteiras para denunciar as mazelas da humanidade. As nossas preocupa\u00e7\u00f5es devem ter um cunho humanista, de modo que cada indiv\u00edduo seja visto apenas como um elemento da ra\u00e7a humana, com seus direitos e deveres. Digno do respeito de todos. Portanto, na luta pelo cumprimento dos direitos humanos, n\u00e3o podemos deixar de inserir as vi\u00favas indianas, v\u00edtimas do mais brutal preconceito.<\/p>\n

    Nota: <\/b><\/span>Imagem copiada de http:\/\/tudosuperinteressante.blogspot.com.br<\/i><\/p>\n

    Views: 51<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

    Autoria de Lu Dias Carvalho Sem um homem ao seu lado, uma mulher n\u00e3o tem respeito na sociedade indiana. Isso \u00e9 parte da cultura patriarcal. (Militante de movimento em favor das vi\u00favas) Voc\u00eas dizem que \u00e9 seu costume incinerar as vi\u00favas. Pois muito bem. N\u00f3s tamb\u00e9m temos um costume: quando homens queimam uma mulher viva, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1692"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1692"}],"version-history":[{"count":9,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1692\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46283,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1692\/revisions\/46283"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1692"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1692"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1692"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}