<\/a><\/i><\/b><\/p>\nO homem que nasce alto torna-se baixo pelas suas baixas associa\u00e7\u00f5es, mas o que nasce baixo n\u00e3o se torna alto, por meio de altas associa\u00e7\u00f5es. (C\u00f3digo de Manu)<\/i><\/b><\/p>\n
U<\/i>m br\u00e2mane ensina os Vedas. Um br\u00e2mane se sacrifica por outros e recebe deveres da alma. Comum a todas as castas \u00e9 a rever\u00eancia para com os deuses e br\u00e2manes. (Vishnusmriti, 2-1.17)<\/i><\/b><\/p>\n
Os br\u00e2manes sempre gozaram das del\u00edcias do poder que s\u00f3 foi um pouco enfraquecido, quando o budismo sacudiu a \u00cdndia. Mas esses sacerdotes, com a tenacidade que lhes \u00e9 peculiar, deram uma volta por cima e reconquistaram o dom\u00ednio, ainda na dinastia dos Guptas. A partir do s\u00e9culo II da nossa era, os registros j\u00e1 mostram grandes doa\u00e7\u00f5es, principalmente em terras, feitas \u00e0s castas dos br\u00e2manes. Segundo alguns historiadores, a maioria das escrituras era fraudulenta. E, como n\u00e3o podia deixar de ser, as terras dos br\u00e2manes eram isentas de taxas, mas s\u00f3 at\u00e9 a chegada dos ingleses.<\/p>\n
Os brit\u00e2nicos n\u00e3o levaram em conta o C\u00f3digo de Manu,<\/i> que advertia o rei de que \u201cnunca dever\u00e1 taxar um br\u00e2mane, mesmo quando todas as outras fontes de renda estejam esgotadas, pois um br\u00e2mane irado pode imediatamente destruir o rei e todo o seu ex\u00e9rcito, apenas com a recita\u00e7\u00e3o das maldi\u00e7\u00f5es dos textos m\u00edsticos.\u201d <\/i>Est\u00e1 a\u00ed o motivo de tanta riqueza e tanto ouro. Al\u00e9m disso, os espertinhos institu\u00edram que \u201co mais importante elemento em todos os sacrif\u00edcios aos deuses era a taxa paga ao sacerdote ministrante; e a mais alta demonstra\u00e7\u00e3o de piedade era uma gratifica\u00e7\u00e3o engrossando essa taxa\u201d. <\/i>Mas a mina do rei Midas n\u00e3o ficava apenas nisso para a casta bram\u00e2nica. Ela ia muito, mas muito al\u00e9m. Estava presente nos milagres e nas supersti\u00e7\u00f5es, pois o br\u00e2mane podia tudo e contava com a cren\u00e7a do povo:<\/p>\n\n- tornar fecunda uma mulher est\u00e9ril;<\/li>\n
- conduzir neg\u00f3cios por meio de or\u00e1culos;<\/li>\n
- levar os homens de loucura \u201csimulada\u201d a confessar ao povo, que estava assim, por castigo, por serem pouco generosos com os sacerdotes (br\u00e2manes);<\/li>\n
- tirar o mau aug\u00fario que levava \u00e0 doen\u00e7a, ao sonho desagrad\u00e1vel, ao mau neg\u00f3cio.<\/li>\n<\/ul>\n
O poder bram\u00e2nico, muito espertamente, era assentado no monop\u00f3lio do conhecimento. Cai muito bem para eles o prov\u00e9rbio de que \u201cem terra de cegos, quem tem um olho s\u00f3 \u00e9 rei\u201d. Os br\u00e2manes eram os reformadores e guardi\u00e3es de todas as tradi\u00e7\u00f5es hindu\u00edstas. E, polivalentes, eram educadores das crian\u00e7as, compositores, editores e tudo o mais.<\/p>\n
A lei bram\u00e2nica rezava que, se um sudra (a quarta casta em posi\u00e7\u00e3o) ouvisse a leitura das escrituras hindu\u00edstas, deveria receber, como castigo, chumbo em fus\u00e3o no ouvido. E se recitasse qualquer coisa dos livros divinos, tinha a l\u00edngua cortada. Se das escrituras guardasse qualquer coisa na mem\u00f3ria, era cortado em dois. O bramanismo era apenas para os iluminados. Tudo era feito para que as castas baixas n\u00e3o tivessem acesso ao conhecimento, pois esse lhes daria poder, questionamento e revolta. Ou seja, quanto mais inculto fosse o povo, maior seria o dom\u00ednio sobre ele.<\/p>\n
Um br\u00e2mane estava, por direito divino, sobreposto a todas as criaturas. Devia ser mantido atrav\u00e9s de doa\u00e7\u00f5es p\u00fablicas e privadas. E, que ningu\u00e9m tivesse a petul\u00e2ncia de dizer que era por \u201ccaridade\u201d, pois se tratava de uma obriga\u00e7\u00e3o \u201csagrada\u201d. A hospitalidade a um br\u00e2mane constitu\u00eda um alto dever religioso. E, se era mal recebido, retirava-se levando todo o m\u00e9rito das boas obras do hospedeiro. Todo o poder era mantido atrav\u00e9s da chantagem e do medo.<\/p>\n
Os br\u00e2manes Nambudri exerciam o \u201cjus primae noctis\u201d sobre todas as noivas de seu territ\u00f3rio, at\u00e9 tempos recentes. Ou seja, eles se ofereciam para curar a esterilidade das mulheres que passavam uma noite no templo em companhia deles.<\/p>\n
Se um br\u00e2mane cometia um crime, jamais podia ser morto. O rei exilava-o, mas sem lhe retirar a propriedade. Quem \u201ctentasse\u201d bater num br\u00e2mane ganhava o castigo de sofrer cem anos no inferno. E, se o desafortunado chegasse a bater, o castigo passava para mil anos. Os seguidores do hindu\u00edsmo acreditavam piamente em tais lorotas.<\/p>\n
Se um sudra abusasse da mulher de um br\u00e2mane, tinha a propriedade confiscada, e pior, ainda tinha os \u00f3rg\u00e3os sexuais cortados. O sudra que matava outro sudra obtinha o perd\u00e3o atrav\u00e9s da doa\u00e7\u00e3o de dez vacas aos br\u00e2manes, \u00e9 claro. E, se um\u00a0 sudra matava um vaicia (pertencente \u00e0 3\u00aa casta) tinha que dar cem vacas. Mas, se o sujeito matava um br\u00e2mane, estava ferrado e fulminado, porque somente o homic\u00eddio de um br\u00e2mane era considerado como tal.<\/p>\n
Deveres de um br\u00e2mane:<\/p>\n
\n- banhar todos os dias e tomar mais um banho, se o barbeiro pertencer a outra casta;<\/li>\n
- purificar com esterco de vaca o s\u00edtio onde vai dormir;<\/li>\n
- nas necessidades fisiol\u00f3gicas precisa seguir um ritual higi\u00eanico, usando, nesse sagrado rito, a m\u00e3o esquerda, ao lavar as partes pudendas com \u00e1gua.<\/li>\n<\/ul>\n
Se um estrangeiro usasse papel higi\u00eanico, a casa era considerada conspurcada. O br\u00e2mane usualmente lavava m\u00e3os, p\u00e9s e dentes antes da refei\u00e7\u00e3o. Comia com os dedos e s\u00f3 usava duas vezes os mesmos pratos e talheres. Ao terminar a refei\u00e7\u00e3o, lavava sete vezes a boca. A escova de dente (um fragmento de madeira) era sempre nova. Mascava folhas de b\u00e9tel (um tipo de planta indiana) para branquear os dentes. Usava o \u00f3pio espa\u00e7adamente, pois tinha que se abster do fumo e do \u00e1lcool.<\/p>\n
O fato de pertencerem \u00e0 casta mais alta tornou a posi\u00e7\u00e3o social dos br\u00e2manes especial, mas a intromiss\u00e3o desses em todos os assuntos do pa\u00eds vem provocando s\u00e9rias diverg\u00eancias na sociedade indiana. J\u00e1 na metade do s\u00e9culo XX, um grupo de racionalistas insurgiu-se contra o excesso de poderes de tal casta, considerando seus rituais totalmente desnecess\u00e1rios. O sucesso do movimento contribuiu para que algumas mudan\u00e7as acabassem se processando, principalmente nos estados indianos do sul. Na \u00cdndia hindu\u00edsta, nenhuma decis\u00e3o \u00e9 tomada sem primeiro consultar o sacerdote (pandit), que sempre aproveita dos casamentos e neg\u00f3cios para tirar mais dinheiro das fam\u00edlia.<\/p>\n
Nota:<\/span> personagem \u201cpandit\u201d (Jos\u00e9 Maia) da novela Caminhos das \u00cdndias<\/em>.<\/p>\nViews: 72<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho O homem que nasce alto torna-se baixo pelas suas baixas associa\u00e7\u00f5es, mas o que nasce baixo n\u00e3o se torna alto, por meio de altas associa\u00e7\u00f5es. (C\u00f3digo de Manu) Um br\u00e2mane ensina os Vedas. Um br\u00e2mane se sacrifica por outros e recebe deveres da alma. Comum a todas as castas \u00e9 […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1713"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1713"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1713\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46295,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1713\/revisions\/46295"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1713"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1713"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1713"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}