{"id":17186,"date":"2015-02-08T21:09:36","date_gmt":"2015-02-08T23:09:36","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=17186"},"modified":"2022-08-11T18:16:14","modified_gmt":"2022-08-11T21:16:14","slug":"el-greco-enterro-do-conde-de-orgaz","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/el-greco-enterro-do-conde-de-orgaz\/","title":{"rendered":"El Greco \u2013 ENTERRO DO CONDE DE ORGAZ"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/strong>
\n<\/b><\/p>\n

\"encodor\"<\/a><\/p>\n

A composi\u00e7\u00e3o Enterro do Conde de Orgaz<\/em> \u00e9 considerada a principal obra de El Greco em que ele, pela \u00faltima vez, p\u00f5e em cena todos os seus recursos pict\u00f3ricos, pois a partir da\u00ed passou a eliminar de seu trabalho tudo aquilo que considerava desnecess\u00e1rio. A obra \u00e9 tida como um marco da pintura maneirista, sendo de extrema originalidade. O pintor\u00a0\u2013 tido hoje como um um dos mais importantes pintores do Maneirismo europeu\u00a0\u2013 dividiu a composi\u00e7\u00e3o horizontalmente em duas partes: o corpo do conde sendo enterrado embaixo e sua alma chegando aos c\u00e9us, na parte de cima cima.<\/p>\n

Esta obra foi pintada 250 anos depois da morte do conde de Orgaz. Sua inspira\u00e7\u00e3o nasceu da lenda de que, ao ser sepultado, dois santos desceram do c\u00e9u\u00a0\u2013 Santo Agostinho e Santo Est\u00eav\u00e3o\u00a0\u2013 e tomaram seu corpo nos bra\u00e7os e o depuseram na t\u00famulo. Portanto, est\u00e3o representadas a morte a ressurrei\u00e7\u00e3o do conde.<\/p>\n

O conde Gonzalo Ruiz de Toledo era famoso como benfeitor de institui\u00e7\u00f5es religiosas, principalmente da igreja de Santo Est\u00eav\u00e3o e dos agostinianos de modo que, antes de morrer, deixou para a Igreja de S\u00e3o Tom\u00e9, onde queria ser sepultado, as rendas de sua vila. Este quadro foi encomendado pela referida igreja ao pintor El Greco em sua homenagem. A iconografia foi aceita pela Igreja que viu na obra do artista o ensinamento de que as boas obras, com a ajuda dos santos, conduzem \u00e0 salva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Na parte terrena, a tela apresenta uma enorme prociss\u00e3o liderada pelo sacerdote e pelos cl\u00e9rigos que est\u00e3o realizando o of\u00edcio do sepultamento do conde. Os dois personagens de amarelo, ricamente vestidos, representam Santo Agostinho e Santo Est\u00eav\u00e3o segurando o corpo do conde. O primeiro segura-lhe a cabe\u00e7a e o segundo os p\u00e9s, para post\u00e1-lo na sepultura, enquanto s\u00e3o observados por um grande n\u00famero de pessoas trajadas com as roupas s\u00f3brias da \u00e9poca. Tamb\u00e9m encontram-se presentes importantes figuras da cidade de Toledo, incluindo o pr\u00f3prio pintor (acima de Santo Est\u00eav\u00e3o, fitando o observador). Esta \u00e9, sem d\u00favida, uma das caracter\u00edsticas mais not\u00e1veis da composi\u00e7\u00e3o, ao usar os retratados para fazer o limite entre o c\u00e9u e a terra.<\/p>\n

O p\u00e1roco da igreja de S\u00e3o Tom\u00e9 \u00e9 o respons\u00e1vel pela oficializa\u00e7\u00e3o da cerim\u00f4nia f\u00fanebre. Ele se encontra na extrema direita da tela, de costas para o observador, com as m\u00e3os abertas, olhando para o c\u00e9u. Outro oficiante encontra-se a seu lado, de perfil, fazendo a leitura da B\u00edblia. Ao lado direito deste, um homem segura a cruz do cortejo, respons\u00e1vel por fazer a liga\u00e7\u00e3o entre a cena da terra com a do c\u00e9u.<\/p>\n

O pintor apresenta com pormenores a apar\u00eancia das pessoas e dos objetos, a exemplo da armadura do conde; a palidez do defunto; a meticulosa representa\u00e7\u00e3o dos paramentos eclesi\u00e1sticos e a transpar\u00eancia da veste branca, sobrepeliz, usada sobre a batina preta do sacerdote que oficia a cerim\u00f4nia f\u00fanebre e olha absorto para o c\u00e9u.<\/p>\n

O garotinho que aparece abaixo, \u00e0 esquerda da composi\u00e7\u00e3o, apontando para o conde e os dois santos com a m\u00e3o esquerda, e segurando na direita um c\u00edrio funer\u00e1rio, \u00e9 Jorge Manuel, o \u00fanico filho do pintor, quando tinha oito anos. No len\u00e7o que aparece no seu bolso est\u00e1 a data de seu nascimento. Ele e seu pai s\u00e3o as duas \u00fanicas figuras a olhar para o observador. Atr\u00e1s dele se\u00a0 encontra S\u00e3o Francisco. O gesto de apontar era usado na pintura sacra como indicativo de que uma li\u00e7\u00e3o estava sendo ensinada e, no caso, significa que “as boas a\u00e7\u00f5es s\u00e3o respons\u00e1veis para garantir a absolvi\u00e7\u00e3o e a salva\u00e7\u00e3o da alma”.<\/p>\n

Na parte superior, um c\u00e9u cheio de gl\u00f3ria paira sobre a cena. Um anjo com um manto amarelo no colo e cabelos dourados leva a alma do conde Ruiz ao julgamento, como se ela fosse o fantasma de uma crian\u00e7a. Mais acima, a Virgem Maria abaixa-se para receber a alma do conde, enquanto S\u00e3o Jo\u00e3o Batista, quase nu, intercede a Jesus Cristo pela alma do morto, cercado por anjos e santos. Atr\u00e1s da Virgem est\u00e1 S\u00e3o Pedro, com as chaves do Reino dos C\u00e9us, respons\u00e1vel por abri-lo para receber a alma do conde.<\/p>\n

A parte superior da tela que representa a cena celestial \u00e9 intensa, movimentada, vibrante e abstrata, ao contr\u00e1rio da inferior \u2013 que representa o mundo terreno \u2013 que \u00e9 solene e hirta. Embora aparentemente fr\u00e1geis, as nuvens sustentam in\u00fameras e pesadas criaturas. Al\u00e9m das figuras de Jesus e da Virgem, todo o c\u00e9u est\u00e1 tomado pelos ap\u00f3stolos, santos, anjos m\u00fasicos e querubins.<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica<\/span>
\nAno: 1586-1588
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 480 x 360 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Igreja de Santo Tom\u00e9, Toledo, Espanha<\/p>\n

Fontes de pesquisa<\/span>
\nEl Greco\/ Editora Girassol
\nRenascimento\/ Editora Taschen
\nPintura na Espanha\/ Jonathan Brown
\nArte em Detalhes\/ Publifolha<\/p>\n

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