<\/a><\/p>\nA favela de Dharavi<\/i> fica no centro financeiro de Mumbai, ex-Bombaim, a capital financeira da \u00cdndia, fazendo fronteira ao norte com o rico bairro de Bandra. \u00c9 chamada por alguns cientistas sociais de \u201ca maior favela da \u00c1sia<\/i>\u201d, sendo que outros a consideram como a maior favela do mundo. Na verdade, n\u00e3o \u00e9 nem uma coisa e nem outra, pois \u00e9 \u00a0na Cidade do M\u00e9xico que se situa, hoje, a maior favela do mundo. Enquanto a maior favela da \u00c1sia est\u00e1 em Karachi, distrito de Orangi.<\/p>\n
Dharavi<\/i> \u00e9 uma vis\u00e3o terr\u00edvel principalmente quando pensamos no futuro das grandes cidades indianas, que v\u00eam inchando mais e mais, \u00e0 medida que a popula\u00e7\u00e3o da zona rural opta por buscar os grandes centros. Processo esse que \u00e9 visto em todos os pa\u00edses que fazem parte do BRICS (Brasil, R\u00fassia, \u00cdndia, China e \u00c1frica do Sul).<\/p>\n
A \u00e1rea em que se encontra Dharavi<\/i> j\u00e1 foi um manguezal pantanoso, habitado por pescadores do povo koli<\/i>. Quando o p\u00e2ntano ficou invi\u00e1vel, em raz\u00e3o do excesso de detritos, os kolis <\/i>abandonaram-no. Para l\u00e1, acabaram convergindo pessoas das mais diversas etnias, vindas da zona rural, em busca de trabalho na cidade, quando essa era ainda relativamente pequena. Dentre as inumer\u00e1veis etnias, os mu\u00e7ulmanos comp\u00f5em 1\/3 da popula\u00e7\u00e3o local. Com o colapso das tecelagens, meninas dos olhos da \u00cdndia nos anos de 1970, o crescimento de Dharavi <\/i>explodiu. Sem os servi\u00e7os p\u00fablicos, a maioria dos moradores \u00e9 espoliada pela m\u00e1fia local, at\u00e9 mesmo para ter direito \u00e0 \u00e1gua e \u00e0 eletricidade controladas por capangas. Em Dharavi<\/i>, nada \u00e9 considerado sem uso. Tudo encontra uma fun\u00e7\u00e3o, por mais roto ou velho que possa parecer. Ali, tudo \u00e9 reciclado de uma forma ou de outra. \u00c9 para onde converge o lixo dos ricos.<\/p>\n
A cidade de Mumbai divide-se entre arranha c\u00e9us imponentes e car\u00edssimos e \u00e1reas pardacentas formadas pela favela. \u00c0 medida que a cidade vem crescendo, tentando se rivalizar com Xangai (China) como maior centro financeiro asi\u00e1tico, a situa\u00e7\u00e3o dos favelados tem se tornado cada vez mais dif\u00edcil, pois o local privilegiado, bem no cora\u00e7\u00e3o de Mumbai, vem sendo disputado por grandes empresas, no sentido de empurrar a favela para os confins da cidade. Planos mirabolantes s\u00e3o apresentados a cada dia, uma vez que pr\u00e9dios constru\u00eddos ali renderiam um grande lucro imobili\u00e1rio.<\/p>\n
Os moradores de Dharavi<\/i> encontram um desd\u00e9m, cada vez mais acirrado, principalmente por parte dos empres\u00e1rios, que argumentam que a favela \u00e9 respons\u00e1vel por sufocar a cidade, roubando seu lugar no s\u00e9culo XXI. Concluem os poderosos que \u00e9 preciso acabar com aquele dep\u00f3sito de lixo humano, onde ningu\u00e9m paga imposto. Acham que essa gigantesca massa de pobres deve viver na periferia, amontoadas em pr\u00e9dios populares. Numa an\u00e1lise mais criteriosa \u00e9 poss\u00edvel notar que Mumbai \u00e9 uma cidade habitada por um punhado de ricos e por uma imensid\u00e3o de pobres. S\u00f3 para se ter uma ideia do tamanho da miserabilidade do local, basta dizer que um sanit\u00e1rio atende a centenas de pessoas. O que mostra como a defeca\u00e7\u00e3o foi e continua sendo um problema a ser resolvido pela \u00cdndia. Possuir um banheiro pr\u00f3prio \u00e9 sonho para pouqu\u00edssimos.<\/p>\n
Os gurus, na maioria das vezes, s\u00e3o um empecilho \u00e0 sa\u00fade das popula\u00e7\u00f5es carentes. Eles fazem declara\u00e7\u00f5es absurdas, sem nenhuma responsabilidade, mesmo cientes do poder que exercem sobre aquela gente analfabeta e cheia de supersti\u00e7\u00f5es. S\u00f3 para se ter ideia da gravidade do comportamento deles, certa vez declararam que a \u00e1gua do ribeir\u00e3o Mahim (o f\u00e9tido banheiro p\u00fablico extra oficial da favela de Dharavi<\/i>), milagrosamente, tornara-se pot\u00e1vel. Todos poderiam voltar a consumir a \u00e1gua. No que foram prontamente atendidos pela maioria da popula\u00e7\u00e3o. Palavra de homem santo jamais \u00e9 contestada na \u00cdndia. O resultado n\u00e3o poderia ser outro: problemas intestinais em massa levaram muitos \u00e0 morte.<\/p>\n
Os moradores de Dharavi<\/i> tem consci\u00eancia de que h\u00e1 muita polui\u00e7\u00e3o, causada principalmente pelos fornos dos oleiros. Mas sabem que se sa\u00edrem dali, mudar\u00e3o simplesmente de uma favela horizontal, para uma vertical, conforme as ofertas recebidas, para morarem em min\u00fasculos apartamentos, ainda tendo que pagar v\u00e1rias taxas, dentre elas a de elevadores.<\/p>\n
A chuva para Dharavi<\/i> \u00e9 ao mesmo tempo b\u00ean\u00e7\u00e3o e maldi\u00e7\u00e3o. Embora refresque o ar, encha os baldes e bacias de \u00e1gua, assim como diminui o movimento das min\u00fasculas ruas quase que intransit\u00e1veis, tamb\u00e9m destr\u00f3i os fr\u00e1geis barracos, enchem o ch\u00e3o de lama e jogam nas vielas excrementos humanos e\u00a0 animais. Contudo, seus moradores continuam firmes no prop\u00f3sito de n\u00e3o deixarem o local, usando como arma o slogan<\/i>:<\/p>\n
\u201cDhavari \u00e9 nosso lar!<\/i>\u201d<\/p>\n
Nota:<\/span> Imagem copiada de http:\/\/trancendconsultingtalks.blogspot.com.br<\/a><\/i><\/p>\nFonte de pesquisa<\/span>:
\nNational Geographic\/ n\u00ba 86<\/p>\nViews: 18<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho A favela de Dharavi fica no centro financeiro de Mumbai, ex-Bombaim, a capital financeira da \u00cdndia, fazendo fronteira ao norte com o rico bairro de Bandra. \u00c9 chamada por alguns cientistas sociais de \u201ca maior favela da \u00c1sia\u201d, sendo que outros a consideram como a maior favela do mundo. Na […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"class_list":["post-1721","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-janelas-pro-mundo"],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1721","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1721"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1721\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46330,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1721\/revisions\/46330"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1721"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1721"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1721"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}