{"id":18015,"date":"2015-04-19T23:23:49","date_gmt":"2015-04-20T02:23:49","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=18015"},"modified":"2022-08-11T20:14:15","modified_gmt":"2022-08-11T23:14:15","slug":"pintores-brasileiros-anita-malfatti","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/pintores-brasileiros-anita-malfatti\/","title":{"rendered":"Pintores Brasileiros \u2013 ANITA MALFATTI"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\"ANIMALF\"<\/a><\/p>\n

Procurei todas as t\u00e9cnicas e voltei \u00e0 simplicidade, diretamente, n\u00e3o sou mais moderna ou antiga, mas escrevo e pinto o que me encanta. (Anita Malfatti)<\/em><\/strong><\/p>\n

Quando viram minhas telas todas, acharam-nas feias, dantescas e todos ficaram tristes, n\u00e3o eram os santinhos do col\u00e9gio. (Anita Malfatti)<\/em><\/strong><\/p>\n

Anita Malfatti \u00e9 um temperamento nervoso e uma intelectualidade apurada, a servi\u00e7o de seu s\u00e9culo. (Oswald de Andrade)<\/em><\/strong><\/p>\n

A futura pioneira da arte moderna no Brasil, Anita Catarina Malfatti<\/em> (1889-1964), que seria conhecida depois como Anita Malfatti<\/em>, nasceu na cidade de S\u00e3o Paulo. Era a segunda filha do engenheiro civil italiano, Samuel Malfatti, e da estadunidense Elizabeth Krug, descendente de irlandeses e alem\u00e3es, apelidada de Bety. Da capital paulista a fam\u00edlia Malfatti mudou-se para Campinas, no interior do mesmo Estado. E em 1892, j\u00e1 naturalizado, o pai de Anita<\/em> tornou-se deputado estadual e representante da col\u00f4nia italiana.<\/p>\n

Ainda beb\u00ea, a pequena Anita<\/em> foi levada \u00e0 It\u00e1lia para ser operada de uma s\u00e9ria atrofia cong\u00eanita que trazia no bra\u00e7o e na m\u00e3o direitos. E, nesse per\u00edodo, nasceu o Guilherme, seu irm\u00e3o mais novo. Dois anos depois, sem que a atrofia fosse totalmente reparada, a fam\u00edlia retornou ao Brasil, onde a menina passou a fazer tratamento de fisioterapia, pois, embora n\u00e3o sendo canhota, teria que trabalhar com a m\u00e3o esquerda. Dentre os exerc\u00edcios estava o desenho. Nesse mesmo per\u00edodo nasceu sua irm\u00e3 Georgina.<\/p>\n

Anita<\/em> come\u00e7ou estudando num col\u00e9gio de freiras cat\u00f3licas, mas com a morte do pai, quando ela estava com cerca de 10 anos de idade, sua fam\u00edlia teve que ir morar com os av\u00f3s maternos, passando ela a estudar num col\u00e9gio presbiteriano, hoje Mackenzie, onde finalizou seus estudos. Recebeu, portanto, uma d\u00faplice forma\u00e7\u00e3o religiosa, o que muito influiu em sua obra e vida. Passou a lecionar, mas tinha o pensamento sempre voltado para a pintura.<\/p>\n

Aos 21 anos de idade, Anita<\/em> conseguiu que sua tia e o tio George, irm\u00e3o de sua m\u00e3e, apoiassem-na financeiramente numa viagem \u00e0 Alemanha, para estudar, local para onde convergia toda a agita\u00e7\u00e3o do mundo art\u00edstico, com os mais diferentes movimentos de vanguarda. Foi nessa \u00e9poca que surgiram os artistas inconformados com as regras acad\u00eamicas dos Sal\u00f5es oficiais e seus padr\u00f5es est\u00e9ticos. A jovem brasileira foi aluna de v\u00e1rios professores, dentre eles estava Lovis Corinth, muito conhecido \u00e0 \u00e9poca. Mas com o pren\u00fancio da Segunda Guerra Mundial, ela retornou ao Brasil, quatro anos depois, realizando numa das salas do Mappin a sua primeira exposi\u00e7\u00e3o individual, sem nenhum tipo de \u00eaxito.<\/p>\n

Reconhecendo que a garota ainda n\u00e3o estava amadurecida suficientemente para a arte, sua fam\u00edlia enviou-a para estudar nos Estados Unidos, onde, em Nova York, passou a ter aulas com o professor Homer Boss, que dizia que “a arte \u00e9 pura filosofia”. Segundo alguns estudiosos, foi nesse pa\u00eds que Anita<\/em> criou suas mais not\u00e1veis obras, em raz\u00e3o da liberdade de estilo ali encontrada. Ao voltar a S\u00e3o Paulo, cerca de tr\u00eas anos depois, deixou sua fam\u00edlia insatisfeita com suas pinturas, acusando-as de “horrorosas”. Entretanto, os jornalistas Di Cavalcanti e Menotti del Picchia ficaram arrebatados com os trabalhos dela, enquanto outros como Monteiro Lobato, que a criticou, dizendo: “seduzida pelas teorias do que ela chama de arte moderna, penetrou nos dom\u00ednios de um Impressionismo discutibil\u00edssimo, e p\u00f4s o seu talento a servi\u00e7o duma nova esp\u00e9cie de caricatura… “.<\/p>\n

Alguns estudiosos acham que a cr\u00edtica de Monteiro Lobato teve influ\u00eancia na mudan\u00e7a de estilo de Anita<\/em>, que passou a se encaminhar para uma linha mais “nacionalista”, em sua pintura. Passou a estudar com o pintor Pedro Alexandrino, famoso por suas naturezas-mortas. E foi em seu ateli\u00ea que conheceu aquela que seria sua grande amiga \u2013 Tarsila do Amaral, \u00e9poca em que se aproximou do grupo respons\u00e1vel pela organiza\u00e7\u00e3o da Semana de Arte Moderna, em S\u00e3o Paulo, e que reencontrara M\u00e1rio de Andrade, que viria a se tornar seu grande amigo e, posteriormente, seu inimigo. A presen\u00e7a de Anita<\/em> na Semana de 1922 foi de grande import\u00e2ncia, chegando a ser incensada como a pioneira do modernismo no Brasil, como apregoava M\u00e1rio de Andrade.<\/p>\n

Anita<\/em> ganhou a bolsa de estudo do Pensionato Art\u00edstico do Estado de S\u00e3o Paulo, que a levou a Paris, onde participou de v\u00e1rias mostras coletivas e individuais. Contudo, o amigo M\u00e1rio de Andrade, ferrenho modernista, tornara-se insatisfeito com os rumos que sua pintura tomara. E, quando ela realizou uma mostra individual na cidade de S\u00e3o Paulo, apresentando suas obras pintadas na Europa, onde n\u00e3o mais imperava as convic\u00e7\u00f5es est\u00e9ticas do grupo modernista, foi o estopim para que acontecesse a cis\u00e3o. Ela caiu de certa forma no ostracismo, tendo que dar aulas, mas n\u00e3o abandonou a pintura. Seu quadro \u00c9poca de Coloniza\u00e7\u00e3o<\/em> n\u00e3o foi aceito no Sal\u00e3o Oficial de Belas-Artes do Rio de Janeiro, onde M\u00e1rio de Andrade era jurado. Ela atribuiu a inaceitabilidade de sua obra ao antigo amigo.<\/p>\n

Passeando por Minas Gerais, Anita<\/em> visitou Belo Horizonte e as cidades hist\u00f3ricas de Ouro Preto, Congonhas e Mariana, onde comp\u00f4s v\u00e1rias paisagens. Passava tamb\u00e9m temporadas em Itanh\u00e9m e Embu, em S\u00e3o Paulo. Exp\u00f4s em v\u00e1rios sal\u00f5es e na I Bienal Internacional de S\u00e3o Paulo e no I Sal\u00e3o Paulista de Arte Moderna. Com a morte da m\u00e3e, Anita<\/em> e sua irm\u00e3 Georgina ficaram vivendo numa ch\u00e1cara em Diadema e num apartamento na Barra Funda. Faleceu em S\u00e3o Paulo, aos 75 anos de idade.<\/p>\n

Fonte de pesquisa<\/span>
\nAnita Malfatti\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha<\/p>\n

Nota:<\/span> autorretrato da pintora<\/p>\n

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