<\/a><\/p>\nEmbora saibamos muito pouco sobre os hijras<\/em> aqui no Ocidente, a defini\u00e7\u00e3o encontrada \u00e9 de que n\u00e3o s\u00e3o homens e nem mulheres, mas, sim, um terceiro sexo. Dentre os v\u00e1rios \u00a0rituais pelos quais passam est\u00e1 a castra\u00e7\u00e3o. Muitos hijras<\/i> s\u00f3 se consideram “verdadeiros” ap\u00f3s tal cerim\u00f4nia, que \u00e9 um ritual proibido e protegido pelo grupo por um complexo c\u00f3digo de sil\u00eancio. Portanto, para se tornar um hijra<\/i> \u00e9 preciso remover o p\u00eanis e os test\u00edculos, para que se pare\u00e7a o m\u00e1ximo poss\u00edvel com uma mulher, mas sem a reconstru\u00e7\u00e3o da vagina, como acontece com os transexuais.<\/p>\nOs hijras<\/i> existem na \u00cdndia h\u00e1 s\u00e9culos e podem ser considerados tanto indiv\u00edduos pertencentes a uma casta quanto a um culto. Bahuchara<\/i> \u00e9 a deusa venerada por eles. Alguns deles s\u00e3o homens impotentes que, para fugirem da vergonha social por n\u00e3o procriarem, fun\u00e7\u00e3o exigida pela sociedade hindu, oferecem sua genit\u00e1lia a essa deusa. No hindu\u00edsmo existem deuses hermafroditas e at\u00e9 mesmo aqueles deuses que exigem dos seus seguidores a pr\u00e1tica de um comportamento sexualmente controvertido, como a deusa Bahuchara Mata,<\/i> que exige de seus sequazes (todos homens) o uso de roupas femininas, a castra\u00e7\u00e3o e o celibato.<\/p>\n
Os hijras<\/em> <\/b>moram em comunidades pequenas, principalmente no norte do pa\u00eds. Andam em pequenos grupos chefiados normalmente pelo mais velho. Usam vestimentas femininas e maquiagem excessiva, assim como nomes femininos. Eles s\u00e3o tidos como\u00a0transg\u00eaneros\u00a0e\u00a0interssexuais. Do ponto de vista da medicina ocidental, eles s\u00e3o considerados transexuais masculinos.\u00a0Nutrem desejo sexual por homens e n\u00e3o por mulheres. E s\u00e3o, ao mesmo tempo, temidos e cortejados com a sua presen\u00e7a em casamentos e nascimentos, aonde chegam sem precisar ser convidados, pois tanto podem levar b\u00ean\u00e7\u00e3os como azar, segundo a cren\u00e7a, dependendo do modo como sentem que foram recebidos.<\/p>\nOs hijras<\/em> chegam \u00e0s festas, onde ficam pouco tempo, sempre acompanhados de muita m\u00fasica.\u00a0 Dan\u00e7am e aben\u00e7oam as pessoas presentes no local. Em troca, exigem um pagamento em prendas ou dinheiro. Segundo a supersti\u00e7\u00e3o hindu, a praga de um hijra<\/em> \u00e9 muito potente e pode trazer infelicidade por muitos anos. Por isso, atitudes agressivas contra os castrados s\u00e3o consideradas de mau aug\u00fario pela maioria dos indianos que, supersticiosa, acredita piamente que a desviriliza\u00e7\u00e3o traz grandes poderes e que, quem atrapalhar o ritual dos protegidos da deusa Bahuchara <\/i>ser\u00e1 vitimado pelo azar. E ainda, se os pais do rec\u00e9m-nascido ou dos rec\u00e9m-casados n\u00e3o pagarem as b\u00ean\u00e7\u00e3os dos hijras<\/i>, pragas cair\u00e3o sobre os beb\u00eas ou casal. Atualmente, eles passaram a dan\u00e7ar em festas escolares e despedidas de solteiro.<\/p>\nSe voltarmos a um tempo n\u00e3o muito distante, encontraremos os eunucos, castrados ainda na inf\u00e2ncia e elevados \u00e0 categoria de respons\u00e1veis pelos har\u00e9ns. Eram escolhidos para tal tarefa, porque, imaginavam os pr\u00edncipes e sult\u00f5es, jamais poderiam seduzir uma de suas escolhidas.<\/p>\n
Segundo estudos, nem sempre a cultura indiana foi discriminat\u00f3ria em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s diferen\u00e7as sexuais. A pr\u00f3pria mitologia desse pa\u00eds est\u00e1 cheia de lendas sobre mudan\u00e7a de sexo:<\/p>\n
\n- deusas que se transformavam em homens;<\/li>\n
- deuses que se transformavam em mulheres;<\/li>\n
- deuses com atributos, ao mesmo tempo, femininos e masculinos, como a andr\u00f3gina Shiva.<\/li>\n<\/ul>\n
Os indianos, contudo, n\u00e3o possuem a mesma aceita\u00e7\u00e3o para com os homossexuais e l\u00e9sbicas. A impot\u00eancia masculina, analisada sob o prisma da procria\u00e7\u00e3o, \u00e9 mais vergonhosa para os hindus de que a homossexualidade. Tanto \u00e9 que muitos pais, ao perceberem tra\u00e7os de feminilidade nos filhos, ou alguma anomalia genital, entregam-nos para as casas de hirjas<\/em>, onde crescer\u00e3o e aprender\u00e3o a ser um deles, destino que acreditam estar reservado pelo karma aos efeminados.<\/p>\nUm dos mais importantes testes para a ades\u00e3o \u00e0 comunidade h<\/em>ijra<\/i> no s\u00e9culo passado era a prova de impot\u00eancia. Os hijras <\/b><\/i>em potencial eram postos para dormir ao lado de uma prostituta por um determinado n\u00famero de dias, para que fossem estudadas as suas rea\u00e7\u00f5es.<\/p>\nOs hijras<\/i> casam-se com homens preferencialmente e referem-se a eles como seus maridos. A prostitui\u00e7\u00e3o dos transg\u00eaneros<\/i> existe h\u00e1 muito tempo, mas n\u00e3o como atualmente. Antes, eles vendiam o sexo nos templos, com finalidade religiosa. Hoje, s\u00e3o incentivados por seus gurus hijras<\/i> a se prostitu\u00edrem, em fun\u00e7\u00e3o do dinheiro.<\/p>\n
O mais importante evento do calend\u00e1rio dos hijras<\/i> \u00e9 o Festival do Koovakan<\/i>, em que exercem livremente seu poder de express\u00e3o. O Koovakan <\/i>re\u00fane diferentes tipos de pessoas: hijras,<\/i> homossexuais, bissexuais, heterossexuais, travestis, casais com seus filhos, solteiros, namorados, etc.<\/p>\n
Apesar de toda a diversidade de pensamentos vistos no hindu\u00edsmo, o discurso e a pr\u00e1tica no pa\u00eds ainda s\u00e3o bastante contradit\u00f3rios, com muitos resqu\u00edcios da ocupa\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica. Mesmo assim, a religi\u00e3o hindu\u00edsta \u00e9 uma das mais condescendentes com o p\u00fablico LGBL.<\/p>\n
Nota:<\/span> Imagem copiada http:\/\/jessicademoniaca.blogspot.com.br<\/i><\/p>\nViews: 180<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Embora saibamos muito pouco sobre os hijras aqui no Ocidente, a defini\u00e7\u00e3o encontrada \u00e9 de que n\u00e3o s\u00e3o homens e nem mulheres, mas, sim, um terceiro sexo. Dentre os v\u00e1rios \u00a0rituais pelos quais passam est\u00e1 a castra\u00e7\u00e3o. Muitos hijras s\u00f3 se consideram “verdadeiros” ap\u00f3s tal cerim\u00f4nia, que \u00e9 um ritual […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1829"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1829"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1829\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46288,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1829\/revisions\/46288"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1829"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1829"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1829"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}